18 de dezembro de 2006

fragmentos

Fragmentos, de um vazio, de um nada, de uma ausência, de um desencontro…
É este o Natal que sinto. Menino ao longe. Perdido.
Ando a perder o Natal. Dia a dia, a esfumar-se na indiferença de já o não sentir.
Há tantos outros meninos a desnascer, que me perco na direcção dos olhos.
Calo-me no silêncio à procura dos fragmentos. Passos,,, de nuvem, ou de neve? Frios-de-sons.
Tenho tantas imagens no olhar que me dói o ver.
Cego,,, Sigo, no meu silêncio.
Oiço o sopro, o suspiro, a lágrima. Oiço a lágrima que ensurdece (arrefece?) a humanidade.
Aqui. Agora. Oiço cada um dos gritos, cada fragmento que morre sem a cor de um beijo, de um afecto. Fragmentos de meninos sem Natal.
O Natal desta nossa época fecha-se na família, (núcleo primordial da Humanidade).
Desenho lentamente no sentir, um outro Natal, em que o núcleo central seja a própria Humanidade, sem fragmentos, num único sorriso Universal a comemorar a Vida…

Vou estar ausente, no silêncio de mim, sem data de regresso, porque há silêncios (quase rios) que me sussurram ausências…



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o palhaço de D. Quixote andou a jogar futebol...coitado!!!!

13 de dezembro de 2006

distrações

Passou por mim, uma nuvem de gaivotas coloridas ( de azul
e
amarelo)...
Caídas do céu
a chamarem por mim
e
eu,
( junto de Ti,
a sorrir de mim),
sem entender que me diziam,
"Vem por aqui…"

Misturei-me ( discreto) na vida
( quase flor-ao-sol)
quente de mim,
e
ando por ali, ou além
a olhar o que não vi....

12 de dezembro de 2006

sem jeito

Não entendo esta minha cobardia de me equilibrar sem jeito, no limite da vida ( só para me ver, sem medo de mim…),
no entanto,
sou
(afinal)
um quadro inacabado, devidamente assinado, pintado de azul e sal…

11 de dezembro de 2006

fronteiras de mim

Pisei a morte
no longe,
sem farol
(num dia que era meu por inteiro,
sem meio),
Ela,
não me quis,
(agarrado à semente),
cuspiu-me
com o vento
e
sal,
entre abraços de gente
e
Sol…

( dedico estas e outras palavras escritas e sentidas, às equipas do INEM, dos Bombeiros, Policia Marítima da Figueira da Foz e sobretudo a uma senhora , de nome Irene, que de binóculos,( curiosa de azuis) me viu a espreitar a morte junto ao horizonte, no dia 9 de Dezembro em hora que não era ainda,,, a minha…)

8 de dezembro de 2006

aveiro


Oiço o vento,
nas cordas-do-Sol,
e
desenho-te em linhas
(de cor),
mar
e
sal,
passos que foram,
(brisas)
entre moliços
e
cal,
passos
lentos
(meus)
que a vida me deu ,
e
me leva,
sem adeus…
pontes entre mim
e
o nada,
gaivotas que ficam,
suspensas,
paradas…

7 de dezembro de 2006

a dimensão de um sentir

tudo o que digo, cabe numa página em branco,
mas
o sentir que se escreve no olhar,
esse,
não cabe em mim,
anda por aí,
transformado em colibri…

6 de dezembro de 2006

as minhas inquietudes

Perguntaram-me, "o que mais te inquieta?", respondi (convicto),” a imensurável capacidade da humanidade para a indiferença…”
Depois da resposta,
(expelida, assim numa torrente, num sopro instintivo),
fiquei apreensivo,,,desinquieto, com a facilidade com que surgiu a palavra “imensurável
e
de me ter colocado, inteiro, dentro da humanidade…

5 de dezembro de 2006

passos de vento

passeio os passos
que faço
e
enleio o que desfaço,
em nó
e
laço…
só o dia
não passa
(opaco)
nesta noite sem asa
que embaraça
quem, distraído
passa
de lá,
da vidraça…
passeio os passos
que desembaraço
num jardim
(cerrado)
de flores-baças,
sem vaso...
por fim,
(depois dos passos)
entro em mim
( fantasma sem espaço)

4 de dezembro de 2006

linhas ciganas

abri a mão,
espalmada,
(qual folha seca-de-verão)
retirei,
(com cuidado)
a linha que lhe diz vida
e
desenhei
(com ela inteira)
uma borboleta,
de duas asas
(dividida)…
uma, azul,
outra, incolor
( como quem afasta a dor, dos passos em que caminha)
tinha,
duas asas,,,qual não tem?
uma, mar,
outra, amor…,

(borboleta,
ou flor?
não sei,
era linha de vida
que tinha escondida,
na palma da minha mão…)

almaro, 4 de dezembro 2006

(Ouvi o choro da montanha
numa calmaria.que me impôs
uma espera
um
momento breve
de reverdejar.a.vida
impiedosa é a sombra
que devora.a.luz
que resta
nas colinas dum olhar
........
de mãos abertas
linhas traçando
caminhos
por.onde.as.lágrimas
da montanha.[es]correm
no sangue
sente-se.inverno
completa a.paisagem
a cor azul
do voo.daquela.borboleta
e
na palma da tua mão
depositou
o.coração.de.um.segredo

betty branco martins, 4 de dezembro 2006 )

1 de dezembro de 2006

a intimidade do caminho

Fiz um buraco na terra (à procura de raízes),
Com as mãos,,,castanhas
(terra e mão. Uma presente, outra futuro. Ambas,,,terra!)
In apontamentos para um manual da serenidade, ou como o futuro se transforma naturalmente na intimidade do nosso caminho, ou como caminhamos distraídos, mas sempre com o Um no olhar…



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O palhaço de D. quixote, continua a teorizar absurdos>

30 de novembro de 2006

sem cor

Pintei uma guitarra,
abraçada
a
uma
mulher…
O cabelo,,,longo,
é
mar
e
cordas de sol,

(quase jarra
em flor)


o fundo, do quadro,,,gaivotas
e
vento…

(a guitarra
e
a mulher,,,vibram em linha única, contínua de sons-de-aço…

Só me falta a cor!

…de que cor,
se pinta um abraço?)



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o palhaço de Dom Quixote, voltou a asneirar com teorias absurdas

29 de novembro de 2006

geometrias

O circulo é externo ao quadrado.
O quadrado só lhe toca em quatro pontos.
O circulo e o quadrado,,,têm um único ponto, que sendo de ambos, os vê do centro.
Gosto do circulo, mais que do quadrado.
Caminhando no circulo pertenço ao quadrado, e ( no entanto) estou fora dele, e sei que há um único ponto que está no olhar que lhes deu origem...

28 de novembro de 2006

amadeu


mergulhei no quadro,
esquecido da cor,,,apenas para o viver, no instante em que a linha e a cor eram mão de poeta...

[devia existir uma graduação de poetas
e
a mais nobre ser,,,pintor, porque ele,

( mão, olhar ou o que for),
DIZ,,, um poema sem qualquer palavra,,,as palavras surgem a quem o olha transformado em cor...]

sentido nos passos de uma visita à exposição
Dialogo de Vanguardas que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian

Quadro de Amadeu Sousa Cardoso / Casa de Manhufe

27 de novembro de 2006

(in)definições do abstracto

a poesia com rima
é
uma escultura, cinzelada com a paciência do escopro que a (des)enforma, a outra , a que se escreve livre,,,com o sentir e o instante,
é
pintura,,,mancha de cores, sem forma…

24 de novembro de 2006

porque não me largam,,,as perguntas?

(ah!),
escrever esta solidão que sinto,
é
labareda que se extingue,
caruma ardida,
desenho-nuvem,
pluma,
do que já fui,
(arvore?)
(perfume?)
(quimera?),
(ah!)
quem me dera,
ser gume
e
não
esta cousa informe
sem lume…
(folha,
caida
de hera?)...

21 de novembro de 2006

inquietudes do silêncio

rasgo céus de papel
seta-destino,
saltimbanco-manco-de-carrossel
(cavalo-ferido)
nas voltas
(perdidas)
de
um
pião
de
cordel...

rasgo-a-folha-de-céu,
amarrotada de tinta
negra
(colorida?)
véu
enrugado
de letras
sem pincel…

cerro as mãos
sem a força de querer ser
(criança?)
(oração?)

água que ferve
em mim
(nuvem-rio)
que tropeça
(no vento)
em
buliço
do não existir,
( inquieto de não me sentir…)

20 de novembro de 2006

horizonte-sintese,,,de mim

Escrevo,
na melancolia de um sonho,
(imagem-desenho)
luz-de-pedra
(feldspato e mica)…

Fecho-me de olhos,
como quem entra no Sol,
e
fica,
(esquecido da vida)…

Pinto o azul,
em pó-de-giz
(sopro de mim)
só!

( diz,
o que sou?)

Gaivota?
não, ela voa
e
eu,
aqui,
imóvel…

Horizonte?
não, ele equilibra-se no profundo-visível,
e
eu,
olhar-possível…

Sonho?
Ah,
sim, girasol-raiz
( incompleta
de mim)…
alma concreta,
pedra,
(feldspato e mica)
aquarela,
tinta,
nuvem,
em azuis carmim…

18 de novembro de 2006

a transmutação de uma perda, no vento que a abraça

Apetece-me parar. Não o tempo, nem os passos. Parar. Sentar-me na sombra e sentir o vento. Ouvir o vento. Só parado o oiço, na lentidão dos vazios. Quebrou-se em mim a magia da criança que andava por aí escondida, inquieta. Sem ela perdi o sentido e as cores da fantasia. Sinto a traição de mim a abraçar-me o olhar. Pedaços quebrados do que vivi no desencontro dos meus silêncios. O vento, transporta-me para o Universo, liberta-me do que não sou, transforma-me no que sou. Não sei quando volto. O importante, no hoje, no agora que me prende, é decidir. Sem lamentos nem angustias. Sei que aqui sentado junto ao vento, me movimento.
É esse movimento que me persegue, como se a vida mudasse de rumo sem eu ter dado conta, inebriado pela criança revolta de entusiasmos que me contemplava os passos. Tive vários desmomentos destes, na vida que me traçou o passado, próximos de um réptil que muda de pele.
Sou hoje, mais próximo de uma pedra, que parada sente o mundo sem o procurar descobrir…
Descobrir implica vontade, impõe uma disciplina de descodificação da vida, para a qual perdi a vontade de ir.
Cada passo que dei, esvaziou-me o sentir, pela intensidade de o viver. O corpo cansou-se e a memória perdeu-se no desencanto da cor.
Decidir parar, é um passo lúcido e irreverente.
Oiço a respiração do Universo, deste ponto em que cansado me sentei a dormir de sentires…
Há momentos em que sentimos uma necessidade vital de nos libertarmos de nós próprios, de um eu que nos prende o olhar, que nos desfocaliza o ego e, distraídos nos deixamos esvaziar do mundo.
Tenho sede de não me ser. Tenho fome de me libertar do meu eterno desassossego.
Estranho este dessentir, este imobilismo de me ser., mas aqui, sentado em pedra, fogo arrefecido, oiço o vento, na pele que se despinta de mim…
Hoje é um dia inteiro sem tempo…

17 de novembro de 2006

distracções

Choveu,
gotas translúcidas de Destino

(eu?)

Andei por aí,,,distraído,
afogado em Tempo,
não O olhei,
não O vi
(tão pouco,
O
senti…)
e
Ele ( Destino),
foi por aí,
em sarjetas, para o rio…
(ah!, tivesse eu sabido e não O tinha perdido,,,Bebia-O!

