Tacteio ,
cego,
a
cor da folha,
seca.
A
pele do olhar desenha as fronteiras da árvore que a expulsou da seiva,
guardo-a
em mim, para outros futuros,
(transformo-lhe
a história e a forma),
só
a cor persiste ( bela!)
(Porque
só ela é semente!)
tenho uns olhos em forma de lápis, mas nem sempre de cor... Sei que sou esquisito mas a vida moldou-me assim... ganancioso de SER por inteiro e não me caber por inteiro em mim.
Tacteio ,
cego,
a
cor da folha,
seca.
A
pele do olhar desenha as fronteiras da árvore que a expulsou da seiva,
guardo-a
em mim, para outros futuros,
(transformo-lhe
a história e a forma),
só
a cor persiste ( bela!)
(Porque
só ela é semente!)
Espreito
pela pele, ( num corte sem cor),
não
para ver, ouvir ou sentir,
espreito
para respirar o abismo que me toca a imaginação…
O existir tem uma mecânica física (universal),
a
alma também,
só
que se esconde no olhar (individual)!
Uma
é o eco da outra,
mas
só uma é semente!
(o
poeta,
sentado,
(qual estatua, de queixo apoiado em mão de escultor),
de olhar maravilhado,
tenta
desvendar o que nasce de cada uma, mesmo sabendo de fé que só uma é semente).
Estendi o mapa dos meus caminhos,
nas
dunas,
(tenho
os caminhos ondulados como as ondas do deserto).
Escolhi
um e colori-o de rio,
(…)
só
me falta desenhar o mar!
Na minha rua há um relógio gigante,
sem
tempo,
cansado
de existir, com as mãos a rezar às nuvens…
eu,
(menino)
conto as pedras da calçada,
as negras,
que as outras são ossos-do tempo que o relógio
não vê…
(os
relógios são incapazes de medir o futuro, mesmo os gigantes que olham a cidade
no cimo dos andaimes de Deus!)
Nos olhos de uma gaivota está um azul,
Nos meus,
um ponto sem cor,
que tatua uma linha irrequieta, sedenta por desenhar a
história que me respira o destino...