16 de agosto de 2007

uma cávena ( vazia?) de palavras...

Fugiram-me as palavras ( ou as memórias?) aterrorizadas de serem “sentires vagabundos” melancólicos e mal tratados. Esvaziaram-se de sons, desavindas comigo ( ou eu com elas?). Zangadas ou não, mergulhei no poço, (descalço e nu de negritudes) e repesquei-as uma a uma, num puzzle desconexo, (retrato fiel do meu desencontro com o vazio e a vida) e soprei-lhes sussurros de perdão por inauditos mal tratos. Disseram-me depois ( à noite, entre estrelas e nuvens) que as não maltratei a elas mas a mim, porque isto de andar sempre vazio e sem rumo era coisa de louco ( ou de cobarde?), qual marinheiro de agua doce que se inventa em tempestades e aventuras que só o poeta sabe desenhar como reais.
Acordei ( ou dessonhei?) com a disposição clara de voltar ao convívio com as palavras e o desenho, (forma egoísta de não permitir a passagem o tempo e de me embriagar com o vento ou o mar e sentir-me, eu, igual a mim, num reflexo sem espelhos...)
O desencontro ( ou a paragem?) não me favoreceu, pois o tempo passou e eu não! Desperdício puro de uma lágrima que me era destinada para a vida e que deixei fluir sem lhe sentir cor, nem de saciar as sedes.
Disse-me o mestre que é preciso acordar vazio em cada amanhecer, para que o tempo caiba por inteiro no dia que nos calhou para descobrir e de nos maravilharmos em permanecia em consequência de irmos de OLHOS, mas o vazio que me entrou, sem a companhia suave das palavras que se sopram irrequietas foi outro, mais negro, mais pesado e usado de angústia.
Este que se me colou hoje no acordar, era esse outro vazio que o mestre nos disse em murmurejo sábio e sorriso matreiro, como quem diz uma verdade que só pode ser ser desnudada por cada um...
Fui á procura da minha, por isso voltei ao caminho e ás palavras que são quem o desenha...

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