15 de setembro ( se me perguntam?)

somos,

pequenos nadas,

vazios,

formigas,

que gritam a indignação de serem números,

gráficos ,

lagrimas secas,

indiferentes,

rio de ecos,

vozes soltas,

angustiadas de cinza nos olhos,

nos ossos...

sabemos
que somos,

fim de era, de ciclo e gritamos, de sorrisos ausentes...

somos,

fragmentos,
estilhaços,

ruinas que se rebelam, que se agitam revoltas,

formigas gaivota

que se libertam

no protesto de quererem ser um, 

na multidão, 

com nome, 

com olhar, 

com sentir

gritamos o amanhã de nos sentirmos presentes,

foz de um rio,
sem mar...

vazio(s)

oco

de palavras,

de sons (ventos?)

de sentidos…

no entanto

vejo, em tons de azul,

a sombra

que se afoga

no chão-de-mim!

agrilhoar a luz

guardei a luz, fecundada,

num grão de pólen,

à espera da noite

para não se perder

nas cores mastigadas

da terra
( sêca de  sonhos! )

(des) manhãs

acordei da noite  (distraído) a contar sombras,

entre a cor e a ilusão de me sentir, real no sonho ( pigmentos da memória?)

e perdi-me nos contornos do labirinto,

qual palhaço desbotado a saltitar no desenho dos ventos...

aro, (a terra-dos-deuses?)
com sementes de pó,
pequenas estrelas
que fecundam o vento-das-manhãs...

trabalho insano, este de me fingir na noite, ébrio da nascente-do-tempo...

respirares

respiro tempestades na quietude de um olhar,

como quem sente ( bebe?) um beijo ( ausente!)

linhas intermitentes de uma mão cinzelada de destinos

pousei, na palma da mão ( da vida?)

o pólen-do-tempo,

pó-de-luz que os olhos escondem medroso de existir