Choveu,
andei por aí,,,distraído,
preenchi-me ( por inteiro ) de vazio,
qual copo de água (cheio), translúcido, sem cor!
Fingi-me
( grão d’areia-de-Universo),
e
deixei-me
cair,
em mim,
(inteiro),
desabitado
de cor...

16 de novembro de 2006

na sombra do tempo

Olhei o dia,
de frente,
(…arde um fogo calmo,,,quente…)
em desafios irreais…

Agarrei-o,
no alto
e
preguei-o, para que ficasse, ali, de parede, pintado em memórias…
(como quem colhe uma flor, na ilusão de transformar,,,a jarra)…

Olhei-o, fixo, despregado de mim…

(De que vale ficar frio,,,assim?, descontínuo de passos, perdidos no Aqui?)


Por vezes, acordo assim, sem vontade de me passear no dia, permitindo que ele escoe, sem o olhar, sem lhe gravar passos.
Nestes dias, o tempo torna-se omnipresente com uma intensidade gigante, abraçando-nos numa angústia que nos paralisa os respirares.
Cair na tentação de não viver o dia, é mergulhar num abismo de silêncios.

Quando assim é resta-me vagabundar com a lentidão dos passos indecisos, para que o dia não pare dentro de mim e me atrase os futuros…

14 de novembro de 2006

in sangue

Trinei na guitarra
( Raiva!),
de me ser assim,
( silêncios),
sons,
(d’ aço)…

Só assim me oiço,
( voz!)…

Toquei,
(sangues),
Golpes,
nos dedos-da-alma
(ferida!)…

Grito,
que se liberta
(perdido!)…

13 de novembro de 2006

palavras d'outonos

Desenraizei palavras,
(ás folhas),
letras,,,trituradas,
(suicidas)
rasgadas,
caídas,
em gotas-de-tempo,
(dissecadas)
de sentidos…

Palavras,,,ditas
no escuro-do-som,,,(a assustar os silêncios).

10 de novembro de 2006

Referências,,, pontuais

Devemos ouvir os Mestres, apreender com intensidade as direcções do seu olhar, pois só com a insistência lhe captamos os sentidos,
e
é com ela (insistência) que ganhamos a capacidade de os contrariar
e
contrariando-os, evoluirmos, nós e eles…

In “ apontamentos para um manual da serenidade,
ou
como o acto de contrariar nos obriga a escolher outros pontos do olhar ( Ao deslocarmo-nos para nos fixarmos no novo ponto, caminhamos e caminhando evoluímos,nós porque olhamos de outro ângulo, eles porque olharam para nós com a curiosidade de saber…).

9 de novembro de 2006

prisões

Sentes necessidade de abrir uma janela, quando te escondes atrás de um muro, ou se dele quiseres fugir…


In” apontamentos para um manual da serenidade",
ou
como, por vezes uma janela, esconde a nossa prisão, mas não o nosso olhar,
ou
como, a janela é simultaneamente a nossa necessidade de prisão e de liberdade, porque quando te expões a uma liberdade intensa procuras o muro de um lar, e quando te deparas confinado a este, abres uma janela para veres o Mundo que te liberta o olhar...)

8 de novembro de 2006

(In)definições desajeitadas do olhar

O Outono, é uma espécie de primavera das folhas. Matizes quentes de dias frios que choram lágrimas de nuvens (escuras).

( é
a estação das árvores, com sombras coloridas, reflexos de estrelas que se colam ás folhas que viajam…)

o equinócio das árvores-que-caminham, rastejantes no chão, sopradas na cor do sol-que-se-deita…)
( é
o sentir,,,vagabundo, das raízes que assobiam sussurros de terra húmida…

( nota: não gosto de definições, porque não gosto de limites, gosto de imagens, porque as imagens mudam consoante o ângulo, a luz, e o instante do sentir. Tudo o que escrevo, é por isso, uma (in)definição. Talvez um desenho, que se “esquiça” enquanto o olhar se perde no sentir... )

7 de novembro de 2006

sombreados de chuva

O céu pintou-se de chuva,
(pesada?)
lágrimas-negras-por-chorar,
(sombras?)
compactas-de-chumbo,
(cansadas?)
a esconder horizontes-de-poetas
(lamentos?)
a voar com a lentidão dos ventos...

6 de novembro de 2006

Confuso que baste, por isso só deve ser lido por mim ( em voz baixa, e pausada, não vá baralhar-me!)

Ser,,,(ou ser-me no existir, no ver…) tonto (doido, é palavra forte, mas admite-se, apesar de não gostar da palavra, porque espelha doença e não me sinto), foi a forma ( formula?) que encontrei para olhar o Mundo.
Isto de saber o Mundo tem que Ser devagar ( com vagar,,,puxando o tempo para que tudo caiba,,,no olhar) ( só um tonto,,, lança corda ao tempo ( os outros, os não tontos , dão,,,corda) e o puxa e puxa, só para ter o prazer de ver TUDO!) ( doido?, Talvez seja a palavra certa,,,doente é que não, que doente fica sem forças e está visto que puxar é cousa d’outro Mundo)…
Ser,,,devagar,,,ou ir, não é perder o Mundo, ( é alcançar?), muito menos Ser,,,passado. Não! Ser,,,devagar,,,é olhar o Amanhã focado! Nítido! Como quem pula ( salta?) para o instante e o prende para o ver.
Ser,,,devagar,,,é olhar ( também) para trás e ver o passado a aproximar-se dos olhos, em vez de serem os olhos a irem ao encontro dele ( porque os passos, já foram no silêncio de irem,,,devagar,,,para diante ( resultado de saltarem por de cima do instante!)…

Ser,,,tonto ( ou Ser,,,devagar), foi a forma que encontrei de me unir ao UM, no instante exacto que somos ( em simultâneo ) Passado , Presente e Futuros ( que isso de futuro único é cousa que não se pode dizer ao destino, que é teimoso e sarcástico.Gosta da sua liberdade por inteiro, e de baralhar tudo de uma só vez, numa só jogada!) .

3 de novembro de 2006

parar,,,o tempo

Ele ( cousa estranha esta, de chamar ao Eu,,,Ele !) voltava todos os dias, ao mesmo instante (*),,,ao mesmo lugar, para ver o Sol desfazer-se do dia, no Mar. Dia após dia,,,na ilusão de assim, parar o tempo. ( como um fonte luminosa, que se ilude pintar a água em caleidoscópios infantis, e no entanto (a agua), continua translúcida, lúcida de transparências puras…)

(*) voltava, não à mesma hora,,,que o Mundo tem artes bizarras de andar por aí “vagueante” sem respeito por horas ou relógios, o mesmo instante, é o do “desdormir” da noite, aquele em que o Sol se “des(h)orizonta”...

2 de novembro de 2006

retrato

Auto-retrato, em esquiço cubista ( letras e números…ENORMES, a escorregarem entre cacos de espelhos multicolores ( com Outonos de plátanos no meio), sete pontos de fuga, (uns tantos de corrida, com a instabilidade da irrequietude de um reflexo a reprimir ecos) e olhos quanto baste) ...

( quadro pendurado na linha do horizonte, pelo que só é visto do lado de lá, ou de tempos para o ar...a dois terços da linha, junto ao ponto de ouro, que isto de dimensões do eu tem que se lhe diga. digo eu, para ficar dito);

( claro que a imagem se distorce,,,a linha abre vala, em V(ê) , qual caleira do oceano, que escoa no Universo, culpa da irrequietude de se pendurar um eu feito quadro-retrato-quadrado ( pesado) na linha do dito, que o deixa de ser, por ficar, V(ê), que se vê de olhos vistos.)

"Sou esta cousa informe, com a liberdade toda de me viver sem nome (sozinho no eu) "

( o melhor é calares a escrita, Já. agora...)

silêncio...ele está calado, a rir-se todo nos olhos!

fim do retrato, falta só pintá-lo! ( no silêncio das cores, quadradas, de cubo, em sete pontos de fuga, presos no cavalete de um anartista inconformado com o espelho)

nota: estado de alma confuso provocado pela leitura do António que não quer ser António quando escreve, mas que é por ser o António ( Lobo Antunes), e não outro que se lê...

Socorro, acordem-me, desta insónia de espelhos e de labirintos, e de retratos, e de desencontros, já me basta um eu distorcido por sete pontos de fuga!

31 de outubro de 2006

as diabruras de mim

A minha memória é irrequieta, ( endiabrada, digo eu, que a persigo feito tonto-saltimbaco, como quem procura agulhas, por sombras desnavegadas…) despega-se de mim e anda por aí na memória dos outros!

( pergunto-me, desprendido de resposta, se a memória são só lembranças que nos habitam os passados, se cousa outra,,, que deslembramos, mas que já vivemos inteiros e que anda por aí a esvoaçar futuros?)

30 de outubro de 2006

os silêncios do lapis

…procuro o silêncio,,,longe de mim. sou ruído fundo. defunto. infindo. AQUI.
…procuro o longe,,,horizonte-monge do ALI.
…leva-me leve,,, o mar, para TI.
…silencio(s),
…angustia-ausente que VIVI.
…rimas.rumos.ritmos.muros.labirintos-d’aquém-em-asas-de-colibri.brancas, lazulis,,,lápis d’anjo, silêncio(s) de MIM...

29 de outubro de 2006

forma de pedra

Esculpi
( escrevi?)
uma pedra,
como quem guarda
( grava?)
uma ferida.
Feri-a.
Fria.
Sombra de rio…
Gravei numa pedra,
um palhaço,
d’aço
que ria.
Fria. A pedra,,, informe de mim

26 de outubro de 2006

frios

Tenho as mãos frias,,,de agarrar o sonho.
Só os olhos insistem em abraçar o fogo…

25 de outubro de 2006

interrogações d'alma

Entornei a alma num copo d’agua* ( dissequei-me?)
e
abandonei-a-ao-sol,,,a evaporar-se,,, no nascer da noite…

*Copo d’agua = estado d’alma confinado ao eu? alma saciada que se volve em água? Aprisionamento d’alma?


(ponho-me a imaginar, de olhos escondidos, a cor,,,(da agua? da alma? ) a evaporar-se no nascer da noite...é um gosto que tenho, mimetizar-me na cor que se evapora, pura de mim, a renovar-me no dormir da noite...)

24 de outubro de 2006

movimento(s) do absurdo

Não gosto da angustia. De senti-la,,,ou vê-la. São razões várias; não lhe sei cor,,,desenho,,,ou resposta, mas é ela que me inquieta…
Ela,,,é,,,o meu vento…

In”apontamentos para um manual da serenidade” , ou como o importante é orientar os nossos passos, seja qual for o sentido do sopro da nossa angustia…

23 de outubro de 2006

distracções

Pintei uma aguarela inteira, em tons de cinzento ( cinzas da cor,,, sombras d’azul?)
e
no lugar do nome (esquiço que desenha o estado d’alma do pintor) escorregou uma lágrima. única. rubra! grito incolor de quem, em vez de sonhar uma flor, deixou incauto cair a dor…

20 de outubro de 2006

acasos, ou (ainda) a teoria do UM

O acaso é cousa inteligente,,, como o UM
Só o Um tem arte (engenho?) de abraçar tudo
e
continuar com o movimento…

19 de outubro de 2006

maturidade(s)

Comprei um livro, para crianças. Não o li ( ainda) …
Está ali.
Na estante.
Só!
Colorido ( a sorrir-me em sussurros divertido),
de pó
Não chegou ( ainda) o instante
de o sentir…
Há um momento( destempo) certo para tudo…sobretudo para colorir um livro para crianças ,,,sem fingir…


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serviço noticioso

o palhaço de D. Quixote actualizou o seu espaço com uma teoria absurda (quase imbecil)

18 de outubro de 2006

confidências...

