28 de agosto de 2004

ainda as cores

As cores mesmo que criadas ou inventadas por nós, não são como os filhos, são como as pessoas. Gostamos mais de umas que outras. As que gostamos muito, quase não lhe tocamos, ficam no olhar e deixamos que elas sejam tal qual, porque nos encantam e nos maravilham o sentir. As que gostamos menos, lançamos-lhe um olhar e sem querer, ou querendo, mas sem o sabermos, começamos a interferir, um pouco de amarelo, um toque de azul, um pingo de verde, dois de vermelho, até gostarmos, até ficar a nossa cor que gostamos muito. As que não gostamos, damos-lhe forma, desenhamo-las e usamos todas as cores de que gostamos para nos sentirmos em comunhão com o reflexo, da forma e da cor. As outras, não existem, não nos cabem no sentir e na intimidade. São de outros, têm outra multidão a gostar delas, muito ou pouco, tanto faz…

Eu sou íntimo de poucas, sou um pintor de poucas cores, gosto muito de desenhar…

2 comentários:

lique disse...

E só misturas na tua paleta as cores de que gostas ou a que tu deste forma. Mas isso é (digo eu) o caminho mais fácil. Não podes ignorar as outras cores. Elas existem mesmo que não as queiras ver. Bjs

almaro disse...

Lique: tenho que discordar contigo. As cores da minha paleta, são todas as que o meu olhar capta. Tenho consciência, que há outros conjuntos de cores que me ultrapassam, que não me passam pelo sentir. Um dos desafios da vida, é esse mesmo, VER, alcançar com o sentir e com o olhar, o Universo...
Quando sinto e escrevo que sou pintor de poucas cores, estou eu próprio a desenhar-me!