31 de agosto de 2005

a pairar em planuras e mesmo assim, existir...

Estranho-me da ausência.
Irreconheço-me ao andar por aí sem mim.
Sem palavras,
sem desenho
nem cores.
Sou invólucro andante,
pedinte?
pedante?
Autómato de fuga,
de pausa,
de intervalo.
Suspendi-me no existir de mim.
O relógio parou...
Destemperado.
Durmo em gaveta,
baú fechado,
parado...

30 de agosto de 2005

ciúmes

hoje,
o mar revestiu-se de andorinhas e de pescadores de estrelas...
as gaivotas enciumadas,
ficaram a olhar futuros,
com todos os azuis a dançar emoções numa planura serena de brisas ...

29 de agosto de 2005

quando o horizonte se refugia bem perto de nós e nos abraça desconfortado por se transmutar em muro de cinza

O mar escondeu-se numa névoa de fogo,
densa,
escura,
de cinza...
de bruma
e o horizonte fugiu…
Acoitou-se na praia, desenhado em ondas brancas,
tímidas,
medrosas…

Só ao dormir-do-sol, caíram pós-de-pirilampo,
e o mar sorriu de cócegas…



O dia fica pequeno com o horizonte tão perto do olhar.
Há uma espécie de muro na existência, que paira perene, suspenso no (des)tempo de se ser Mar,
por inteiro…

1 de agosto de 2005

ir


"ir"
céus da Ria de Aveiro - Julho de 2005

Chegou o tempo de ir, em sentido qualquer mas ir...
Vou procurar sentires, cores, novas linhas de horizonte.
Vou entre o céu e a terra procurar equilíbrios e harmonia.
É tempo de ser em estado puro, sem filtros, sem horas, sem espaço.
Volto com data marcada em Setembro...