Ouvi,
em marulhos de névoa, uma gaivota inquisidora:
Que fazes? Perdeste-te?
Olhei-a,
enroscada-nos azuis
e
procurei-me na resposta…
Voo!”,,,disse-lhe convicto-de-evidências…
Sim, eu sei,,,mas que fazes aqui? Perdeste-te?” Insistiu ela em esgares trocistas…
Não sei…provavelmente procuro…” disse-lhe irrequieto
e
já sem voo! ( perdi-me, pensei,,, em certezas só minhas…)

17 de outubro de 2006

a fisica da alma (?)

Penso,,,com o ruído das palavras a irromperem o silêncio,,,penso,,,não sinto, porque o sentir não as tem (palavras),,, é físico!

15 de outubro de 2006

quero

Não te sei nome, nem história, vagueias por aí no silêncio de um grito. Conheço-te na angústia da dor que não se ouve. Na verdade não tens nome, porque nome nasce na família e, se a tiveste, perdeste-a no silêncio do teu grito. Queria saber o teu nome. Temos o hábito animal de só chorarmos os nossos, e só os nossos tem nome e rosto, só os nossos não são número, e os números não causam dor. Só os grandes números incomodam, mas gritam em silêncio, e tu és apenas um, e não tens sequer rosto. Já ninguém vê o olhar que escondes na sombra do Mundo. Quero saber o teu nome, e os outros todos que o não tem. Quero olhar os teus olhos e todos os outros que já não tem lágrimas. Quero-o saber porque sou animal, e os animais só choram os que lhe são próximos.

Resposta em silêncio ao alquimista
e à Betty

fotografia original de Finbarr O'Reilly ( esta foto foi alterada por mim sem autorização do autor, o original, sem desfocagem será resposto caso o autor, ou quem o represente assim o manifestar)

13 de outubro de 2006

transformações

Sonhar,
é colorir o imaginário que nos invadiu o olhar. Não é iludir,,,é transformar.
Assim,
um sonho,
é cousa concreta, mutação do real, esculpido no sal e no vento, que se vive com a intensidade do sentir….

12 de outubro de 2006

pisar,,,silêncios ( parte II)

Icei um muro-de-azuis, na quietude dos silêncios, pisados,,, dos passos da
(des)-sombra-do-eu, como quem bebe o céu,,, a iludir que esconde a noite…

11 de outubro de 2006

pisar,,,silêncios ( parte I)

Larguei (abandonei?) a vela ao ar. Queria (eu?) andar ao de cima dos silêncios, como quem se esconde,,, sem pergunta…
Larguei-me (abandonei-me?),,, no espelho,
estilhaço de vento
que ecoa na gruta,
onda,,, nua,
defunta…

9 de outubro de 2006

6 de outubro de 2006

5 de outubro de 2006

pequenos,,,pontos

Papá, papá,,,Olha! O céu está todo furado,,, Olha Papá,,,Vês? Vês todos aqueles pontinhos de luz? Vês? Consegues imaginar o quanto deve ser enorme a luz que se esconde na noite para de-lá do céu?

Sabes, Papá,,, agora já sou capaz de desenhar o horizonte
e
guardá-lo inteiro no olhar…

3 de outubro de 2006

hoje, na cidade que me habita nos passos

A cidade cheira a flores,,,mortas, decompostas em aromas agridoces, retracto de uma cidade desinquieta, paralisada de futuros…

2 de outubro de 2006

o jardineiro da noite

Cruzei-me com um jardineiro,,,varria palavras, uma-a-uma para a terra, com o cuidado todo de quem acaricia (semeia?) uma flor.

Disse-me em surdina que

“…plantava histórias. Que o seu jardim estava a transbordar de histórias, em vapores de poemas. Que era ,,,( o seu jardim), uma floresta que só os pássaros e as borboletas ouviam.”

Disse-me ( ainda) em segredos que

“…passava a noite a esculpir palavras-semente”

e que andava na ideia,

“…de esculpir a mais maravilhosa das sementes”

mas que

“…só lhe sabia ( ainda) o Nome!"

Chamava-se,

“…Humanidade”,

disse ele,,,
mas que (ainda) não sabia

“…qual a forma que haveria de lhe dar. Um pequeno nada e deitava tudo a perder"

podiam os pássaros,,,no desleixo dele

…deixar de cantar
e,,,
enlouquecer…"

29 de setembro de 2006

O Confessor

O Confessor
Daniel Silva
Bertrand editora
1ª edição de Agosto de 2005


História de intriga politica muito ao estilo de Morris West nos bastidores do terrorismo, retrata a frieza e crueldade dos vários lados da barricada. Mergulha nos negros meandros do Vaticano, onde um “Pedro” determinado e incomodado com a história da sua Igreja, acaba por ser protegido pelo agente “ Gabriel”, um restaurador de Arte, que tem artes militares ao serviço de Israel.
De leitura fácil, peca por estar demasiado colado ao tema e ao estilo de West, que tanto explorou o tema,,, a continua intriga instalada nas “Pedras” do Vaticano…
(...)
"O memorando de Martin Luther a Adolfo Eichmann pareceu causar ao Papa uma dor física. A meio da leitura, estendeu a mão e pegou na do padre Donati em busca de apoio. Quando Gabriel terminou, o Papa inclinou a cabeça e uniu as mãos debaixo da cruz peitoral.
Quando voltou a abrir os olhos, olhou directamente para Shamron, que segurava o relato da irmã Regina acerca da reunião no convento.
- Um documento notável, não acha, Sua Santidade? - Perguntou Shamron em alemão.
- Receio usar uma palavra diferente - respondeu o Papa, respondendo-lhe na mesma língua. - Vergonhoso é a primeira palavra que me ocorre."
(...)

metafisicas coloridas

Andei a passear “pensares”, ( meus e outros ). O dia todo. Foi a forma encontrada de ensinar-lhes a VER as cores.
Disse-lhes (convicto) "que não se devia dar-lhes significado para que não perdessem o brilho de ser cor…
Uma cor com significado perde a capacidade de se misturar com outras. Só na mistura nasce uma cor nova
e

uma cor-nova não tem nome,,, muito menos significado!
Uma cor-nova tem toda a metafísica do Mistério!
"
Ficaram mudos, num silêncio de insulto, por isso larguei-os de trela até que se esfumassem em nuvens. Vezes há que é preciso deitar fora todos os pensamentos ( nossos e d'outros) para que nasçam outros ( nossos) . Novos!

27 de setembro de 2006

o salto

Papá! Papá! Vamos correr!..Vamos?..Vamos Correr MUITO!,,,Queria tanto saltar para dentro do Universo e ele vai ali á frente,,, anda Papá, depressa,,,corre. Corre muito,,,(Já!)

26 de setembro de 2006

medidas (in) variáveis

Só há distância na presença da luz, a que se sente no escuro, tem a exacta dimensão da nossa inquietação…

25 de setembro de 2006

teorias do ponto (II)

A intersecção de todas as linhas num ponto, não o torna maior do que aquele que resulta da intersecção de duas linhas, apenas o transforma em Centro!

teorias do ponto (I)

Um ponto, não é (afinal) a intersecção de duas linhas,
é
a convergência de todo o Universo no ínfimo instante do presente ( de cada acontecer)!

22 de setembro de 2006

imperfeições,,,perfeitas!

Pergunto-me, ( vezes muitas,,, que se repetem em ciclos de desnorte) se o sentir advém da Vontade!
Quero sentir! ou,,, Agora Vou sentir!
e
zás flúi em nós o desabrochar de uma cor que nos altera os fluxos…
A resposta que encontro esboça, em cinzentos de duvida, que a Vontade apenas Lhe abre a porta, e vezes há que o sentir é tão intenso que não há vontade que lhe consiga travar a fúria porque o sentir lhe antecede os passos e a asfixia ( digamos que são sentires embebidos d'uma E N O R M E vontade!)…
Ah, amigos que me habitam o eu, deixem as portas abertas! Não! Abertas não! Deitem-nas fora e deixem-se invadir pelo turbilhão,,,quanto menos o reprimirmos, mais sereno se torna, e é na serenidade que se saboreia (sorve) toda a sua essência…
A vontade não gera sentires, apenas lhe é concedida a capacidade de os tentar conter…

21 de setembro de 2006

em silêncios...

Hoje não escrevo, Nada. Mergulho no silêncio, O passado está ali, Encadernado na estante, Afago-o com a saudade das coisas perdidas, Está ali, De fronte, Nos olhos, No sentir, Na estante, Encadernado de alma, Ali, Em silêncios de ti!

(Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer)

20 de setembro de 2006

o acontecer

A Lua anda a fingir-se Morte,,,eu também. Passos estranhos, sem sombra, desaguados,,,sem vida, As cores escoam com a suavidade do “acontecer”, barco sem leme, Linha precisa ( incisiva) da fatalidade do SER,,,como um rio que acata ser fecundo pelo mar e não se angustia,,,apenas vai,,,doce para o sal…
Retrato de um beijo de nuvens coloridas…que no escuro se transformam em luz,,, tempestade do grito.
Não há nada mais sereno que o silêncio que precede o trovão…é o silêncio da vida a espreitar…
Assim, ando eu,,, a espreitar, curioso de me ser no EU, concebido de ventos e de mar…

19 de setembro de 2006

ecos,,,de cor

Por vezes penso (sinto?) sem me ouvir ( inconsciente de mim e da minha intimidade…)
Dou comigo a vaguear com a agridoce ilusão de me descobrir na fantasia da cor…

18 de setembro de 2006

o desenho de uma nuvem

Quando olho uma nuvem, vejo uma Nuvem,,, fico incapaz de a deixar de ver,,, Nuvem (seja qual for o desenho com que se insinua)…
Não a vejo chuva,,, nem gota,,,mesmo que cada gota seja pedaço de chuva, mesmo que a chuva toda,,,seja uma Nuvem inteira!

Quando olho uma nuvem, mergulho na fantasia de a ver,,,Nuvem...

14 de setembro de 2006

ainda,,, o sonho

Ah! que maravilha é esta nossa capacidade de transformar com o olhar, a invenção do UNIVERSO e de o transfigurar ( em ilusão,,, fantasia???) em cada instante!
Só no sonho moldamos o tempo
e
nele ( sonho) não há física,
nem gravidade,
nem relatividade,,,muito menos química…
nele ( sonho) há o mistério da emoção do DESCOBRIR!
Soubesse eu distinguir os passos que dou,,,nele ( em destempo de mim),,, dos que gravo nas arreias que me azulam dos dedos da vida, e seria só multidão,,,sem o olhar de mim!

13 de setembro de 2006

enunciações,,,do sonho??? ( ou a teoria da inutilidade filosófica????)

O “Passado” é (na minha verdade de hoje,,,do agora…
ah! como é instável a verdade!!!!) um sonho que se desenha da ignorância da memória,,, o “ Futuro” também o é (sonho),,, Mas esse pinta-se da vontade irresistível de se transformar em memória!

In “ apontamentos para um manual da serenidade”, ou como é urgente que te apercebas que não tens um passado,,, tens “passados”,,, conforme ficaram desenhados na memória, tua e colectiva, e que o futuro depende da forma como o acaso se funde com a vontade de o seres (futuro), e a tua vontade, o teu querer, será primeiro, memória (tua),,,só depois colectiva!

11 de setembro de 2006

11 de Setembro, ou qualquer outro dia

Texto junto às torres: “2.863 pessoas morreram.”
Texto junto ao homem: “40 milhões de infectados pelo HIV no mundo.”
“O mundo se uniu contra o terrorismo. Também deveria se unir contra a SIDA” .



Junto às torres: “2.863 pessoas morreram”.
Junto ao velho: “630 milhões de sem-teto no mundo”.
“O mundo se uniu contra o terrorismo. Também deveria se unir contra a POBREZA”.



Junto às torres: “2.863 pessoas morreram”.
Junto ao garoto: “824 milhões de pessoas morrendo de inanição no mundo”.
“O mundo se uniu contra o terrorismo. Também deveria se unir contra a FOME.”


