12 de setembro de 2021

fronteira(s)

o branco e o negro fascinam-me, são fronteira da cor, e elas ( cores), entre o  horizonte-da-sombra, dançam irrequietas e loucas, na imaginação do desenho, que se transmuta em "palavras-fantasma e na "ilusão-do-poeta".

É entre o branco e o negro que preciste o meu universo, onde cada estrela é o reflexo do infinito, e o meu olhar, simples polén-de-estrelas"

Jazziguezaguear

Ouvir o som do trompete, num jazziguezaguear longo e suave é como ouvir o pingar das palavras num lago de montanha, onde só ouvimos o eu a silenciar-nos o ego de tão ínfimos sermos na infinidade de existirmos inteiros.

11 de setembro de 2021

fotografia

 Chapéus de sol , toureados (bandarilhados?) na praia, de palha seca,

o horizonte-mar irrequieto, ondulado de carneiros, brancos alva, como casulos de neve, semeados nas encostas da serra, a refletir arco-íris húmidos,

eu,

a fingir-me nuvem serrana, à procura de ventos,

eu,

a ler lobo antunes ( antónio) , atónito, a invejar a poesia que lhe chora das palavras,

eu, 

a saborear a tarde que morre, à espera do amanhã que só vem depois da noite, sem horizonte,

à noite não há horizontes para sonhar, o sonho está escondido na sombra da fantasia, a fingir passados de memórias intermitentes.

O meu sonho é isto,

memórias intermitentes…

17 de julho de 2021

palavras

Papá, papá qual é a palavra mais difícil de aprender,  qual é a palavra mais difícil do mundo?

A palavra mais difícil  do mundo é “amo-te”!

Amo-te? Porquê papá? diz-me , diz-me, quero muito saber…

Porque, filhote, estamos sempre  a descobrir palavras novas que cabem inteiras na palavra “amo-te”…

8 de junho de 2021

res ( expirações)

a cidade respira pelos poros das pedras,

eu, 

pelos olhos da gaivota.

ambos,

esculpimos as ruas desertas de sombras,

entre mim e ela, há um azul imenso

imerso de futuros

4 de junho de 2021

visões

o que vejo é um fragmento que me abraça inteiro,

sem ciências nem matemáticas

(des)futuros

não tenho futuros,

tenho um aqui,

um agora que sopra destinos...

o meu tempo é o meu ar, o meu vento,

tudo o resto é um vazio que se esconde no grito do olhar...

1 de junho de 2021

longitudes

 lá longe estou eu e o mar,

a desenhar o horizonte,

quase gaivota a abraçar a sombra da lua,

lá longe estou eu e a cidade,

sepultado nos estilhaços da calçada, ao som do soluçar dos pombos,

( nas horas-perdidas-de ponta...)

30 de maio de 2021

silêncios

tenho um silêncio gaguejante no olhar que me cega o sentido dos passos,

quase uma ausência de mim (relógio sem ponteiros), em equilíbrio de fronteiras efémeras, 

como se me recontruísse no soluçar dos dias,

(num trovejar mudo do tempo).