20 de junho de 2008

pausa de mim

bebi, ébrio a cor da noite e deixei adormecer o sonho, como quem morre dentro da alma e se transforma no marulhar dos búzios...

19 de junho de 2008

Des.raiz.ar

VOA!
( disseram-me!

Pediram-me?)
A palavra ficou esbatida entre os passos, a tentar encontrar sentido, como se fosse um botão de flor…
( um botão de flor , é quase flor, é uma flor que se esconde da cor…)
Ando confuso
(difuso?)
mergulhado neste labirinto de me ser muitos.
Encontrasse eu o ponto que me une na incoerência de existir e seria uma simples gaivota sedenta de mar e de azul
( branca de onda)…
Descobrisse eu o que se esconde na sombra e saberia qual de mim olhava o horizonte, qual de mim voava para lá do ocaso
( ao acaso?
sem madrugada?)
Porque insisto em desenhar horizonte em forma de caravela?
( alada?)

18 de junho de 2008

sou ( qualquer coisa)

Queria ser poeta, andar por aí a esvoaçar-me e a beber o nada,
pousar em cada coisa e não lhe ser a palavra,
mas ir
vagabundo,
sentir de olhos fechados,
(como quem mente de olhos abertos...)
e acreditar que sou o que sou,
pedaço de nuvem,
estrela,
gaivota,
palhaço,
colibri,
bailarina,
cavalo selvagem,
imbondeiro,
aragem,
bolero,
índio,
poema,
feiticeiro,
arlequim,
pó do universo,
fantasia,
sol a nascer,

ou vento…

Que importa o que sou, se sou tal qual cada coisa que me extasia o Ver…

17 de junho de 2008

(des). explicações


Tentaram explicar-me o vento.

Para quê? Porquê? Que despropósito!
Eu, que não procuro a explicação da vida e que a concentro num único ponto, abandonado ao acaso, para que quero a explicação do vento?

Basta que me leve no sonho de não me descobrir , para que não me roubem a liberdade de me sentir gaivota!


voar nos azuis
Madrid
Maio 2008

16 de junho de 2008

(des).existir

Desenho-te , na harmonia de uma dança , como se fosses uma borboleta-de-sons,
Desenho-te, sem lápis, sem cor, no vazio de mim…
(Só assim existes, entre o olhar e o sentir, como folha de Outono a cair…)

15 de junho de 2008

duvidas

A paisagem que invento é tão diferente daquela que me entra nos olhos e no entanto ando entre uma e outra sem saber em qual delas a cor é autentica.

11 de junho de 2008

no desenho de uma rosa

Desenhei uma Rosa, como quem respira ventos do mar
( que sentes tu quando os respiras?
Eu?
Eu sonho…
É sentir , o sonho? )

Parecia uma pomba-de-picasso,
Mas a minha,
dançava e ria,
dançava e ria
(até fugir do papel em mil acrobacias…),

desenhei uma Rosa,
quase nuvem,
quase céu,
que voava
(quase gaivota)

e ria,
ria…
Desenhei-a de uma só vez numa só linha…linda!

9 de junho de 2008

ecos?

Que solidão é esta que me entretêm a ouvir.te, a ti que te escondes em mim? que me leva a passear.te de mão dada na praia e ouvir os ecos dos teus sorrisos, em névoas de horizontes?

Que solidão é esta que me impele a agarrar a noite e pintá.la com as cores que me segredas aos olhos, cores que nunca vi?

Que solidão é esta de me ter esquecido de mim?

Ah, como eu gostava que os espíritos da memória me sussurrassem tudo o que eu sou, tintim por tintim…

(Se eu fosse futuro queria tanto ser Raízes!!!!)

8 de junho de 2008

oiço.te

Antes de terminar o amanhecer, Oiço.te, deixo.te falar, da mesma forma que consinto que a minha sombra me siga, alheia ao meu olhar.
A sombra não sente e tu és indiferente ao destino, Sei que me olhas desconfiado, Sei que não me acreditas, simplesmente porque tu és a ilusão-do-vento-que-se-recusa-a-sonhar…sei que sou apenas o que resta da sombra e que a sombra é o que sobra do sentir , A cor, essa tenho.a guardada no Ver e alimenta.me a esperança de ser mais
(autentico?)
do que me vejo no sonho.
Oiço.te antes que a manhã se desvaneça no mar para não me enganar nos futuros…

6 de junho de 2008

não resisti

des.encontros

De vez em vez espreitas-me
( interrogas-me?)
como se fosse eu a criança, mas escusas de te rir assim
(que nem mil-meninos-a-brincar-à-cabra-cega),
Escusas de correr atrás de mim, como sombra-colorida-do-saltimbanco-arlequim, Eu estou aqui e tu aí, nada de confusões, não me impinjas o tempo que não vivi, não te coles a mim, Podes ficar aí, a olhar-me que não me assustas, podes mesmo ficar aí para sempre a assobiar que nem um pastor-de-primaveras, eu vou agarrar num seixo redondo e fazê-lo saltar no rio como se soprasse a saudade de Ver o reflexo dos teus olhos, Vou por aí sem vontade de voltar, a rir, a rir de mim, não das brincadeiras que perdi, não dos sorrisos que escondi, Agora tudo é meu, Podes ficar aí, Sim podes adormecer ou lançar o pião, sonhar ou sujares-te todo no chão, podes até montares o cavalo de madeira e ires também Tu por aí, leva tudo, tudo, mas não me empurres assim!

4 de junho de 2008

no retomar dos passos

Retomo o Tempo, como quem olha sem fuga o instante.

O instante ( momento em que o presente devora o futuro) é uma “partícula-do-tempo” que é simultânea em qualquer ponto do Universo…
Dois instantes consecutivos de tempo é que diferem, ao ponto de se tornarem únicos…


Imagina-te um ponto!

Um ponto é sempre centro, e nele ( rodando) consegues Ver tudo! Mas sempre que rodas só alcanças um instante de cada vez…
Se saíres do centro, consegues Ver todos os instantes, num só! De uma só Vez!
No entanto, levaste o ponto contigo ( perdeste o Centro!)…

É nessa deslocação de pontos, de instantes e de acasos que constróis o teu caminho…

in "apontamentos para um manual da serenidade" ou como devemos estar sempre disponiveis para nos diluirmos na harmonia de sermos em simultaneo, infinitamente grandes e pequenos, sem nunca perdermos o UM que nos une os instantes...




( rodar = circular = viver)