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*Imagens de anuncio da MTV proibido nos estados unidos da américa
nota: este post foi executado em partilha com a surpreendida

8 de setembro de 2006

mais vale percorrê-lo

O pior que se pode fazer a um labirinto, é deitá-lo fora, amassá-lo, como carta em papel, mal escrita,,, amarrotá-lo numa bola ( como quem humilha)
E
ZÁS!
Ignorá-lo assim, sem mais ( junto com a memória)…

Para quê, procurar uma saída se já perdemos a entrada
E tudo o que nos envolve são sombras e nadas????


Engano!

Se por ventura alguém apanhar a bola amarfanhada,,,COITADO! Não vai entender nada,
e
zangado-de-curiosidade,
também ele, devolve a bola, assim, sem mais, deitando-A fora!
E,
Deus meu, então é ver o labirinto a sorrir, fortalecido na sua enormidade, porque andou de mão em mão,
crescendo,
crescendo,
em bolas-cartas, à espreita,,, sem destino, de novo destinatário!

7 de setembro de 2006

labirintos

no mar ( quando
se transforma em deserto)
e
te sentes ponto ínfimo,( qual
gota de onda
)
há um labirinto infindo
que te engole o olhar
fervilhando
dentro de ti…
Agiganta-se informe para te inquietar
(sem te ouvir
ou avisar, passa a ser estrela polar
que te leva
e
te guia)…

Não sentisses tu, esse labirinto
e
perdias-te
sozinho,
em ti...

Nota: Prometi, a mim mesmo e a quem (aqui e ali) me ouve que ia deixar de escrever sobre labirintos, mas a verdade é que o meu constante sentir de procura, inevitavelmente (con)funde-se num labirinto. Não é necessariamente angustiante, percorre-lo. Vezes há que ele se torna omnipresente, e essa omnipresença passa a guiar os teus passos. Nessas alturas, só há uma cousa a fazer, é aceitá-lo e divertires-te com ele. Descobri, nesta minha viagem, dois tipos de labirintos, os que não tem paredes e se tornam um enorme deserto, e os que se escondem em corredores sucessivos de muros. Ambos nos desorientam, ambos nos obrigam a mergulhar no mais profundo do nosso ser, para seguir caminho, tornando-se importantes porque nos obrigam a escolher sentidos.
Estar, ou Ser, num labirinto, torna-se uma constante inevitável da vida. Não é uma obsessão minha, muito menos uma tragédia. Aceitá-los passou a fazer parte do meu caminho para a serenidade.

6 de setembro de 2006

ultrapassagens

Não queiras
( estive tentado, num impulso inconsciente de escrever, “nunca”, " não queiras nunca" mas a palavra “nunca” é tão obscena com a palavra “sempre”,,, não gosto da palavra “sempre”, nem de outras que criam grilhetas nos passos. Deixem-me portanto manter a ilusão da minha própria liberdade, não as usando, apesar de as sentir…)
ultrapassar o Mundo,,,aprende a ser feliz, na procura da subtileza de te ultrapassares,,,em permanência…

In “ apontamentos para um manual da serenidade” , ou como devemos ter o cuidado de empurrar a meta para diante, à medida que nos aventuramos nos passos…

5 de setembro de 2006

prolongamento do Ser

Sentado num banco,
de jardim,( em ferrugens verdes de sombra)
dobrado de vida, estava um homem ( em silêncios de borboleta),,, apoiado nos sonhos…
desenhava, no céu ( com a lentidão da leveza),
bolas de sabão ( coloridas?)
subiam,
uma
e
uma
até ao nada…
ele,,,cantava ( contava?
recordava?)
uma
a
uma,
as horas da sua vida…

4 de setembro de 2006

preso no ver

Não consigo libertar-me
da palavra
“olhar”,
e
no entanto,
todos os dias,
nas noites, (quando se acalma o sol)
sei,
que o que vi
no dia,( escuro,ou não),
foi diferente…

Tão díspar
do outro, que já não vejo
porque me fugiu no tempo…

Talvez por isso, sinta TUDO ( o que me coube nos passos),,,NOVO,
cada dia…

Assim,
a palavra, “olhar”,,, nasce, ( nos dias,,, Todos)
para mim,,,com a forma de futuros,
que me abraçam,
profundos,
sem fim,
no olhar…

3 de setembro de 2006

outra forma de escrever uma carta

Soprei a tua lágrima,
vermelha
de
sangues
e
jasmim…

Soprei-A,,, de ventos,
longe de ti.

Estilhacei-A
em mil cores
até
não ter cor,,,nenhuma…

Quando,
finalmente,
c
a
í
u,,,era lágrima
(agua pura,,,quase chuva)
de ti…

31 de agosto de 2006

ritmos do existir

A felicidade não é uma permanência, são pequenos nadas, aos quais se tem que estar atento,,,e inspirá-los em profundidade, ( com a quietude de um horizonte a sorrir ao vento)…

In “ apontamentos para um manual da serenidade” ou como a expiração (fragmentos filtrados da felicidade) deve ser rápida e desatenta,
ou como uma
e
outra ( felicidade e infelicidade) se desconjuntam no existir, mas que nos respiram Sempre!

**************************************************************************

serviço noticioso:

o panhaço de D. quixote actualizou o seu espaço com um pontapé na bola

30 de agosto de 2006

procuro, por vezes,,,navegar

Procuro o mar,,,navio de olhos sem destino, salgado de ventos…

Vates - A.G.B.

Vates – A:G:B
Ana Margarida Oliveira
Edições Verso da Kapa


Histórias romanceadas, onde se cruza o passado ( sec XVII) e o Presente ( sec. XXI). O enredo e as personagens interagem de uma forma sublime, onde uns, constroem o futuro e os outros desvendam o passado. Tem mistério (de uma caixa), intriga, paixões e um misterioso poeta Bandarra que desenhando solas e sapatos antevê o futuro, não nos feitiços, mas nas quimeras e nos sonhos de um País que se edifica na poesia, no mar e nos homens.
Paira o mistério eterno de Portugal, abraçado na névoa do seu rei menino, que desengonçado de físico e teimoso de alma se perdeu algures por terras de Alcácer Quibir.
Não sei se Ana Margarida Oliveira, pretende continuar a(s) história(s), porque na verdade, as duas ultimas frases do(s) romance(s), Parece induzir uma continuação. Não sei quem abraça Isabel, quem a esperava na ilha, mas fica a névoa d’el rei ali estar, à espera de se (re)fazer Portugal…

“…Esta caixa foi-me entregue em grande segredo na Índia, com a recomendação de que aqui estaria o futuro de Portugal e que eu saberia o que fazer com ela. E nada mais.
- Mas…o que quer isso dizer?
- Não sei filha! Tenho que pensar! Mas tenho sobretudo de a esconder. Com o nevoeiro e o desvario que havia na Santo Agostinho, Olívia e a caixa deram muito nas vistas. Houve muita gente a reparar nela devido aos gritos e à forma exaltada como ela a quis defender. A caixa terá que ser guardada com descrição. Tenho esta responsabilidade. Aparentemente o futuro do nosso país está com esta caixa!
- E, no trono, um rei que não é português…
- Pois é Isabel…E, nesta nau, muita gente que não sabemos de que lado está…
- O meu pai acha que D. Sebastião está vivo?
- Eu acho que Portugal está vivo! Acho que todos nós, os verdadeiros portugueses, somos um pouco el-rei D. Sebastião.”

29 de agosto de 2006

nem nuvem, nem chuva ( ou, as inconclusões de um eu,,,desencontrado)

ah,
se eu pudesse beber uma nuvem,
passeava-me
nas ruas,
como se fosse o próprio universo,
inteiro-de-autoridade,
(numa quase vaidade)
de ser um ponto sem fim
a andar sem sentido,
para qualquer lado
( distraído?)
por ainda não ter chovido,
(razão por ter nascido,
assim,
inacabado
…)

28 de agosto de 2006

brilhos de pó

O pó da Lua entrou-me no Olhar,
e
ali ficou ( a pastorar
e
a enganar-se nos sonhos
D’um menino
que imaginava histórias
com todos os segredos
das árvores
e
das gaivotas,

assim,,, Todos juntos,
misturados,
numa amálgama
de nuvens pintadas de Ísis,
e
a sorrir
como O pintor-de-Arlequins
quando se olhava ao espelho
e
Só via,
Cor

e
Arco-íris
quebrados
na tela
Em forma de quadrados
…)

25 de agosto de 2006

sons da terra, do céu,,, de poesia

Fechei livro de poesia,
(que lia)
e
fiquei a ouvir o céu a trovoar,,,trovas, de luz, de uma noite sem luar…

nota a quem anda distraído: Aqui e ali necessito de um tipologia de pontuação ortográfica que não existe na linguagem escrita. Ultimamente tenho precisado de "algo" parecido com reticências, mas que diferem delas porque são uma pausa prolongada, e seguem caminho definido.
São as virguliticências (,,,). As reticências, são algo que termina numa indefinição ou que dá liberdade de reencontrar outros sentidos, As virguliticências, não! São mais prolongadas que a virgula simples, Tornam-se complexas porque dão tempo a que o tempo se instale no sentir e baralhe tudo com a sua presença.
Há tempos precisei de arranjar um ponto de admiração, para desenhar o sentir-dos-olhos-que-saltam-para-diante-quando-se-maravilham com-o-VER , e para o diferenciar do ponto de exclamação (!), à falta de outro, virei-o ao contrário (i)

24 de agosto de 2006

o choro do mar, (des)salgado em estilhaços

O mar entornou-se em silêncios,,, De repente,
Sem marulhos,
Ventos,
Velas
Ou
Mastros.
Só azul, céu e horizontes ( muitos,,,em linha única,,,qual retrato do Eu de uma criança), como se quisesse, não molhar as areias, estilhaçadas de alabastros...

23 de agosto de 2006

dias, à noite,,, de mim,,, de lua

Ilumina-me,
escura na noite
(entre janelas,
fechadas)
a Lua…
Insónia de ventos
sem luz de rua…
Deito-me

(cheio de mim)...
Fuga
fugaz
(de um dia que não vem)
na proa de uma falua
que se desfaz
em nuvem...

22 de agosto de 2006

cor-de-mar

O mar ofereceu-me uma estrela,,,pousei-a na mão para lhe sentir o desenho,
depois, ( envolvida em história) lancei-a,
de novo,
no Mar.

