31 de agosto de 2006

ritmos do existir

A felicidade não é uma permanência, são pequenos nadas, aos quais se tem que estar atento,,,e inspirá-los em profundidade, ( com a quietude de um horizonte a sorrir ao vento)…

In “ apontamentos para um manual da serenidade” ou como a expiração (fragmentos filtrados da felicidade) deve ser rápida e desatenta,
ou como uma
e
outra ( felicidade e infelicidade) se desconjuntam no existir, mas que nos respiram Sempre!

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serviço noticioso:

o panhaço de D. quixote actualizou o seu espaço com um pontapé na bola

30 de agosto de 2006

procuro, por vezes,,,navegar

Procuro o mar,,,navio de olhos sem destino, salgado de ventos…

Vates - A.G.B.

Vates – A:G:B
Ana Margarida Oliveira
Edições Verso da Kapa


Histórias romanceadas, onde se cruza o passado ( sec XVII) e o Presente ( sec. XXI). O enredo e as personagens interagem de uma forma sublime, onde uns, constroem o futuro e os outros desvendam o passado. Tem mistério (de uma caixa), intriga, paixões e um misterioso poeta Bandarra que desenhando solas e sapatos antevê o futuro, não nos feitiços, mas nas quimeras e nos sonhos de um País que se edifica na poesia, no mar e nos homens.
Paira o mistério eterno de Portugal, abraçado na névoa do seu rei menino, que desengonçado de físico e teimoso de alma se perdeu algures por terras de Alcácer Quibir.
Não sei se Ana Margarida Oliveira, pretende continuar a(s) história(s), porque na verdade, as duas ultimas frases do(s) romance(s), Parece induzir uma continuação. Não sei quem abraça Isabel, quem a esperava na ilha, mas fica a névoa d’el rei ali estar, à espera de se (re)fazer Portugal…

“…Esta caixa foi-me entregue em grande segredo na Índia, com a recomendação de que aqui estaria o futuro de Portugal e que eu saberia o que fazer com ela. E nada mais.
- Mas…o que quer isso dizer?
- Não sei filha! Tenho que pensar! Mas tenho sobretudo de a esconder. Com o nevoeiro e o desvario que havia na Santo Agostinho, Olívia e a caixa deram muito nas vistas. Houve muita gente a reparar nela devido aos gritos e à forma exaltada como ela a quis defender. A caixa terá que ser guardada com descrição. Tenho esta responsabilidade. Aparentemente o futuro do nosso país está com esta caixa!
- E, no trono, um rei que não é português…
- Pois é Isabel…E, nesta nau, muita gente que não sabemos de que lado está…
- O meu pai acha que D. Sebastião está vivo?
- Eu acho que Portugal está vivo! Acho que todos nós, os verdadeiros portugueses, somos um pouco el-rei D. Sebastião.”

29 de agosto de 2006

nem nuvem, nem chuva ( ou, as inconclusões de um eu,,,desencontrado)

ah,
se eu pudesse beber uma nuvem,
passeava-me
nas ruas,
como se fosse o próprio universo,
inteiro-de-autoridade,
(numa quase vaidade)
de ser um ponto sem fim
a andar sem sentido,
para qualquer lado
( distraído?)
por ainda não ter chovido,
(razão por ter nascido,
assim,
inacabado
…)

28 de agosto de 2006

brilhos de pó

O pó da Lua entrou-me no Olhar,
e
ali ficou ( a pastorar
e
a enganar-se nos sonhos
D’um menino
que imaginava histórias
com todos os segredos
das árvores
e
das gaivotas,

assim,,, Todos juntos,
misturados,
numa amálgama
de nuvens pintadas de Ísis,
e
a sorrir
como O pintor-de-Arlequins
quando se olhava ao espelho
e
Só via,
Cor

e
Arco-íris
quebrados
na tela
Em forma de quadrados
…)

