18 de dezembro de 2006

fragmentos

Fragmentos, de um vazio, de um nada, de uma ausência, de um desencontro…
É este o Natal que sinto. Menino ao longe. Perdido.
Ando a perder o Natal. Dia a dia, a esfumar-se na indiferença de já o não sentir.
Há tantos outros meninos a desnascer, que me perco na direcção dos olhos.
Calo-me no silêncio à procura dos fragmentos. Passos,,, de nuvem, ou de neve? Frios-de-sons.
Tenho tantas imagens no olhar que me dói o ver.
Cego,,, Sigo, no meu silêncio.
Oiço o sopro, o suspiro, a lágrima. Oiço a lágrima que ensurdece (arrefece?) a humanidade.
Aqui. Agora. Oiço cada um dos gritos, cada fragmento que morre sem a cor de um beijo, de um afecto. Fragmentos de meninos sem Natal.
O Natal desta nossa época fecha-se na família, (núcleo primordial da Humanidade).
Desenho lentamente no sentir, um outro Natal, em que o núcleo central seja a própria Humanidade, sem fragmentos, num único sorriso Universal a comemorar a Vida…

Vou estar ausente, no silêncio de mim, sem data de regresso, porque há silêncios (quase rios) que me sussurram ausências…



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o palhaço de D. Quixote andou a jogar futebol...coitado!!!!

13 de dezembro de 2006

distrações

Passou por mim, uma nuvem de gaivotas coloridas ( de azul
e
amarelo)...
Caídas do céu
a chamarem por mim
e
eu,
( junto de Ti,
a sorrir de mim),
sem entender que me diziam,
"Vem por aqui…"

Misturei-me ( discreto) na vida
( quase flor-ao-sol)
quente de mim,
e
ando por ali, ou além
a olhar o que não vi....

12 de dezembro de 2006

sem jeito

Não entendo esta minha cobardia de me equilibrar sem jeito, no limite da vida ( só para me ver, sem medo de mim…),
no entanto,
sou
(afinal)
um quadro inacabado, devidamente assinado, pintado de azul e sal…

11 de dezembro de 2006

fronteiras de mim

Pisei a morte
no longe,
sem farol
(num dia que era meu por inteiro,
sem meio),
Ela,
não me quis,
(agarrado à semente),
cuspiu-me
com o vento
e
sal,
entre abraços de gente
e
Sol…

( dedico estas e outras palavras escritas e sentidas, às equipas do INEM, dos Bombeiros, Policia Marítima da Figueira da Foz e sobretudo a uma senhora , de nome Irene, que de binóculos,( curiosa de azuis) me viu a espreitar a morte junto ao horizonte, no dia 9 de Dezembro em hora que não era ainda,,, a minha…)

8 de dezembro de 2006

aveiro


Oiço o vento,
nas cordas-do-Sol,
e
desenho-te em linhas
(de cor),
mar
e
sal,
passos que foram,
(brisas)
entre moliços
e
cal,
passos
lentos
(meus)
que a vida me deu ,
e
me leva,
sem adeus…
pontes entre mim
e
o nada,
gaivotas que ficam,
suspensas,
paradas…

7 de dezembro de 2006

a dimensão de um sentir

tudo o que digo, cabe numa página em branco,
mas
o sentir que se escreve no olhar,
esse,
não cabe em mim,
anda por aí,
transformado em colibri…

6 de dezembro de 2006

as minhas inquietudes

Perguntaram-me, "o que mais te inquieta?", respondi (convicto),” a imensurável capacidade da humanidade para a indiferença…”
Depois da resposta,
(expelida, assim numa torrente, num sopro instintivo),
fiquei apreensivo,,,desinquieto, com a facilidade com que surgiu a palavra “imensurável
e
de me ter colocado, inteiro, dentro da humanidade…

5 de dezembro de 2006

passos de vento

passeio os passos
que faço
e
enleio o que desfaço,
em nó
e
laço…
só o dia
não passa
(opaco)
nesta noite sem asa
que embaraça
quem, distraído
passa
de lá,
da vidraça…
passeio os passos
que desembaraço
num jardim
(cerrado)
de flores-baças,
sem vaso...
por fim,
(depois dos passos)
entro em mim
( fantasma sem espaço)

4 de dezembro de 2006

linhas ciganas

abri a mão,
espalmada,
(qual folha seca-de-verão)
retirei,
(com cuidado)
a linha que lhe diz vida
e
desenhei
(com ela inteira)
uma borboleta,
de duas asas
(dividida)…
uma, azul,
outra, incolor
( como quem afasta a dor, dos passos em que caminha)
tinha,
duas asas,,,qual não tem?
uma, mar,
outra, amor…,

(borboleta,
ou flor?
não sei,
era linha de vida
que tinha escondida,
na palma da minha mão…)

almaro, 4 de dezembro 2006

(Ouvi o choro da montanha
numa calmaria.que me impôs
uma espera
um
momento breve
de reverdejar.a.vida
impiedosa é a sombra
que devora.a.luz
que resta
nas colinas dum olhar
........
de mãos abertas
linhas traçando
caminhos
por.onde.as.lágrimas
da montanha.[es]correm
no sangue
sente-se.inverno
completa a.paisagem
a cor azul
do voo.daquela.borboleta
e
na palma da tua mão
depositou
o.coração.de.um.segredo

betty branco martins, 4 de dezembro 2006 )

1 de dezembro de 2006

a intimidade do caminho

Fiz um buraco na terra (à procura de raízes),
Com as mãos,,,castanhas
(terra e mão. Uma presente, outra futuro. Ambas,,,terra!)
In apontamentos para um manual da serenidade, ou como o futuro se transforma naturalmente na intimidade do nosso caminho, ou como caminhamos distraídos, mas sempre com o Um no olhar…



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O palhaço de D. quixote, continua a teorizar absurdos>