Não voltei a vê-la…

Recordo-a,,,ou na história ( que me reconto em (des)novelo ),,,ou no desenho que me ficou em mão(tenho uma estela gravada na mão,,, dedo-a-dedo…)
Enlouqueço na cor, por não saber com que azul se pinta o mar,
( mais vale não o pintar
e
deixa-lo, tal qual,,,cor-de-mar
…)

21 de agosto de 2006

navegações

Deitei-me na Terra, fecundo de silêncios,,,por instantes senti-lhe o movimento, como se lhe pertencesse, qual barco navegante pelo Universo,,,errante…

10 de agosto de 2006

repetir palavras,,,não importa

Julgo já ter escrito sobre este estado (d'alma) de me ser livre na ausência de mim, Pouco importa, isto que desenho é caminho de descoberta, onde vezes muitas é imperioso revisitar espaços e passos.
Tenho andado por aí.
Assim mesmo,
tal qual,
por aí,
livre de me ser sem me sentir por dentro, de me questionar, de me sentir, de me formar, livre de mim
e
existir-me só por fora, De olhos fechados, No escuro de um Eu que se impõe em sentires.
Cansa sentir.
Esgota sentir, Sentir é um furacão que nos suga num vai-vem que dói, que magoa, que enaltece, que sorri, que nos comunica com o Mundo,com a fantasia, com o tempo
e
o destempo, Por isso me liberto ritualmente de mim, como quem esvazia um saco
e
o dobra
e
arruma, Ando por aí sem escrita nem poesia, só o desenho me arrasta no pó, Debruço-me a cada passo
e
guardo as pequenas pedras coloridas que o mar me oferece, redondas, lisas
e
vou, preso no horizonte, sem olhares, É saborosa esta ausência no destempo, é uma espécie de não existir no Eu, Sorrio no nada, de nada, livre de não me saber, livre de me perder sem labirintos, Como no deserto, Perdido sem labirintos, Perdido no espaço, De ser apenas um ponto de espaço, um grão de areia do deserto.
Ah, como sabe bem ir por aí…

25 de julho de 2006

in tempo

Hoje,
as ondas não eram mar…
Ondulavam, brancas,
não
de espuma,
nem
de sal,
mas
de gaivotas,
sinal de devotas
em delonga de destinos
(Em)laçados,,, (Em)temporal

24 de julho de 2006

estética(s)

Juntei palavras, Para escrever uma carta.
Não,
carta não, Um tratado sobre estética, Estética do Amor,
cousa só para mim,,, cousa cientifica, precisa, geométrica (mas sem geometrias! Nada de geometrias que desaguçam o sentir, em estiletes finos de rectas perdidas no quadrado de mim!). Tratado sem serventia, Afundar no cálculo ou ciência cousas de estética, é desastre de poeta,
diria mesmo,
sem ponta de duvida,,, de poeta frustrado de não ser cientista,,,nem poeta. Mas juntei-as em forma de rio ( ou mar? ),,,( d'água! portanto,,,Imagine-se lá ( nem lá nem cá!) geometrias, quando se forma em palavras,,,um rio? Nem louco!)
Penso ( não dizia que é cousa de ciência?) não ser possível cuidar de estética de Amor, sem começar,,,sem começar por olhar e desenhar, estética outra, A Estética de Vida. Por isso um rio, por isso,,, no antes de dissertar (dissecar) a estética ( qualquer que seja), é urgente entender os caminhos DA Vida e sentir a plenitude da beleza ( não há estética sem ela, muito menos a do amor…
Dei-me conta,
no instante em que as palavras se espraiaram que isto de escrever um tratado é tarefa longa (daí a ciência) e que esta estética, que procuro fixar, na beleza do sentir, não é tarefa só para o olhar, é preciso Conhecer!
Assim, antes do mais e de qualquer introdução, prefácio ou cousa outra, vou por aí,,,CONHECER!

21 de julho de 2006

o abutre

sentou-se no horizonte, um navio, enorme, a rasgar o céu, pesado de fumos e de vermelhos-cinza,
a fingir que se movia…
não vinha
não ia
ali estava…
abutre de sonhos…

17 de julho de 2006

impulsos

quando saltei do dia, estava longe de imaginar, que acto tão instintivo, iria provocar um corte na rotina. na minha rotina. no hábito de desnudar palavras. era ainda cedo para ir. mas fui. por impulso. irreflectido. assim, zás!!!
não sei quando volto. isto de ir com impulsos tem destas cousas,,,nunca sabemos quando nos equilibramos no horizonte.
prometo ser breve ( este prometo, tem de facto convicção, mas vá la saber-se o que esconde a vontade insana de me mandriar nos pensamentos e de os escrever no ar,,,nas nuvens...).
até já ( é a única verdade que me autorizo a dizer, no agora!)

14 de julho de 2006

invasões


o verde invadiu o vazio (espaço desocupado, entre a alma e o horizonte), Preencheu, autoritário o desenho, impedindo-o de ser "seara de orquídias-borboleta-em-fim-de-tarde". Só o voo resistiu na serenidade do caminho...

13 de julho de 2006

a giz ( porque se sopra )

Sou pintor de esquissos ( sombras?) que disfarço de azuis...

In “ apontamentos para um manual de serenidade”, ou como,,, por vezes basta um esboço para reinventar os instantes, ou como,,, devemos estar atentos para nos maravilharmos com o instante em que o esboço toma vida…

12 de julho de 2006

saltar o dia

Deixei o dia a meio, como quem salta de um comboio antes do movimento (des)existir…
Incomoda-me a certeza ( e a inquietude) do dia se transformar em tempo, Um dia que se permite invadir pelo tempo, é um dia que se perdeu no desenho da memoria e do sentir…
Por isso, saltei ( inteiro,,, é a minha forma de ir,,, todo em desequilíbrio para diante…) e vivi-me nos instantes (des)acontecidos, como quem fantasia-futuros,,, esquecido das noites…

11 de julho de 2006

sementeiras de angustia, em noite-prata

Per (corro)
o labirinto-do-horizonte, nos desequilíbrios da lua,

ante
pé,
no espelho-ponte
de uma noite,
nua…
Caminho-sem-sono,
( sonho?)
na linha escura
da corda d’aço
que semeia a terra
no-som-de-uma-guitarra…
( fantazia,,,
minha,
na noite
longa
em que me desfaço
gota
a
gota
no espaço.)

10 de julho de 2006

na certeza,,,de ser, assim...

Perdi,
(distraído?)
“a-procura-de-mim”…
(Ficou,
na
incerteza,,,
por aí…)
Olhava
(esquecido?)
um gira-sol-arlequim
que passeava no sonho
de ser dançarino,
cavalo-alado,
(peregrino?)
levando no dorso,
um menino…
[Foi
na certeza,,,
desta forma,
informe
(infantil?)
que me perdi
na procura de mim…]

7 de julho de 2006

a cor de um nada que se pintou

( fotografia de Patrícia Sucena Almeida )


Escrevo vezes várias, que “não sei palavras”, apenas imagens que me entram no olhar
e
se transformam, oníricas de mim, Convivo com esta incerteza de “não saber cor ( das palavras )”

afinal,
sonho,
é só "sentires",
Mas no hoje, que me caiu desengonçado no caminho de me ser, construí, divertido uma montanha com nuvens-petala, como quem desenha um castelo, Alta, Intransponível, Quase no Sol,

Nas ameias,

espreitava entre sorrisos, uma bailarina multicolor, ínfima, quase ponto, quase nada, Formiga de castelo, sopro de borboleta,
e
no entanto, não foi a montanha, alta de sol, nem o castelo de fantasia que me ficou nas palavras, foi Ela, minúscula gota de arco íris que dançava divertida, qual folha perdida de um Outono sem futuros, que permaneceu na retina, quase sonho de um nada que se pintou!

6 de julho de 2006

(in) confidências

O sol parou,
(ansioso)
confuso
de querer ser,
Mar
e
passear-se em vaidades-azuis…
(disse-me,
baixinho, quase vento)
“Estou cansado de ser dia!”
“Queria…”
(disse,
ele)
“sentir o prazer
de ser
água
límpida,
transparente,
diluída
na pele-do-mar,
Ser,
sal,
pedra-cristal ,
(alva-de-onda-erguida-do-mar)…

“estou cansado…”
(disse
ele
a murmurar),

“…de ter que me esconder,
pendurado no ar
a
evaporar sem destino...”

5 de julho de 2006

( in) visibilidades

Ah, fosse eu

carne,
sangue,
concreto e definido*
e
seria cousa outra...

(Estátua
(in) sensível
que vagueia
sozinha
(in) visível…)

* provavelmente, sangue oriundo da "Pedra filosofal "de Gedeão e que me ficou no som das palavras e do dizer, escondido na imagem que me brinca na memória...

4 de julho de 2006

tumultos de mim

Mergulho,
(marujo)
no marulho
do céu,
qual sussurro
de mar
que se espreguiça a voar,

a voar...

(encoberto
num véu,
cinzento-de-destinos,
em labirinto sem muro,

qual capa-negra-a-chorar
dentro de mim...)

3 de julho de 2006

de TI, para mim

descobri,
em mim
(de mim?)
um homem-alado,
estava ali
abraçado-a-TI
calado!
(pedaço d’alma
que passeia no silêncio
a meu lado...)

30 de junho de 2006

na luz da noite

Tenho saudade* dos céus** iluminados pelas estrelas, no hoje que me cerca a noite, iluminam-se de cidades…

* só há uma saudade, e é cousa que nunca é pequena
* * não há um céu, há um em cada esquina do olhar

29 de junho de 2006

ainda, a repetida sombra...

A imagem que se reflecte no espelho, não (te) tem ( na ) sombra…
Só (te) existes (completo, No UM) com a sombra que se desenha no Eu…

In “ Apontamentos para um manual da serenidade “ ou como o importante, é o que se vê (sente), entre a Alma e o Corpo, e não se desenha na imagem!

28 de junho de 2006

no acontecer

De que te vale encontrares o caminho, se não o percorreres?
Só gravando-o (com os passos), te perdes e re-encontras…
É no re-encontro que cresces e caminhas…

In “ apontamentos para um manual da serenidade” ou como o importante para que aconteça o Ponto, é IR

27 de junho de 2006

(re) visitas

Fui a tua casa(*), Entrei, Sem bater.
Procurei-te, No silêncio,
de te Saber.
Encontrei-te, No silêncio,
de estares, Só, Imóvel, De cor, Na cor, De parede, Na parede…
Olhei-te, No silêncio,
de te Ser.
Sempre que te visito
e
reencontro, Respiro-te, Bebo-te, Na imaginação dos passos que deste sem mim.
Fui a tua casa, Entrei, como quem entra na escola com o olhar todo por preencher.
Respiro-te, Inspiro-me com se os olhos fossem pulmões…
Entrei, Sem bater, Só, para te ouvir ( Mestre **), Nas surdinas da cor.

(*) Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão / Fundação Caluste Gulbenkian
(**) Mestre José de Almada Negreiros

26 de junho de 2006

o navegante

Vou desenhar um quadro…
A dois terços da tela ( alta, de verticalidade gótica ), Um cavalo-proa, Belo, Em linhas continuas, Minhas…
Ao fundo, Velas ( muitas,
desencontradas)…
A rasgar o horizonte, entre os mastros de caravelas, Uma lança ( sangue-prata), Erguida, Alada…
Em planos outros ( que é cubista, O quadro,
não o artista, que é cousa outra, Indefinida), Um Quixote, Sentado, Curvado, Sem Elmo…

Cores?
Do sol, De sangue
e
amarelos!

22 de junho de 2006

de novo, a sombra

Peguei de leve a linha (azul) do horizonte…Enlacei-a em agulha-prata
e
cosi-me ( ponto-por-ponto) na minha sombra…Alinhavei-me no destino
e
fiquei a vê-la, vela
(presa de mim)
Enfunada de ventos…
(mastro de caravela
sem sentidos…)

21 de junho de 2006

surrealismos por pintar, de uma viagem ao fundo, para de lá do centro

Passeei-me de chapéu-de-chuva, Preto, Erguido ao céu, Vertical, De fraque-pinguim e chapéu de coco.
Passeei-me, Todo, Negro de sombra. Levei-me nos passos, Na areia-oiro-de-sal ( ao sol ) para pintar de azuis as ondas-espuma, do mar (mas só as que mordem
e
morrem nas falésias
a
fingirem-se gigantes
).
Lá,
no fundo
do fundo,
(mas ainda no imediato do centro),
como quem foge da alma e do espaço,
desenhei UMA gaivota, Branca. Pintei-a com (in)TENSIDADE ( como quem cria A única gaivota, Que existe no olhar do Mar, Branca.)
No fim, já para de lá do Fundo, fechei o chapéu-de-chuva, Erguido à terra, Vertical, como quem procura o centro que se esqueceu no olhar…

20 de junho de 2006

em-pedra

Não é ilusão isto que sinto,
é pedra oca,
verdade que minto
[por vezes
( ah,
ignoro-me
e
perco-me na soma das vezes!)
sou esta estátua de granito
tatuada na alma
que me envolve em labirinto]

19 de junho de 2006

memórias do tempo

Abri,
em menino ( escondido no mistério da descoberta) a caixa do tempo !
Fiquei desapontado! Quase indignado (ao ponto de lhe perder o respeito e o sentido)...
Afinal,
o tempo,
não passava de um amontoado de rodas dentadas que gemiam (ordenadas), em equilíbrios instáveis, empurradas por fio fino em caracol, (cabelo corda desenrolado) em ritmos presos de instantes…
O tempo,
era ( para o menino que abrira prevenido de curiosidade, caixa tão irresistível de se olhar) instável como a vida, bastando um pequeno nada, na fina corda de um cabelo, para desexistir num nada…

( há na vida, segredos que não devem ser descobertos por meninos, mesmo que escondidos em caixas irresistiveis de se olhar...)

