9 de novembro de 2007

duvidas, ou novamente a procura? ( ou o acaso?)

Enquanto as noites se alongam na inquietude, e os olhos se adensam de duvidas, umas tornam-se mais difusas, quase verdades, e outras endoidecem-nos num bailado intermitente, quase desfocando o limiar da angustia, perseguindo-nos e incitando-nos a uma permanente procura, como peixe que faltando-lhe o ar na agua, o procura nos céus.

Não é estranha, para mim a pergunta final, aquela que nos daria o sentido de existirmos, aquela que nos iluminaria sobre a nossa missão, a nossa função neste embaralhado de labirintos e de destinos ( aos quais eu insisto em chamar de acasos).

Numa das minhas caminhadas entre silêncios e chaparros, entre cigarras e papoilas, lá para os lados do Sorraia,
( como se fosse importante o ponto, a cruz da latitude e longitude do lugar…) ,
dei com os olhos numa colmeia, pendurada e escondida num enrugado sobreiro.
Detive-me, não de admiração, mas porque no ponto de fuga, avistei um povoado no longe.

Na linha que unia a colmeia e a casa, uma recta e na recta a duvida!

O que nos leva, a nós humanos a considerar uma colmeia um elemento natural e uma aldeia, ou uma casa um elemento estranho à Natureza?
Porque é que uma represa de castores surge no nosso imaginário como parte natural de um sistema e uma barragem se torna tão incisiva na alteração do meio?
Em que difere efectivamente um ninho de cegonha de uma das nossas casas?
Se não duvidamos nós , humanos de sermos produto de uma evolução natural das espécies, porque consideramos então que o produto da nossa inteligência é cousa artificial? ( porque nos sentimos superiores ao Natural?)
Não há (hoje) duvidas que a espécie humana alterou o sistema e que nós humanidade produzimos alterações que afectam o equilíbrio , Como também não temos duvidas que a Natureza procura inevitávelmente o equilibrio.

O que me pergunto é: a que equilíbrio nos vai levar a Natureza, após este desequilíbrio provocado por um dos seus elementos ?
Terá a extinção dos Dinossauros sido provocada pela sua supremacia?
Não terá sido a supremacia natural dessa espécie que provocou o desequilíbrio? ( ou o acaso?)
Não terá sido a procura desse equilíbrio que originou as condições que possibilitaram o aparecimento do Homem? ( ou o acaso?)
O que originará este próximo equilíbrio?
Serão estes desequilíbrios programados?
Produzindo a supremacia de uma espécie, um desequilíbrio, será que qualquer supremacia provoca a sua proporia extinção? ( a História Humana está recheada de sucessivos impérios….decadentes)
Terá afinal a nossa inteligência um fim comum que culminará na nossa própria extinção?
Teremos de facto Livre-arbítrio, ou a nossa função encontra-se perfeitamente definida, programada e direccionada para a extinção de forma a provocar o equilíbrio, ou o desequilíbrio?
Será esse o nosso desígnio colectivo? Ou o nosso desígnio colectivo é atingirmos a nossa não-supermacia , condição única de sobrevivência?

Sento-me, debaixo da sombra do sobreiro e sinto que naquele instante todo o meu caminho me leva ali, única e exclusivamente para ouvir o vento…( ou o acaso?)

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