28 de julho de 2016

deslembranças




Não me lembrar do tempo,___________, tem esta vantagem, __________, manter os “olhos” per-ma-nen-te-men-te maravilhados, com a descoberta do espaço,
onde, 
os passos, são todos novos,
a luz é toda minha
e as cores são inventadas dia-a-dia.

nota: um dia vou dedicar-me à analise psicológica das palavras que se soltam e se esvoaçam dos meus sentires, não vá darem-me por louco, inapto para a vida ou outras cousas piores sejam elas inventarem sentires que não sinto , ou desenhos que não se me imaginaram no redor das letras ou no coração dos olhos.
assim passo a explicar o escrito, hoje, só hoje porque o vagar é pouco:
 
Não me lembrar do tempo, tem presumivelmente a ver com o meu estado sensorial de desmemoriado efectivo ( muito provavelmente por efeitos de uma queimadura cerebral de um paludismo ranhoso que se me colou em menino, ou efeitos de uma cabeça-de-alfinete que perdura andarilha entre vasos que me alimentam o pensar e o ver). Dou por mim a espremer-me ( como quem defeca) à procura da minha infância, à procura dos meus sorrisos, das minhas lágrimas e nada, só ecos das vozes de quem me acompanhou os passos, mas sei eu que cada um vê os passos de cada qual de forma vária, cada um desenha conforme sabe e muitos sabem pouco , ou deram-se ares de surrealistas, o que para o caso de quem procura o modelo para perante ele poder fazer o seu próprio desenho é uma tragédia de silencio e de vazios que não se encaixam . 
Por isso , 
ou talvez por isso, 
cada amanhã é uma descoberta infantil que me maravilha o ver. Tal como uma criança que põe todas as cores de uma flor nas linhas que a desenha ( mestre almada), também eu ponho todos os sentires nos passos com que desenho o eu, almofadado na ingenuidade da descoberta de cada dia.

22 de julho de 2016

amanhecere(s)


Sento-me,
qual gaivota-sentinela que pousa no varandim da onda, a assistir ao pintar da noite pelo amanhecer, __________, lentamente , em aguarelas-de-luz.

Sento-me ( sinto? __________ desenho?).

Olho o evaporar das sombras, o grafitar das calçadas, a dançar nas paredes das ruas, reflexo de um voar pelo coração das pedras, como se os amanheceres fossem ondas a lavar ( levar?) os silêncios nocturnos.

Finalmente,
voo,

( des)pouso do varandim. 

Vou na luz da cidade, abraçado à alegria-do-sorriso das-manhãs-que-me-desenham-os-futuros.
As manhãs , a esculpir a cidade, rua-a-rua, são o alento que me impele para a serenidade que se funde no ver.


21 de julho de 2016

cansado do hoje



Estou cansado do hoje, ___________,cansado do que me coube, 
do que me impele os passos, __________,cansado do reverso de mim, 

dos estilhaços que me disformam as sombras, __________, que me percorrem a pele do eu,___________,

(O eu,
O EU),

ecos de  mim,
sem memórias!

do eu, embebido de vazios ( ébrio das negritudes nocturnas)!

Estou cansado , deste comando que anda,
que me manda,
que me evita,
que me controla,
que me parte
Que me esmaga,___________,os silêncios.

Estou cansado do hoje,
das sombras que me habitam, __________, que me desabitam.

Estou cansado do hoje,
do vazio-de-não-ser-o-meu-grito,
das imagens que não pinto,
das palavras que não escrevo,
que me choram, __________,  que me chovem,
como quem canta tempestades
(des)minhas.
Estou casado do hoje e dos passos que não dou,
estou cansado do hoje  e dos passos que dou,
estou casado do hoje , do estar aqui,__________, vazio!
Estou cansado
de mim.

nota: reflexos de um hoje dominado pela desmemória de me ser!

10 de julho de 2016

gavetas


Tenho em cada uma das minhas gavetas, __________, um pirilampo!

cada pirilampo, 
de cada uma das minhas gavetas, 
é um guardião de escuros,
sendo que,
cada um dos escuros, __________, é uma palavra sem som, 
uma palavra abraçada a negritudes…abafada em gritos...


é nas palavras sufocadas em silêncios ( escuros) , que eu guardo as minhas sombras!