16 de junho de 2006

os olhos do céu


(fotografia de Patricia Sucena de Almeida)

O céu deitou-se, coberto de nuvens,
Morto (cansado?) de azuis…
O Sol e a lua, são os olhos do céu…
É quando ele os fecha, (dorme e sossega), que me existo na inquietação de sonhar…

14 de junho de 2006

ainda a cegeira escura que navega no (des)VER

Entrei numa Nau que rangia medos,
sem vela
nem ventos…
Quem a leva são os gritos,
os sonhos,
os mitos…
Caravela-caverna,
escura
cega,
dos olhos que fogem,
sem luz,
aflitos..

Construí um castelo,
no mar,
sem ameias nem muros,
( só de gaivotas,
a voar)…

São gritos de criança-fome,
almas esquecidas
a chorar,
que navegam perdidas
na dor do destino
que lhes suga o ar…

13 de junho de 2006

com as mãos...dadas? fechadas?

Desenhei um vitral
(em)
Vidro-cristal,
de olhos cegos,
(fechados)...
Com as mãos,
pintei
pétalas-finas
de esperança,
mural-de-criança
em oração…

12 de junho de 2006

sons

A guitarra chora,
lágrimas a um Sol-menor que dança na sombra dos dedos, a musica que desfaço, no ar
e
no aço…

9 de junho de 2006

de cal? de sal?

Peguei numa lágrima ( habito meu)
qualquer,
caída
sozinha,
(de menino que não sabia brincar)…
Trazia ondas,
do céu,
do rio ,
do mar,
caiada..
(lágrima é cousa séria…é o coração a falar…)
Fiquei a ouvi-la
não fosse a lágrima perder-se
no ar…

8 de junho de 2006

o peso de uma pequena palavra

Há palavras que me entram na boca e se colam no olhar…
Fixou-se uma, em menino com a forma de “ UM “ e perdi-me no infinito…
É ela que me brilha ( ainda ) nas cores e nos passos...

6 de junho de 2006

criar

Não tenhas a ambição de ser original, basta que O sejas em Ti, ( desde que Te copies! SEMPRE!)…
In “ apontamentos para um manual da serenidade “ ou como para criar o NOVO basta ser autêntico!
ou
Simplesmente ser…NATUREZA ( já olhaste o quanto Ela é original na Cópia do UM?)

5 de junho de 2006

bailarino-palhaço

Danço,

(como as árvores presas no vento…)
Sou a minha própria farsa,
presa nas raízes…

Danço,
só,
poeira-de-sol-poente…
(brisa que sente o azul do mar…)

Semente!
(que voa
sem lar! )

Danço,
só,
sem coreografia,
nem movimento…

Danço,
sem alento,
no desenho-Vivo,
entre-vidros-e-cimento,
(bailarino-oco,
Morto!)
em cenário humano,
louco!

2 de junho de 2006

aguarela

Pintei Mulher.
Negra.
Não por ser mulher,
ou
negra.
Por ser Ela!
(Borboleta encantada
transformada
em aguarela!)

1 de junho de 2006

porque me incomoda, porque me grito, repito-me...

Escrito a 5 de janeiro de 2006, seculo XXI...
Hoje repito-me, e repito-me, e repito-me num ciclo sem fim, como se as lágriams secas de dor o não tivessem nunca, repito-me na procura do fim...

Procurei um lugar para escrever palavras engasgadas.
Procurei de passos lentos na cidade grande, um lugar. Procurei raízes, minhas para me libertar das letras e da humanidade. Fui de sentido, nos passos que me dei, ao Miradouro de S. Pedro de Alcântara. Queria horizonte pintado de telhados,
de cidade,
de casas,
porque debaixo de cada um dos telhados vermelhos, vivem pedaços da humanidade, e é ela que me incomoda, que me pesa nas palavras.
Fui de passos meus, mas estava em obras. O lugar, O jardim, O horizonte, É natural. Tudo está em obras. Até a humanidade, é obra-fechada-ausente-de-olhares.
Desci a rua da Trindade, ainda por entre raízes, minhas, à procura de horizontes. Espreitei o Tejo, mas acabei os passos na Brasileira. Sinto-me bem junto de poetas-fantasma, sobretudo quando sinto todo o peso da humanidade nas letras que se soltam quase-rio.
O sol está frio. Ainda bem. Preciso de frio, não vá o senti transmutar-se em lágrima, ou grito. Assim, finjo-me fantasma, forma neutra de estar na vida. Um quase-não-estar, é como estou hoje. Estou preenchido com-um-não-estar-inteiro-no-eu.
Quero escrever…sobre África.
Não sei razão porque evoco sempre Africa quando sinto a humanidade inteira na minha indignação.
Procuro as palavras, como garimpeiro.
Procuro as palavras que se embrulham em grasnares-de-aflição, em rugidos surdos, em turbilhão .
(estou rodeado de estranhos que se falam todas as línguas, menos a de Pessoa, mas é ele que os junta. Isto nada tem a ver com o sentido do escrito, só com o local. São palavras outras que soam entre sabores de café. São no fundo intervalos do sentir. Palavras que se escapam, para me iludir…)
Procuro palavras. Uma só palavra. Uma palavra-rolha que solte tudo o que me pesa…
Olho à volta…vejo pombas ( pombas da cidade, são coisa outra. Também elas perderam o horizonte) e olhos. Muitos ( uns e outros, esvoaçam em passos, no chão…sem voares, deve ser do peso…da humanidade em cada uma delas).
Distraio-me. Olho mulher de meia-idade que me fixa a escrita. Tem olhos de mar e cabelo-névoa. Acaricia um livro-fechado.
Afinal não me fixa.
Está ausente.vagabunda-de-aventuras, ou, como eu, na meia-idade, procura palavras. dela…

O dia está frio. ainda bem.
Volto a África e vez outra me perco. Não consigo pensar em País algum quando me encontro com África. Visualizo um continente inteiro.
Um só.
Talvez por ser berço do Homem. Por isso quando A penso, quando A olho com o sentir, junto-me a toda a humanidade.
Quero falar de solidariedade. É esse o meu grito.
Quero falar de imagens. Das imagens que nos entram casa-dentro e que nos comovem…lembro o tsunami a entrar todo ele na sala quente, de um Natal outro. Lembro imagens atrás de imagens, dias após dia. Lembro a humanidade inteira a mobilizar-se para ajudar, naqueles dias, os dias das imagens. Lembro o Ocidente incomodado pelas suas mortes no Oriente. Relatos e mais relatos…todos com os olhos para diante, em lágrimas. Depois destas, vieram outras imagens. Estas foram, como vieram. Outras entraram, de França, de uma França em tumulto, de uma humanidade de subúrbios em alarme.
Anos após ano inundam-nos lágrimas de imagens.
Consumimos imagens, consumimos sentires, guardamos gritos, guardamos lágrimas. Reagimos e (des) agimos ao sabor das imagens que nos marionetam a solidariedade.
Só existe o instante de cada imagem, doseada a contento e dirigida a contento, instantes após instante. Depois tudo se esquece, se apaga, como se o Mundo se estagnasse, se suspendesse. À espera das próximas imagens.
Lembro, Terramoto no Irão, Furacão Katrina, e tantas outras catástrofes que nos mobilizaram o sentir e os actos solidários. Em lentidão de consciência, agimos, com lágrimas, (des) agimos nos gestos , quais marionetas de teatro ao som de imagens, ao som de placas que nos induzem o sentir;
“CHOREM!” e choramos!
“Riam!” e rimos!
“Aplaudir agora!” e aplaudimos, frenéticos do existir…
Está frio! Ainda bem.
O sol está frio, como eu, como as pessoas que me passam ao lado, esquecidas do Natal, do Katrina, das imagens…
E as outras imagens?
As que não vimos?
As que já vimos e já não mostram?
Onde se esconde esse sentir?
Esse agir?
A fome continua ali no Uganda, no Senegal, em Moçambique, nos pingos de África que já não choram.
Ela ali está! Fria! Presente! Os dias todos, dias após dia. Mas os meninos que choram são todos iguais, tão iguais que se confundem nas imagens. Imagens iguais cansam, não se vêem, Não nos solidarizam!
Somos mais facilmente tocados por uma catástrofe natural do que por aquela que nós próprios provocamos, com os nossos actos e com a nossa indiferença…
Não sei em que sociedade vivo!
Não sei que sociedade crio!
Não sei em que sociedade me existo!
Sou,
eu,
também mais um que se comove com as imagens, mas que me deito e me durmo, como tudo se passasse nas imagens de um teatro humano.
Hoje grito no meu silêncio, porque também eu, carrego hoje, todo o peso da humanidade, como se não lhe pertencesse na DOR!
Está frio! Ainda bem! Não fora o Tejo que se esconde ao fundo ( e que não me é imagem agora) e diria que nele correm todas as minhas lágrimas que se engasgaram neste frio-de-inverno-de-uma-humanidade-que-já-não-grita!
Procuro palavras. Não sei palavras. Muito menos poesia! Apenas oiço em ecos a voz do poeta-inconformado ( fantasma ou não)…
Eu, apenas escrevo mais uma página, deste meu diário, deste meu sentir partilhado, que rasgo de mim e o esvoaço ....



É PRECISO AVISAR TODA A GENTE
DAR NOTICIA, INFORMAR, PREVENIR
QUE POR CADA FLOR ESTRANGULADA
HÁ MILHÕES DE SEMENTES A FLORIR.



É PRECISO AVISAR TODA A GENTE
SEGREGAR A PALAVRA E A SENHA
ENGROSSAR A VERDADE CORRENTE
DE UMA FORÇA QUE NADA DETENHA




É PRECISO AVISAR TODA A GENTE
QUE HÁ FOGO NO MEIO DA FLORESTA
E QUE OS MORTOS APONTAM EM FRENTE
O CAMINHO DA ESPERANÇA QUE RESTA






É PRECISO AVISAR TODA A GENTE
TRANSMITINDO ESTE MORSE DE DORES
É PRECISO, IMPERIOSO E URGENTE
MAIS FLORES, MAIS FLORES, MAIS FLORES.


( poema de João Apolinário e fotografias de Sebastião Salgado)


Tu, que leste, e de alguma forma sentiste o grito seco que não se solta da alma, passa por aqui, ou por outro lado qualquer, mas actua! VIVE a tua Humanidade e GRITA!

(em) sombra

Não tenho (em mim) dragões,
demónios,
fadas
ou
feiticeiras,
Só a sombra desenha o fantasma que me persegue,
tolo,
empoleirado no abismo que não Vê…
Cego da noite,
só eu me desfaço,
desfumo,
inteiro nos olhos e no destino,
em que me fantasio,
pedaço nocturno
de mim…

31 de maio de 2006

os azuis-sol

o sol engravidou os azuis de nuvens que ardem sózinhas escondidas no horizonte....

30 de maio de 2006

ainda os azuis...

O céu tem muitos azuis!
Um em cada janela!

É como a VERDADE!

