31 de janeiro de 2007

Desenho em pó de giz o que o vento me diz, pigmentos em chama que se gravam na alma, incompletos, imperfeitos,,,vivos

Parei para te ver
(de fronte)
para te desenhar
(ao pormenor)...

Só me falta um traço
( num único esboço que faço)
e
cor…

Espero que a gaivota passe
e
pinto o perfume da fonte que nasce,
esculpida na alma d’uma flor…

Só me falta um passo
para dizer “amor”…

Coisa simples,
um pouco de terra,
um beijo semente
sete lágrimas ( uma de cada cor,
sem dor)
e
sol
suave, quase ternura…

Simples
esta escultura
gravada em pedra pura...

Só me falta um traço
e
cor…


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o Palhaço de D. Quixote foi à China e ficou de olhos em bico

29 de janeiro de 2007

Entras de noite, sem sombras, negra, escura de perfumes suaves, a abraçar-me a ilusão com se colorisses a solidão do sonho

por vezes, à noite,
no silêncios dos pássaros
vejo-te
( em passos lentos)
e
oiço-te os olhos ( de
alabastros-negro)
a cantarem,
saudade
em sussurros baços
e
beijo-te
como se fosses
verdade.

24 de janeiro de 2007

Dias lentos, que se entre laçam na pele cavando interiores,,,cavernas sem fuga

agarrei no eu, com todo o cuidado

coloquei-o de fronte
e
fitei-o…

andei por ali, ao redor, de cima para baixo
e
em sentidos contrários,

ao lado…

estava estragado…

(fundo)

e, eu, ali, a olhá-lo,,, desfocado…

( subterrâneo,,,cutâneo, defecado de mim…)

...

( defunto?)

22 de janeiro de 2007

os olhos pensam, quando cegos, desenham quando secos, só depois choram…

Transporto nos olhos uma guitarra de silêncios…



Vazios



(Cigarra nocturna,
que ara a terra ao
som de búzios,
na sombra da lua,

que erra nos rios,
cobertos de hera.)




Transporto nos olhos uma lágrima da guerra…

19 de janeiro de 2007

agarrar o dia, com dedos pinça, quase afecto, carícia e pintá-lo com pincel d’agua abraçado pelo sopro leve das asas do vento,

é brincadeira minha quando o dia nasce perdido na névoa…

acordei em dia, pintado de pedaços,
(destroços,
insangues
langues,
mornos,
distantes
),
peguei nele. embrulhei-o em papel (de Natal).
guardei-o. pendurado no nevoeiro que apareceu,
matreiro, a colorir o papel…
aguarela?
pastel?
amarelo-real, castanho-mel!

o dia voltou,,, (na noite a seguir)…

eu?
não quis ir…

preso no pólen
a desenhar borboletas
(quase cor, a girar em carrossel, sem girafas de papel)

fiquei,
estanque,
a ouvir as asas, em movimentos de pincel…
( já ouviram o que dizem as asas a voar d’uma borboleta, desenhada no pó do pólen de um nevoeiro, sorrateiro de brisas lazulis? já?
oiçam com olhar gigante! parece sereia a cantar saudades do amante, sopro de vento navegante,
reflexo,
lágrima de diamante…
)

18 de janeiro de 2007

Jogava pedras, esculpidas para o céu, e imaginava-as nuvens, quando chovia punha-me a adivinhar em cada gota, qual a minha pedra colorida

o céu iluminou-se (de noite) com pingos de luz a derreterem-se em sonhos…
descobri um, perdido,
gasto,
(era meu)
já antigo,
lembro (eu)
de o atirar para o céu
era,
(ainda)
menino,
sonho traquino que brincava divertido com um amor-pequenino…
encontrei-o,
esbatido,
pó colorido
de um sonho
(já)
vivido…

17 de janeiro de 2007

tudo o que sou está do lado de fora, em formas de tudo, Pesa o-que-o-olhar-desenha e voa com o sentir…

dentro de mim não há nada, (som cego),
oco,
eco?
sonho?
o que tenho está,
na pena-d’asa-de-uma-cotovia, (no-olhar-que-pensa)
e
cai,
quase leve,
suspensa,
no dia.

15 de janeiro de 2007

14 de janeiro de 2007

encontrei, num dia em que passeava distraído, um céu vaidoso, que se vestia todos os dias a condizer...

(irreverente, dei comigo a pregar-lhe partidas a ver se o apanhava distraído ...)

desenhei em papel incolor, uma árvore,
azul,
partitura de chopin,
em tons de piano
e
de pain...

por ali fiquei
em sentido
a aguardar
( não sei se a ouvir se a ver) o nascer do céu, curioso de lhe sentir a cor, que trazia vestido…

10 de janeiro de 2007

A guitarra toca. Toca-me em som de sombras-de-aço. Quente de lágrimas de cansaço-dedilhado, sem espaço.

tenho sede (de ser)
guitarra que grita
e
agarra,
o amanhecer...

tenho sede (de ser)
trovoada (tambor alado),
cigarra,
adereço de palhaço-calado...

sede,
demente de ser,
(só)
semente,
laço sem nó
e
nascer,
pássaro-de-pó,
inacabado…

8 de janeiro de 2007

soubera eu falar de ti, e não desta cousa presente em mim, e as letras eram perfume, e o poema era lume, soubera eu olhar para ti …

olho o céu ( sem azuis)
negro de abismos
e
imagino uma flor
( gota de sangue, espinho de dor)
rasgo as raízes de mim, pedaços sem nome (escuro)
ventos de noite (sons de coiote,
poço sem muro)
risco a noite
(cinzelada, com traços fundos)
carris ( paralelos, sem fim)…
olho o céu ( sem azuis)
e
pinto, esculpidas no vento,,, aguarelas ( despidas de mim)…
falasse eu de ti
e
o
abismo
era chão,
com perfumes de alecrim…
olho o céu
( azul)
de verão
(profundo),
botão
de rosa sem jardim, (brava)
gravada nas ondas,
inacabada
gaivota tatuada em nuvens de cetim…

5 de janeiro de 2007

olho o espelho estilhaçado, ali, além, pedaços de estanho, palhaço estranho de mim

Sou,
Jardineiro de sonhos,
pintor de bancos,
brancos,
sujos de mim,
( nuvem acre,
palhaço manco,
vestido de Arlequim)…
Sou,
Saltimbanco,
vagabundo de sargaços,
cavalo andante,
feirante
andarilho do ali…
Sou
Ventos contrários,
pedaço de ti,
migrante,
aqui!

2 de janeiro de 2007

tempestades num céu que se olha pintado de ventos

respiro a liberdade de estar aqui,
preso em ti
a colorir sonhos errantes,
(rios sem mar, nem nascentes,
águas transparentes,
sem amante)
sozinho,
nesta fantasia
de navegar na tempestade de mim...

1 de janeiro de 2007

começa aqui, neste ponto ou em qualquer outro. o que conta é o instante

o desenho do horizonte não tem fim. começa aqui
e
foge,,,libertino,
ondulado em searas-do-ali…
ah,
fosse outra a luz que voa,,,além, a brincar em mim
e
o horizonte não era assim,
era gigante no sentir,
em tons de sonhos-de-arlequim...