Desenhei uma estante, esguia.
Escolhi o ponto de fuga, levemente ao centro. Traços verticais, primeiro (nada se faz sem arrimo, mesmo uma estante, esguia), depois os horizontes. Sete (é um gosto que tenho)! Uma estante com sete horizontes, portanto. Depois as janelas, (outro grado que tenho, poder espreitar e ver, mesmo que através de uma estante de sete horizontes). Finalmente os livros (é de livros a minha estante, outro prazer, meu). Livros, de histórias escritas, misturados por todos os horizontes, uns juntos aos prumos, outros, a desenharem janelas. Depois de tudo distribuído, tudo muito bem desenhado e colorido, sentei-me a imaginar os livros que ainda ali não estavam, e as histórias que a minha estante ainda tinha para contar.
Não cabiam.
Andavam a voar, aqui e ali, entre os horizontes, à procura das cores para se pintarem…
7 comentários:
As estórias não cabem nas estantes que temos. Por isso. algumas, guardo-as na memória. Outras guardo-as no futuro. :-)
As grandes e verdadeiras histórias...não cabem numa estante, Zé! Não podem ser confinadas a um espaço...elas vivem em nós! Nós somos a "sua estante"...e tu sabes...
Se fizeste uma estante...foi apenas para preencher o vazio da tua alma, ou para decorar algum pequeno canto escuro do teu espírito...não foi para lá guardares os livros...Esses pairam através de nós, em nós...e não se fixam, nunca!
...do tamanho da galáxia...
sete horizontes, infinidade de tonalidades que se fundem em transparências...
há tanto para escrever...infinitamente....
beijinhos, Almaro.
Tenho uma vida cheia de estantes, espalhadas por salas claras e escuras, escondidas e públicas, fechadas (algumas perdi a chave)ou sem porta... E penso, em delirio, quantas mais terei de construir até chegar ao horizonte. Beijo
Estamos só a ...nascer!...ainda estamos a abrir os olhitos...
Olá, Zé!
Imaginar a tua estante com sete horizontes, é por si só motivo para regressar aqui.
Uma semana produtiva, amigo!
àguasdemarco
vinha eu aqui de ter lido ontem as estantes...deparei com o outro e nada é por meu sentir diverso...de vidro...transparentes...assimétricas...variam de um a outro a esquadria /todos/cada dia...e derramam livros de folhas coloridas /folhas mais que livros...esvoaçam soltas e por uma lei que esqueci caem aqui e ali e nunca vão voando voando voando ...espalham-se ali e além...ficam para mim olhando...e eu tonta arrumando livros e mais livros na estante /antes fosse, mesmo caindo, com elas voando...
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