In “ apontamentos para um manual da serenidade
ou
como deves rodar-te para veres o outro de ti,
ou
o outro do outro
ou
simplesmente para veres o mais belo!

O outro!

29 de maio de 2006

intrusos

Não te escondas,
R-E-S-P-I-R-A-TE,
na inconsciência de TE seres,
intenso….
D-E-R-R-U-B-A-TE
no HOJE,
que não TE conhece,
e
VOA
do imenso que TE esmaga
e
apodrece,
esfumado
no aroma
e
no incenso
da sombra que TE anoitece!
I-N-T-R-U-S-A de TI!

26 de maio de 2006

em trabalhos de contar numeros com existires

Andei em trabalhos e paciências, a contar os anónimos que me habitam, escondidos no sonho de me inventar em cada cor com que me pinto nos passos em que me desaguarelo nos caminhos.
Todos juntos, desenham-me o NOME!
Sem eles (anónimos e passos) não me existia!

25 de maio de 2006

quando calha a minha vez de pintar o "quase" em desenho de mim

desenhei numa linha (quase-nada), o movimento da alma…
fiquei a olhar o desenho (quase-dança), de um dia inteiro, em que ela me percorre o corpo (quase rio), ao som de uma guitarra…
no desfim, (da quase-linha)
despi-a
e
adormeci-a na noite de mim…

24 de maio de 2006

nos passos que dou

andei por aí,
(vagabundo),
a olhar as coreografias-do-um
e
fiquei perdido de olhos-abertos, no maravilhar do EXSTIR…

23 de maio de 2006

Definições oníricas

O sonho é um existir sem ossos, uma espécie de borboleta que transporta todas as cores e todas as palavras do universo em forma de história por acontecer…

22 de maio de 2006

o gosto para de lá da palavra que lhe diz o sentido

Poucos gostam do sentido usado do se ser FIM.
Eu gosto, até da palavra porque rima em MIM…
Gosto,
Apesar da dor da ausência que provoca quando se enche de silêncios…
Gosto,
Mesmo sem eles (silêncios) porque para haVER FIM, criou-se caminho,
e
sem ele não há VERde começar”…

Devia ser VERbode existir” a palavra que se sente FIM !

19 de maio de 2006

( des) prender-me ( de mim?)

Recuso ser simplesmente um recluso do dia que me cabe no VER,
rasgo o tempo informe que me atavia o querer SER mais do que posso
e
deixo-me ser rio.
Evaporo-me nuvem de um nada que me persegue sombra
e
vou sem a liberdade de me perder em mim.

Nem em mim me quero!

Só assim me sou!

18 de maio de 2006

notas semi-fusas

Guardo reflexos ( de mim) para além da alma, Sinais de vento, Lento, Gravados na terra escura, Que sopram, Cinzas de lama…

17 de maio de 2006

desenho de uma borboleta

procuro numa folha branca a solidão de um traço. teu.
silhueta-alada,
de mulher,
nua,
despida…
traço único,
inteiro,
de
borboleta-alva,
colorida…
desenho, em aguarela-lágrima,
cabelos-crina,
escoares de vida,
em tinta,
sépia,
perdida…

16 de maio de 2006

recomeçar na deslembrança

Porque te estendes na terra de olhos a fingirem-se de cego à procura de silêncios?” Ouvi de longe, murmúrios d’uma nuvem de pólen de plátanos que dançava branca nos ventos da cidade e que rompeu o escuro de uma fuga só minha. “Estou cansado”, disse, “sem forças”, sublinhei em ausência. “Não procures forças no descanso…procura-as no esquecimento…na deslembraça tudo se pinta no NOVO!” Segredou-me a mesma nuvem, agora mais cinzenta de lavar cidade ao esgueirar-se nas ruelas que redesenhavam azuis junto ao céu...

15 de maio de 2006

escritas

uma árvore é uma raiz que espreita o sol...
(o que se dizem nos sussurros de se serem um, escrevem-no em sombras...)

13 de maio de 2006

(des) saber

Não sei horas.
Não me sei nas horas, Mas espero que o tempo chegue e me respire, Só depois dou um passo, gravado no dia.
Pegada invisível de alma, Física, Com hora, Qualquer, que o tempo é qualquer, repetido até ao infim
Só eu não passo, Preso.
O dia, esse vai, desabrido de mim, Não me espera. ( por isso não O sei, nem às horas…)
Repito-me, No que escrevo, Como o tempo se repete, Em mim, Parado, (Des)sentido. (o tempo pára, como eu, porque se repete, Só quando cria, ou se reinventa, avança)…
Ah, como é azul este espiar-me do sonho, e ver-me sentado, Parado, À espera (de mim? do tempo? do novo? dos passos? )…
Pareço um amolador de facas ( Existem? Ainda? Ou só se vivem no sonho-memória que se me passeia nos passos?) que perdeu a gaita de sopros, desafinada ( desafiada?)…
Não sei horas, Repito-me.
Tropeçam nas letras que escrevo, São elas, as letras que me marcam o compasso do dia…
( Como se mede uma gota de letras que se escorrega em ampulheta de papel? Não sei!
(Des)respiro-me em desinteresse do o saber, para me poder sentir nos passos que se dançam sem horas…)

11 de maio de 2006

dores de olhares


(fotografia de Patricia Sucena de Almeida)


Dói-me.
(Não sei o quê… )
Dói-me,
a palavra e o olhar.
Cousas estranhas de se doer. Mas a imagem anda por aí,
demente,
a explodir em palavras.
Elas à frente.
Foi ele (olhar) que explodiu,
nelas.
Elas ficaram doidas e sem sentido.
Estão magoadas,
sentidas…
Não foram avisadas que seriam assim expelidas em estilhaços de orvalho (redondos) da imagem. (Só pode ser uma imagem cubista... Cubista e suicida!)
Não há nada a fazer quando nos explodem os olhos,
rebentados de Ver!
Vou fechá-los, para as palavras sossegarem e se deixarem de dores…

10 de maio de 2006

descidas, ou a ilusão de uma subida...ou coisa nenhuma

Subi à torre e vi o Sol…
Subi ao sol e morri…(de mim?)

In “apontamentos para um ( ou dois?) manual da serenidade”, ou como a dimensão da nossa subida, não deve nunca perder a linha do horizonte, ou como só devemos subir até onde os nossos olhos alcançam… Quando o horizonte deixa de existir, é porque esvoaçamos em queda ( não conta que exista horizonte para de lá...)

8 de maio de 2006

o desenho de uma invenção

Conheci um Homem ( grande coisa essa, “tá” parvo o rapaz!) . Inventado ( eu não digo!). No nome. Não sei razão. Talvez nenhuma.
Era um homem, com toda a sua árvore. Também ela inventada. Nos nomes.
Era um homem encurvado para o céu.
Lia poemas nas nuvens como se eles ( poemas ) existissem!
Era piroso (pronto, o rapaz danou-se!).
Transportava todas as cores, vivas, atrás dos olhos, e desenhava-as, todas, nas gravatas, que usava.
Não há nada mais piroso que todas as cores. Vivas. Penduradas numa gravata. Mas lia poemas como se existissem. Como se fossem vivos. Os poemas. Como se tivessem cores, Desenhadas, Nas nuvens. As cores desenhadas nas nuvens, mesmo que vivas, não são pirosas.
Era um homem esquisito.
Encurvado para o céu, com a gravata ( pirosa) a cair-lhe, pendurada pelas costas. Era um homem do avesso. Inventado.
Conheci-o. Hoje, mas o Hoje não tinha nuvens no céu. Era inventado. O Homem. talvez, só no Nome, ou nas cores com que lia os poemas no céu.

5 de maio de 2006

esvoaços

Servi-me de uma chávena-de-sol. Quente que baste para me vaporar no sonho do-não-estar-aqui.
Disperso-me no aroma que invade ( sem licença ) o sentir de me imaginar um duende-de-ibis
e
fingir-me não-ser, (pedaço-mágico-do-invisivel).
Fantasma de mim,
como um seixo multicolor de um rio que se redonda em águas
e
se transforma em onda-colibri que esvoaça entre pólenes de rosas do deserto

4 de maio de 2006

sem ângulo

Não vale a pena pôr-me de pernas-para-o-ar para ver uma nuvem, nem para Me olhar fora do espelho.
Seja qual for o ângulo, serão sempre nuvens,
ela
e
eu!

3 de maio de 2006

moagens de luz

Semearam moinhos-de-luz nas montanhas e elas, elefantes-rocha, levadas pelas hélices, sobem ao céu-nuvem-de-primavera-criança, em navios alados-de-ilusão...

( avisto,
ainda, terras de Marão dentro dos olhos que não me dormem…)

2 de maio de 2006

sussurro...unico

Os cristais das árvores, disseram-me no sussurro do vento “ ...pinta-azul, no de lá da sombra! Fecha os lhos do sonho e desenha uma flor! Uma. Só. Para que seja Única e nunca te seja! Tua!
Desenha-A! Só!...”
Desenhei-A! Amarelo-Sol! Única! ( para que me queime o querer que seja. minha!)

30 de abril de 2006

quando o título* atrapalha mais vale por nenhum

Todos os poetas são surrealistas! Mesmo aqueles que escrevem de cócoras a abanarem o rabo, com versejares de ventos e mar...

* no original lia-se tutulo ( o autor estáva de lua...ou de cócoras)

28 de abril de 2006

em pedra

Deito-me nas pedras, que cantam a voz do vento,
nos silêncios.
Abraça-me uma solidão inteira, do tamanho de um dia que não passa.
É um dia-pedra.
Imóvel,
surdo de noite-deserto…
Só as águas das árvores se ouvem-de-vida…

26 de abril de 2006

acordares

Acordei decidido ( hoje) de aventura…
Lancei uma corda E-N-O-R-M-E até ao umbigo do Universo e fui, em devagares (meus) com um sonho () e fui…( como gosto desta palavra tão próxima do ir…)

24 de abril de 2006

prazeres de silencio

Absorvo o prazer que o silêncio me impõe e deixo que o existir me empurre na inércia de me esconder das cores e de me permanecer na noite, em osmose de mim


me=muito egocentrico

20 de abril de 2006

um pequeno nada

Ocorre-me, um NADA,
Pequeno (como o são todos),
Quase lilás-papoila ( cor de papoila triste ao fim do dia, antes de fechar e sem vontade de dar boas noites, ás amigas que resolveram não se deitar porque vão ao baile ás escondidas…de quem? não se sabe, é quase um nada, quase mistérios, mas estes mesmo sendo um nada, por vezes são grandes, porque desconhecidos…),
e
não sei o que faça com ele ( o NADA).
Desfaço-o
e
pronto!
Desenlaço de vez ( unica) este vazio que me tropeça na sombra e viro o dia![ como andam emperrados estes dias desnascidos sem cor, a pintar a primavera num embaraço (de um azul-quente-de-sol) desfeito…]
O horizonte ( de longe) foi abraçado por montanha*. Gigante. Aqui perto…num quase NADA. Pequeno…com sabor a água-de-nevoeiro-a-fingir-se-céu...

*avisto o Marão desta janela pequena ( quase um nada)

19 de abril de 2006

ausente

Estou ausente, não sei de onde, mas ando por aí, sem procura, sem pousar sequer na sombra, como quem se guarda numa gaveta, ou simplesmente se transforma em nuvem.
Ando de olhos-espelho, numa espécie de jogo de devolver a vida ( sem demasiada força, ao de leve, não fora ela ficar longe do alcance do horizonte).
Ando por aí em passos lentos, só meus, a respirar o universo…

13 de abril de 2006

desenrolar o dia

O dia apareceu a espreitar, assustado. Frio. Despido de sonhos…guardei-o no bolso e na tarde enrolei-o qual cordel e lancei-o longe a rodopiar-pião nas margens do começar…

12 de abril de 2006

à procura de resposta

Perguntaram-me se “ouvia o sol…”
( assim, tal qual, com a admiração toda na voz, "Tu, não ouves o Sol? ")
Fiquei a mastigar resposta, intrigado por andar desatento.
Para O ouvir, era mais fácil se tivesse nascido flor-qualquer … (elas o-u-v-e-m o S-o-l… disse-me em segredo, e escondida da noite, uma gira-lua…)
eu,
ainda não descobri o som de cada cor...