25 de agosto de 2006

sons da terra, do céu,,, de poesia

Fechei livro de poesia,
(que lia)
e
fiquei a ouvir o céu a trovoar,,,trovas, de luz, de uma noite sem luar…

nota a quem anda distraído: Aqui e ali necessito de um tipologia de pontuação ortográfica que não existe na linguagem escrita. Ultimamente tenho precisado de "algo" parecido com reticências, mas que diferem delas porque são uma pausa prolongada, e seguem caminho definido.
São as virguliticências (,,,). As reticências, são algo que termina numa indefinição ou que dá liberdade de reencontrar outros sentidos, As virguliticências, não! São mais prolongadas que a virgula simples, Tornam-se complexas porque dão tempo a que o tempo se instale no sentir e baralhe tudo com a sua presença.
Há tempos precisei de arranjar um ponto de admiração, para desenhar o sentir-dos-olhos-que-saltam-para-diante-quando-se-maravilham com-o-VER , e para o diferenciar do ponto de exclamação (!), à falta de outro, virei-o ao contrário (i)

24 de agosto de 2006

o choro do mar, (des)salgado em estilhaços

O mar entornou-se em silêncios,,, De repente,
Sem marulhos,
Ventos,
Velas
Ou
Mastros.
Só azul, céu e horizontes ( muitos,,,em linha única,,,qual retrato do Eu de uma criança), como se quisesse, não molhar as areias, estilhaçadas de alabastros...

23 de agosto de 2006

dias, à noite,,, de mim,,, de lua

Ilumina-me,
escura na noite
(entre janelas,
fechadas)
a Lua…
Insónia de ventos
sem luz de rua…
Deito-me

(cheio de mim)...
Fuga
fugaz
(de um dia que não vem)
na proa de uma falua
que se desfaz
em nuvem...

22 de agosto de 2006

cor-de-mar

O mar ofereceu-me uma estrela,,,pousei-a na mão para lhe sentir o desenho,
depois, ( envolvida em história) lancei-a,
de novo,
no Mar.

Não voltei a vê-la…

Recordo-a,,,ou na história ( que me reconto em (des)novelo ),,,ou no desenho que me ficou em mão(tenho uma estela gravada na mão,,, dedo-a-dedo…)
Enlouqueço na cor, por não saber com que azul se pinta o mar,
( mais vale não o pintar
e
deixa-lo, tal qual,,,cor-de-mar
…)

21 de agosto de 2006

navegações

Deitei-me na Terra, fecundo de silêncios,,,por instantes senti-lhe o movimento, como se lhe pertencesse, qual barco navegante pelo Universo,,,errante…

10 de agosto de 2006

repetir palavras,,,não importa

Julgo já ter escrito sobre este estado (d'alma) de me ser livre na ausência de mim, Pouco importa, isto que desenho é caminho de descoberta, onde vezes muitas é imperioso revisitar espaços e passos.
Tenho andado por aí.
Assim mesmo,
tal qual,
por aí,
livre de me ser sem me sentir por dentro, de me questionar, de me sentir, de me formar, livre de mim
e
existir-me só por fora, De olhos fechados, No escuro de um Eu que se impõe em sentires.
Cansa sentir.
Esgota sentir, Sentir é um furacão que nos suga num vai-vem que dói, que magoa, que enaltece, que sorri, que nos comunica com o Mundo,com a fantasia, com o tempo
e
o destempo, Por isso me liberto ritualmente de mim, como quem esvazia um saco
e
o dobra
e
arruma, Ando por aí sem escrita nem poesia, só o desenho me arrasta no pó, Debruço-me a cada passo
e
guardo as pequenas pedras coloridas que o mar me oferece, redondas, lisas
e
vou, preso no horizonte, sem olhares, É saborosa esta ausência no destempo, é uma espécie de não existir no Eu, Sorrio no nada, de nada, livre de não me saber, livre de me perder sem labirintos, Como no deserto, Perdido sem labirintos, Perdido no espaço, De ser apenas um ponto de espaço, um grão de areia do deserto.
Ah, como sabe bem ir por aí…