29 de agosto de 2004

ir...

Abriu-se porta na alma,

no corpo

e derramei-me entre a calçada,

branca,

negra,

calma.

Carcaça espantada,

ressequida de nada.

Hoje não me ando,

não caminho,

no fio,

não olho,

vazio.

Sou noite escura,

maré viva, sem praia.

Sou sal,

cor,

rio,

mar,

sangue,

cera,

estanque,

grito de dor.

Arame,

garrote de morte,

sem fé,

sem norte.

Fechem a porta,

abram as janelas.

Quero luz,

forte,

vento e velas

e ir,

em sorte…

6 comentários:

Refúgio Lunar disse...

Ir... para se ler num só fôlego.
Abraço

BlueShell disse...

Queres....e o querer será suficiente para te levar Longe onde quer que queiras ir. Tu podes, serás o teu herói...segue teu rumo, o teu Querer...Bjs, BS

lique disse...

Gostei desse poema que parece escrito só de um fôlego, como um grito de alma. Essa vontade de ir, partir, surge por vezes mas para a concretizarmos, necessitamos de um rumo. Ir "em sorte", por vezes não chega. Bjs

Anónimo disse...

LetrasAoAcaso


Diria que se abriram as comportas dos sentidos.
A beleza vem da linguagem primeva sem dúvida.
No príncipio era apenas poesia...
Belo.
Abraços

Voltei ao "Letras"...

nocturnidade disse...

belo poema sobre a imensidade da alma, foi essa pelo menos a minha visão. :)

D disse...

Ir está contido em Vir. Parte-se para poder voltar. Sempre. Mesmo que a um diferente lugar, mesmo que ao desconhecido. É sorte...!