13 de maio de 2004

a aventura de um cágado

Não era vez nenhuma.
Não o era,
porque não só uma,
mas muitase porque não história.
Era assunto sério, que se conta com gravidade, austero e olhos de criança. Não tem fadas, nem fábula, mesmo que contada por animais.
Vez era, portanto,
que cágado pachorrento, todos os dias-noite-lua, se espreguiçava e descia a rua, (Não havia necessidade nenhuma de rima. Deixa-te de fragilidades emocionais e conta lá a tua história, que somos todos olhos, mas pouco Tempo), (Logo vi que ia ter problemas. Qual é o mal de pôr uma rua, descida por um cágado, que só rima por mero acaso. Ele descia a rua e ponto final, pelo menos no que diz respeito à rima, que isto não é verso nem história). Não ia beber-se de água, que essa tinha de perto, ia olhar a luz que de noite se escondia dos candeeiros e os transformava em reflexos, já que ela, a própria tinha luz emprestada (convém recordar os distraídos, que o cenário é de noite-lua). Naqueles dias-noite em que ele se emprestava ao sentir, era para, em sossego olhar a sua flor. Ela crescia junto à calçada entre pedras unas, nua. Também ela se espreguiçava em cor, em noites sem nuvem. Ali ficavam os dois, cágado-feio-enrugado e flor-sem-nome de amarelos-lua, toda a noite a olhar-se, a amar-se em silêncios, com ternura.
(Mas a história? Conta lá a história!)
Não é história coisa nenhuma, disse já que é coisa séria, é só ternura, e essa não cabe em história, nem em coisa nenhuma, é AVENTURA!

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