13 de setembro de 2020

persistências

Tacteio ,

cego,

a cor da folha,

seca.

A pele do olhar desenha as fronteiras da árvore que a expulsou da seiva,

guardo-a em mim, para outros futuros,

(transformo-lhe a história e a forma),

só a cor persiste ( bela!)

(Porque só ela é semente!)

8 de setembro de 2020

no de-lá da pele

 




Espreito pela pele, ( num corte sem cor),

não para ver, ouvir ou sentir,

espreito para respirar o abismo que me toca a imaginação…


6 de setembro de 2020

estátua

O existir tem uma mecânica física (universal),

a alma também,

só que se esconde no olhar (individual)!

Uma é o eco da outra,

mas só uma é semente!

(o poeta,

sentado, 

(qual estatua, de queixo apoiado em mão de escultor),

 de olhar maravilhado, 

tenta desvendar o que nasce de cada uma, mesmo sabendo de fé que só uma é semente).

5 de setembro de 2020

mapa

Estendi o mapa dos meus caminhos,

nas dunas,

(tenho os caminhos ondulados como as ondas do deserto).

Escolhi um e colori-o de rio,

(…)

só me falta desenhar o mar!

4 de setembro de 2020

os relógios da cidade

 Na minha rua há um relógio gigante,

sem tempo,

cansado de existir, com as mãos a rezar às nuvens…

eu,

(menino) 

conto as pedras da calçada, 

as negras, 

que as outras são ossos-do tempo que o relógio não vê…

(os relógios são incapazes de medir o futuro, mesmo os gigantes que olham a cidade no cimo dos andaimes de Deus!)

3 de setembro de 2020

olhares ( serenidades?)

 Nos olhos de uma gaivota está um azul,

Nos meus,

um ponto sem cor, 

que tatua uma linha irrequieta, sedenta por desenhar a história que me respira o destino...