9 de abril de 2010

Carlos (simplesmente porque hoje me chamaste)

Escrevo.te, sem vírgulas nem pontos, escrevo.te sem o som do silêncio em gritos-sussurro para não assustar os pássaros.
Digo.te coisas do nada, porque o vazio corre em danças endiabradas na noite da estrada, mas nestes soluços de cor que nascem do ver, digo.te que fugi do labirinto que tolda o horizonte. Soprei-o de entre as árvores, para de lá das nuvens e deixei que os azuis-sorriso se diluíssem um a um no meu corpo.
Não sou mais estilhaço-de-sombra, tão pouco homem-criança, sou o que o existir me respira, silhueta dos acasos, mas sou, pedaço de alma, pedaço de cor que navega sem vento, carregado de querer, enfunado de ir… por isso te escrevo, escrevo o teu silêncio e a tua ausência, como se o outrora nos invadisse o presente.
Sinto.te aí, apesar de todos se terem ido embora. Tu estás aí de sorriso desassossegado de sombras, a aguardar acasos. Eu continuo aqui, a falar.te dos nossos silêncios, confiante nesta tua presença que me aquece, e me acredita destinos…
Um abraço