24 de julho de 2004

personagem

Insisto na personagem, que moldo, traço por traço, no existir, com tudo o que comporta a imagem. Falta-lhe vida. Cor não basta para ser mais que personagem, quanto muito reflexo, face, pedaço. Ando cansado para me fingir, para manter vivo o desenho em  que me pinto, por isso deixo-me invadir pelos reflexos ( os reflexos e os labirintos perseguem-me no cansaço do ver). Só no silêncio me vejo autêntico. É num mundo de ausências que me sorrio sem sombras. É na ausência que me cresço em Mim. As palavras que me fingem a personagem doem-me. Quando mergulho ou voo, ensino-me a andar. Vou aprender a desenhar a palavra ouvir, para saber espreitar a ausência sem ela me pressentir...



2 comentários:

D disse...

É o silêncio que nos devolve. É no silêncio que nos devolvemos. Em que nos permitimos gritar o mais estridente pedido de ajuda. E é no silêncio também que uma mão estendida pode saber tão bem, tão certa, tão vida.

Anónimo disse...

A ausência pressentiu-me, assaltou-me.