8 de setembro de 2011

vazios

escrevo,

no silêncio dos alísios,

sem fé ( nem crença(s)?)

cresço,

(só?)

dentro de mim, embriagado de universos…

regresso ( de cada noite?),

ausente

( sem o som das ruas, despigmentado de mim)

procuro o lugar do tempo ( templo?)

para me localizar e corro em bicos-de-asa ( a divagar?)

em pisa-que-pisa no lagar-das-madrugadas-serenas…

estilhaço-me no tédio-da-ilusão,

pão-seco de tempos cansados

na sucessão de noites desacordadas ( na luz-das-paredes-caiadas,

vazias?)

caio,

no marulhar da alma

sufocado no silêncio interminável dos abismos ( que me traem no sorriso da lua)

morro, nas asas-dos-pássaros-mancos que navegam na bruma…

um lugar que não me habita mas que me estrangula o horizonte ( inóspito labirinto que me navega as noites gravadas na desmemória dos saltimbancos loucos, coloridos de arlequins)

afago a sombra com o sol ( descolorido em águas doces) que voa entre as páginas desertas, em devaneios ateados no desejo de te pintar,

desnudada,

em tela, sem palavras, sem sílabas, sem símbolos,

pinto-te, na negritude do eu-que-me-finge,

pinto,

a noite

e escrevo

futuros,

(uma e outro, sou eu, separado de mim)

viajo no olhar de cada um que me tatua, para me conceber inteiro

e vivo-me sem cabeça ( como as árvores)

e respiro-me!

não tenho papel ( tela branca? ou de cor qualquer) para te desenhar,

por isso caminho nos pigmentos-do-sol ( que se transmutam em gotas de rio e desaguam nos ventos-das-nuvens-nascentes)

que brincam ( quase menino, quase criança) com o tempo-e-as-desmemórias, em jogo irrequieto de cores inventadas-no-anoitecer-do-sono e deixo-me embalar no suicídio-colectivo-das-palavras,

até sentir na pele-da-alma,

o vazio de mim

7 de setembro de 2011

guardião

Guardo entre os dedos da pele,

O caminho do mar,

Perdido nos silêncios dos passos,

Voo

Para nascente,

( sem destino outro

que eu-próprio-em-sol-poente)

6 de setembro de 2011

espera

Nos solavancos do tempo, vou,

em rumos desencontrados.

Procuro os instantes que aguilham o destino e pintam a cor do sorriso,

(areias sem deserto,

no desalento das noites,

aromas de angústia, a transpirar desejos).

Estou quase pedra (estátua?), sem raízes, na demanda das estrelas, como se o voar fosse o próprio universo e o sonho a luz que me respira (nas memórias de te sentir na pele).

Espero,

estilhaços que me abracem e me levem o sal, que transpiro…