11 de abril de 2006

respirares

O mais belo poema é aquele que se liberta da palavra. Quando se escreve “flor” a poesia não está na palavra, nem no desenho, está inteira no existir…no respirar da cor que se torna única em cada instante em que se vive…

6 de abril de 2006

os acasos que me escrevem os dedos

O acaso envolve-me. Teima em escrever sem sentido, palavras soltas que me fogem sem me serem minhas. Deixo deslizar o aparo apenas com a curiosidade de saber qual a forma e lugar que elas (palavras) tomam nas fronteiras da alma. Deixo que aconteçam, como se fosse possuído por um destino que não me pertence. Senhor de um mundo de absurdos em cinzas e negros…
ah, fossem (só) azuis as palavras que me escrevem os dedos e eu era um mar de cores a pintar uma seara de girassóis a brincar com sombras de saltimbancos, a fazer vénias aos ventos alísios  

5 de abril de 2006

subir aos azuis

em menino subia às árvores ( num impulso quase selvagem, animal…),
lá,
depois de todos os verdes
o céu era inteiro de azuis,
eu,
uma formiga a fingir-se gigante…

4 de abril de 2006

pressas justificadas

Hoje saí apressado, sem bons dias, nem meios-nadas.
Fui.
Decidido, a correr para o futuro , antes que ele me acontecesse…

3 de abril de 2006

escaladas

Andei a escalar as memórias. (Há dias assim, que imobilizados no sentir, viajamos no espaço á procura de pequenos nadas que nos dêem sentido e cor aos dias em que nos sentimos difusos no existir...)
Dei com a descoberta dos dias em que passeávamos em família de carro ( vezes muitas apenas por aí, sem objectivos de chegada, apenas com a vontade de ir). Viajávamos o Ver (num Simca branco com uns faróis a imitar olhos em desorbita... ).
Oiço, quase nítido, a voz do Pai ( com a ansiedade toda de um instante que não se pode perder) dizer imperativo " Abram as Janelas!"
Aquele momento transformava-se num mundo mágico em que os cheiros de toda a serra ( árvores, terra, aves, formigas e coisas outras que tais) nos abraçavam a pele e os sentidos, à velocidade de um sorriso de uma família inteira a passear-se num velho carro com olhos esbugalhados...
Hoje, pergunto-me ( nesta inércia de dias que passam sem existir) porque não saíamos do carro e entravamos na serra, para nos deixarmos abraçar por ela própria ( sem a velocidade de um ir)?
Devia ser ( certamente o era) da pressa de chegarmos cedo a lugar nenhum ( cousas de vida moderna...)

30 de março de 2006

do avesso

(fotografia de Patrícia Sucena de Almeida)
Caminho no espelho que me amarra na sombra, preso nos gestos… olho-me invertido, quase sem grito e desenho-me revolto de não me saber no eu que me desordena o sentir e o VER…

29 de março de 2006

ao vento, com a loucura de Ser, ou a confusão de me passear vazio

Ah, esta loucura de me passear vazio, à procura do abismo que me persegue em sombra, vai acabar em aguarelas cinzas, matizadas de pétalas de papoilas-novas, em forma lágrima de palhaço que ri, a navegar na Nau Catrineta, com as velas a bolinar descobertas, nos labirintos que me preenchem o eu…

NOTA: não podia deixar de ser confuso, até para quem escreve, pelo que se aconselha a não leitura e deixar que o dia passe...

28 de março de 2006

trilhos...

lancei uma pedra ao rio,
como quem se desembaraça do coração,
prendi-a
no leito,
no fundo do lodo,
(fria),
com as minhas próprias mãos,
tatuagem de um trilho,
ferida,
(rasgada no peito,
de um vagabundo de estrelas azul-mar
)
nas aguas que lavam
a dor
de quem respira
o (a)mar
com o sentir do olhar,
em jeito de oração…

27 de março de 2006

sem paragens

que o tempo não pare,
nem um segundo
ou momento
que corra no seu silêncio
e
me leve no eu
qual cavalo sem medo…

ah, esta ânsia de ser futuro,
não hoje,
nem ontem,
AGORA!
JÁ!
livre do amanhã que me prende o presente….

25 de março de 2006

sem fado

sonhei com uma guitarra a escoar todas as cores de uma lágrima,
selvagem,
sem fado...
fecho os olhos, para lhe sentir as águas-de-um-som,
que não é canto,
nem poesia,
corre qual rio, sem margens,
nem lado,
suspiro de ninguém,
pura fantasia,
som de além
que chora
sozinho
calado…

23 de março de 2006

(des)orientações

sou marinheiro de nuvens
que,
cansadas
se deixam cair, exaustas de serem sonhos-de-anjos-sem-asas...

22 de março de 2006

ilusões do Eu

Abri um abismo e sepultei todos as sombras-que-me-habitam-em-fantasmas-de-névoa-cinza, como quem se ilude que semeia primaveras…

21 de março de 2006

apenas

desenhei lágrima (desamada) do avesso,
uma
(só),
parecia cristal...
quase ,
caixa-de-cores-aladas,
escondida num vitral…
(andorinha-do mar?
sonho?)
apenas uma historia, que fugiu de um lápis a voar

É obrigatório Ir...

Onde o obrigatório se transforma, necessariamente num passo voluntário de ir ouvir sons contemporâneos sonhados por quem os pinta...

4º Workshop Gulbenkian para Jovens Compositores Portugueses

Dia 24

Jaime Reis
Reificação espectral

Hugo Ribeiro
Impromptu

Teresa
GentilLaevus
Silens Clamor

Gustav Mahler
Adagietto da Sinfonia Nº 5

Dia 25

César de Oliveira
Chiarezza lontana, respiro affanoso

Luís Soldado
Uno, Nessuno e Centomila

Bruno Soeiro
Unveiling anguish

Béla Bartók
O Mandarim Maravilhoso
ORQUESTRA GULBENKIAN
19h00
Grande Auditório

20 de março de 2006

guardador de gritos

guardei toda as chaves das portas que me labirintam,
numa árvore,
sem raízes…
nos (des)passos,
que me antecedem,
mergulhei no vazio de mim…

insurrecto de existir…

17 de março de 2006

como quem cheira terra-humida-de-sol

vi o sol chorar
e
a espalhar lágrimas de bolor-colorido por entre os vazios do universo, como quem semeia pirilampos-nas-noites-escuras-dos-sonhos-inacabados, em searas-de-grilos…

16 de março de 2006

as quietudes de um dia

Hoje , (só)
a vida correu-me serena nas veias.
Devagar,
como um rio que se espreguiça ao Sol, sem pressa de chegar ao Mar

15 de março de 2006

as deslembranças

a (des)memoria tem esta virtude ( mentirosa? ) de inventar o tempo,
e
d’o brincar,
colando-o,
sem lhe pedir autorização ou obediência,
(adiando-o?) ...
[ganha uma espécie de liberdade que navega,
sem verdade
nem limite,
que transpira na pele, misteriosa-de-ausências,
( carente?)
como uma flor-rebelde
que se fecunda
ao sol
em voares
(suspensos?)
lentos
de um caracol,
pintado ,
irreal,
num desenho,
sem ponto final]

nota: devia existir um itálico inclinado… ao contrário, uma espécie de portucálico…
Informáticos, Inspirai-vos!
( assim sou obrigado ao que não gosto. usar parênteses rectos, como se coubesse matemática no que escrevo)

14 de março de 2006

o nascer de uma pedra

nasceu uma pedra!
no chão!
assim,
do nada,
sem mãe
pai,
ou irmão!
intrigado,
peguei-A, como quem sente...
( de leve )…
estava quente!
( só podia ser do coração! )

(...estranho mundo,
este,
onde as pedras se vestem de pele, com o existir... )

13 de março de 2006

ensinar o desenho

Papá, Papá,
Ensina-me a pintar com as lágrimas do Sol!
Ensina-me, depressa a pintar um Sonho, com a intensidade-inteira-de-quem-acredita…
Ensina-me Papá!
Tenho a urgência de um-agora, não vá Ele fugir…
Ensina-me papá, a desenhar a alegria-de-inventar-o-Universo-que-me coube-no-existir…
É tão urgente, papá!

12 de março de 2006

segredos

guardei um segredo no ventre d’um fruto,
e
larguei-o
ao vento…

( ah, porque nasci na ignorância de saber desenhar a flor que nasce semente-do-que-me-vive-no coração!)

11 de março de 2006

aula...(des)conseguida

passei o dia a ensinar o mar a ser gaivota…
levantava-o aos céus,
e
largava-o,
(divertido)
mas,
teimoso
(e
livre),
transformava-se
em cabelos-de-chuva,
a fingir-se
de espuma
alva-de-onda,
branca-de-ave…
(gaivota?
nem uma!)

10 de março de 2006

cousas de aves ( ou de voares...)

o céu desceu
e
levou-me,
pendurado nas nuvens para a terra-das-histórias-desenhadas, onde os homens se confundem com um violino-vagabundo-a-imaginar-se-menino…
(ah! fosse eu,
apenas o que sinto,
e
era de certo,
um flamingo,
peregrino…
)

( o autor destas palavras escritas, tem quase sempre relutância em dirigir o sentido das palavras, mas vezes há em que ele, tem o seu próprio dicionário, escrito com o tempo, e direccionar uma palavra de vez em vez, é cousa que se perdoa, por isso aqui fica que terra-das-histórias-desenhadas, se refere a nuveares, onde todas as histórias desenhadas são aquelas que se vivem no olhar, sem a clara obrigatoriedade de serem Vistas, bastando tão só serem sentidas. donde se deduz facilmente que é terra-de-todas-as-hitórias-possíveis)

9 de março de 2006

se...

fosse hoje primavera
e
não estaria aqui a guardar palavras,
andava por ali,
eu-próprio,
a pastorar todas as cores,
que dançam,
a fingirem-se azuis!
fosse hoje dia de luz outra,
e
era
eu-o-rebanho-mesmo,
mascarado de flores-de-iris,
a voar sem ermo
nas asas de um colibri…

8 de março de 2006

gosto

Gosto quando a vida se transforma
( resume,
sintetiza )
numa
( simples )
gota de chuva que guarda todo o mistério de um Universo inteiro por descobrir
( é o meu gosto,
mutilado-de-passados,
mas
que se maravilha constantemente em adivinhares… )

uma gota de chuva, carrega no seu peso, toda a idade do Universo!
( por isso cai! )
A queda de uma gota de chuva, tem todo o movimento do Universo!
( por isso gosto! )

7 de março de 2006

espera

sento-me
de sol
e de horizonte
à espera
ávido de descoberta(s)…
qual predador
de caça,
espero,
as palavras
vindas-da-primavera
sem que nada faça,
até que nasça,
história,
verso,
ou cousa outra
( quase nada )
que satisfaça
esta procura
de poeta
sem palavras…

6 de março de 2006

dançares

as árvores dançam,
loucas,
de serem verdes…
dançam,
abraçadas ás nuvens
embriagadas de “sedes”
bailarinas?
não!
essas,
já partiram,
enfeitiçadas de “alices desenhadas em baralho de cartas”
(d-i-s-s-e-me,
em segredos,
borboleta-avó,
pintada de violetas,
que voava,
só,
dentro de mim)

Nota: sem correlação qualquer ao escrito ou ao sentido: “ as borboletas são pólenes a esvoaçar com desenho