21 de agosto de 2020

psicanálise de um labirinto

 Por vezes,

(muitas)

caio num labirinto-de-mim, como quem escorrega num quarto escuro e perde o sentido da porta,

 no caso,

da porta-de-mim.

Não sinto angustias ou desesperos.

Nesse instante transformo-me em descobridor,

em explorador de mundos perdidos, permitindo-me a aventura de me reinventar…

Quem perde a porta de si, pode ser qualquer coisa e nada o poderá surpreender, mesmo que se mimetize em sombra,

em borboleta,

gaivota ou serpente.

Quando tropeço nesse labirinto,

e me mergulho inteiro nele,

sou certamente um mau pastor de memórias…

Transformo-me em garimpeiro,

mineiro -de-mim,

sem saber se procuro cristal, ou fóssil,

 se a luz do túnel,

ou simplesmente as aguas do rio.

Nestes momentos sou certamente exemplar de estudo para um psi, seja ele quiatra, ou cólogo  ( não lhes sei as diferenças de oficio, provavelmente o primeiro é um lapidador de cristais, ( ferreiro de cristais?) e o outro um polidor, mas certamente ambos ourives da mente).

Vezes há

(algumas)

que neste estado, perdido de mim e em mim,

jorro palavras de sangue,

não que sinta dores,

raivas,

tumultos, ou intranquilidades…

Estas palavras-sangue, fluem na procura e alimentam-me a descoberta, mantendo-me atendo à realidade-nua-e-crua-do-sonho…

2 comentários:

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...


e para que não olhar a porta que existe e que se perde o sentido

mas, ela lá está!

muitas vezes à espera de um toque apenas

ou de um empurrão para além dela

certamente que sem dores nem raivas,

é mais fácil, mesmo que tudo se transforme

num labirinto de nós em nós

;)

almaro disse...

pi: gosto de portas e de janelas que se abrem sem ser preciso empurrá-las. uma porta que não se abre , não é caminho, é um desenho forçado sem liberdade nem acaso, sinto-me bem no caos do acaso e ir ao sabor do vento...