escrevo,
no silêncio dos alísios,
sem fé ( nem crença(s)?)
cresço,
(só?)
dentro de mim, embriagado de universos…
regresso ( de cada noite?),
ausente
( sem o som das ruas, despigmentado de mim)
procuro o lugar do tempo ( templo?)
para me localizar e corro em bicos-de-asa ( a divagar?)
em pisa-que-pisa no lagar-das-madrugadas-serenas…
estilhaço-me no tédio-da-ilusão,
pão-seco de tempos cansados
na sucessão de noites desacordadas ( na luz-das-paredes-caiadas,
vazias?)
caio,
no marulhar da alma
sufocado no silêncio interminável dos abismos ( que me traem no sorriso da lua)
morro, nas asas-dos-pássaros-mancos que navegam na bruma…
há
um lugar que não me habita mas que me estrangula o horizonte ( inóspito labirinto que me navega as noites gravadas na desmemória dos saltimbancos loucos, coloridos de arlequins)
afago a sombra com o sol ( descolorido em águas doces) que voa entre as páginas desertas, em devaneios ateados no desejo de te pintar,
desnudada,
em tela, sem palavras, sem sílabas, sem símbolos,
pinto-te, na negritude do eu-que-me-finge,
pinto,
a noite
e escrevo
futuros,
(uma e outro, sou eu, separado de mim)
viajo no olhar de cada um que me tatua, para me conceber inteiro
e vivo-me sem cabeça ( como as árvores)
e respiro-me!
não tenho papel ( tela branca? ou de cor qualquer) para te desenhar,
por isso caminho nos pigmentos-do-sol ( que se transmutam em gotas de rio e desaguam nos ventos-das-nuvens-nascentes)
que brincam ( quase menino, quase criança) com o tempo-e-as-desmemórias, em jogo irrequieto de cores inventadas-no-anoitecer-do-sono e deixo-me embalar no suicídio-colectivo-das-palavras,
até sentir na pele-da-alma,
o vazio de mim
3 comentários:
O menino que regressa triste, no olhar da tela branca seguindo as gaivotas e os buzios do mar, onde pinta as cores da Vida nas ondas do mar.
Um abraço
não tem papel de cor branca ou outra cor para te desenhar.... mas tem a moldura dos pensamentos, amei este post!!
Lindo seu blog
Escritas facinantes....
Te sigo
Abraços
Preciosa Maria
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