20 de outubro de 2004

reflexos de uma reflexão sem sentido…

Os sonhos têm uma sonoridade muito própria que nos confunde o ir.

Há um encantamento do que somos, numa fantasia permitida que nos constrói o instante com a realidade que nos vive no EU.

Continuo o a gravar os passos com pegadas vagabundas, num deserto com perfumes de mar-de-madrugadas e no entanto aqui estou,

difuso,

confuso,

nos números, enfeitado de autómato, fazedor de muros, de ruas, de cidade, de sonhos outros, de outros e meus.

Continuo, louco (digo-me em consciência, em repetidos alertas, não vá alguém não ouvir-me), pois não Me sou senão no sonho e na cor.

Os sonhos (os meus, que não tenho fantasia cientifica para outros. Assim não fosse e seria um louco, esquizofrénico) são uma espécie de passos corroídos que só alcançam o sentir com as asas. Talvez por isso me sinta gaivota, Vagabunda, porque não sabe o Norte.

Hoje sentei-me em cima do sonho para o não deixar fugir. Prendi-o no desenho, numa delicada Rosa-dos-Ventos, cheia de coloridos, direcções e sentidos, mas o malandro voltou a escapulir-se pelos olhos num voar de arrepiar a emoção.

Um dia destes ainda o agarro…



8 comentários:

musalia disse...

Os sonhos não se prendem, se assim fosse deixariam de ser sonhos. O Norte, onde é o Norte... talvez seja a direcção em que a gaivota voa, mas ela voa em tantos sentidos. Ou talvez, o Norte caiba apenas dentro do sonho...
beijinho, Almaro.

M.C. disse...

Hoje estás assim, tão humano, tão mortal. Hoje estás muito homem (que tem asas sim!) e tentas agarrar a gaivota que há em ti para que não percas a capacidade de voar. Os sonhos levam-nos... voamos neles e com eles. Que bom seria agarra-los! Eu (que tenho alma de gaivota) tento agarra-los, esconder-me por debaixo das saias dos sonhos, quieta, para que eles não deem por mim e sem querer me levem com eles.As gaivotas são tantas vezes solitárias.Sempre á procura do porto de abrigo no qual não sabem, não querem ou não podem ficar, porque voar (quem sabe nas asas de um sonho) é a sua maneira de estar no mundo.
Louca! Repito constantemente perante os outros e a mim mesmo que sou louca! Mas a loucura é apenas o não estar ou não ser como o que está definido. Que bom que somos loucos!

Lola disse...

Sabes, eu acho que o sonho ainda te agarra a ti.
os sonhos são feitos de açucar e de música
quando atravessamos desertos de azul
quando arquitectamos cidades fantásticas
e depois as (re)escrevemos ao sabor do desejo
... como se fossemos poetas.

folhasdemim disse...

A vida é feita de sonhos. Sonha tudo o que puderes e poderás então prender a realidade que sonhaste. Beijos, Betty

pipetobacco disse...

{ ... gostei do teu texto ... deixo-te uma frase: "as nossas palavras são sempre emoções, qualquer que elas sejam" © pipetobacco ... }

nobody disse...

"Hoje sentei-me em cima do sonho para o não deixar fugir. Prendi-o no desenho, numa delicada Rosa-dos-Ventos, cheia de coloridos, direcções e sentidos, mas o malandro voltou a escapulir-se pelos olhos num voar de arrepiar a emoção." De mestre! Um belo texto, como de costume!

Fátima Santos disse...

"(...)num voar de arrepiar a emoção" Almaro! Almaro! ai os sonhos fugindo e a gente senta-se (ai se se senta!!) em riba deles, acachapa-os, borra-os de tintas...escapam-se...deslindam...os de acordados!! que os outros...ai! os outros de dormidos... esses!! vêm dos confins e não se vão!
PS deu-me um gozo enorme (des)fazer a trama rssss

rfarinha disse...

Como se as reflexões precisassem de sentido para existir ;) bjs