27 de novembro de 2007

O “sky line”* de um dialogo intimo

As nuvens dedilham o céu com gotas de chuva, Negras, a dissolverem-se em sombra
(Só a gaivota,
branca,
lembra azuis…)

Porque me olhas?
Porque me roubas o voar e cobiças o ir?

( porque me trás o vento as vozes da gaivota que fugiu de mim?)

Como pinto o odor da chuva na terra?


Fecho os olhos e bebo-a
( a gaivota?
a chuva?
a nuvem!)
em cálices de onda e espuma!




*Desculpem o palavrão, mas tenho passado algumas horas com arquitectos!!!!

25 de novembro de 2007

In( definições)

O que escrevo com palavras é desenho!
Um retrato do instante, do Momento que arrasta ( sem esforço ) as sombras e as cores do que sou!
( digo-o com a convicção de me rever tal qual
no que digo e no
que escrevo)…

.
.
.
.
.
.
Mas tenho duvida, porque não há desenho sem linha e linha implica fronteira, mesmo que não lhe alcance ( no toque ou na vista) o fim
e o que escrevo insiste em voar para lá do horizonte...
.
.
.
.
.
.
Desenho ou não, tudo o que escrevo desenha-se...
O que me foge no olhar não é senão desenho!
.
.
.
Vês o desenho?
.
.
.
Sentes a cor?
.
.
.
.
.
Eh tu aí? ….estás a sonhar?
( é sonho o desenho?
é Caminho?
Se o sentes é!)

18 de novembro de 2007

feitiços?

Olho-te

( persegue-me nos passos o que me vai nos olhos,,,não a palavra, mas o Ver, colado à pele e ao sentir…)
Olho-te,

( como quem imagina estórias e
vidas… )

menina

( não consigo, mesmo que mergulhe no escuro, senão ver-te menina, cabelos livres no medo de seres criança a sorrir fora das lágrimas, indiferente aos tempos que se cruzam entre caminhos...)
e não és outra que menina a brincar nos feitiços, a fugir deles, a perseguir um carrinho de linhas vivo, carrinho brinquedo-alado a saltitar vidas e a desenrolar-se de azuis

( era azul a linha que te costurava os sonhos)
a fugir pelos horizontes a perder de vista,
e tu

( agora?)
mulher-menina a fugir no fingir de medos…
Olho-te e vejo-te mulher, já não menina a respirar inquietudes e cumplicidades.
Tu e eu, autênticos um e outro, meninos, ambos a desenhar azuis, e o carrinho de linhas a fugir por ruas e de nós, como quem voa sozinho, agarrados ao que fomos e já não vemos...
( ou já não somos?)

17 de novembro de 2007

Sonham os pássaros?

Retomo a folha branca de papel de água. Usada de silêncios…
Olho-a em sorrisos lentos, como quem sopra pólenes coloridos.
Afago-a com sonhos-de-pássaro-adormecido-nos-ocasos-quentes…

( afagos de olhos, nos olhos…
já lhe imaginaram o brilho? Quantas cores se escondem num brilho de tal desvelo? Já deram conta que cada uma das cores que se escapa tem a medida e o peso exacto de um beijo? Pesa um beijo de olhos? Pesa?


Sentes?)…

sonham os pássaros?

(Ao fundo,
Fumos de Inverno, retratos vazios. Opacos…
No Fundo,
Homens voláteis, em cinzentos queimados…)

Respiro memórias, gaivotas

( feiticeiras?
Há um calor suave de verdades em tudo isto, como se a primavera se escondesse entre as folhas de Outono, a suspirar mistérios)

Desenho-te os gestos, como bailados de neves rubras

Têm cores , os gestos?

É incrível esta Tua capacidade de te esconderes permanentemente a espreitares para de lá do olhar, Só para me colorir e aquecer os sorrisos-de-memórias...

( é a recordação uma verdade?)

...como aquele desenho que te pintei com a cor das nuvens…lembras-te? Éramos nós dois.
Sós,
no cordel de um pião a desenhar destinos…lembras-te?

Retomo a folha branca, esquecida de pó…

(Sonham os pássaros? )

no ante-escuro
ponte-praça
Aveiro
Novembro 2007

15 de novembro de 2007

13 de novembro de 2007

Segredos ( ecos? verdades?ou um dialogo com o só?)

Oiço-te no sonho,,,sombra alada e enlaço-me no vazio, ébrio de cor.

(saltimbanco, arlequim, quadro, desenho, parede, relógio, campânula de cristal, cavalo-branco, tapete....és tu Mestre?)

Oiço-te menino,a chamar por mim,
( em memória?
Não! Tu estás aí, eu é que longe.
Quem anda no longe anda perdido no aqui)
e tu, ouves-me? Sentes-me? Oiço-te no sonho e pinto-te em cores de sol e jasmim … estátua afinal. Forma real da ilusão de mim.


Ao fundo , no escuro o quadro e o Mestre, que o desenha , eu ao fim no escuro, invento, quase no desequilíbrio para de lá da lua,
o vento.
Tudo o resto não existe.
Só me resta o caminho, e o deslaço de ser tudo isto,


(eco dos passos! )


Oiço-te,




Ao longe, na praia salpicada de búzios,


o farol a imitar as noites,



a andorinha-gaivota a pintar o horizonte,
oiço-te,





Só o eco persiste... (Afinal não somos mais que os passos que fogem do passado iludidos nos sonhos e dos sons que nos habitam a alma…)

9 de novembro de 2007

duvidas, ou novamente a procura? ( ou o acaso?)

Enquanto as noites se alongam na inquietude, e os olhos se adensam de duvidas, umas tornam-se mais difusas, quase verdades, e outras endoidecem-nos num bailado intermitente, quase desfocando o limiar da angustia, perseguindo-nos e incitando-nos a uma permanente procura, como peixe que faltando-lhe o ar na agua, o procura nos céus.

Não é estranha, para mim a pergunta final, aquela que nos daria o sentido de existirmos, aquela que nos iluminaria sobre a nossa missão, a nossa função neste embaralhado de labirintos e de destinos ( aos quais eu insisto em chamar de acasos).

Numa das minhas caminhadas entre silêncios e chaparros, entre cigarras e papoilas, lá para os lados do Sorraia,
( como se fosse importante o ponto, a cruz da latitude e longitude do lugar…) ,
dei com os olhos numa colmeia, pendurada e escondida num enrugado sobreiro.
Detive-me, não de admiração, mas porque no ponto de fuga, avistei um povoado no longe.

Na linha que unia a colmeia e a casa, uma recta e na recta a duvida!

O que nos leva, a nós humanos a considerar uma colmeia um elemento natural e uma aldeia, ou uma casa um elemento estranho à Natureza?
Porque é que uma represa de castores surge no nosso imaginário como parte natural de um sistema e uma barragem se torna tão incisiva na alteração do meio?
Em que difere efectivamente um ninho de cegonha de uma das nossas casas?
Se não duvidamos nós , humanos de sermos produto de uma evolução natural das espécies, porque consideramos então que o produto da nossa inteligência é cousa artificial? ( porque nos sentimos superiores ao Natural?)
Não há (hoje) duvidas que a espécie humana alterou o sistema e que nós humanidade produzimos alterações que afectam o equilíbrio , Como também não temos duvidas que a Natureza procura inevitávelmente o equilibrio.

O que me pergunto é: a que equilíbrio nos vai levar a Natureza, após este desequilíbrio provocado por um dos seus elementos ?
Terá a extinção dos Dinossauros sido provocada pela sua supremacia?
Não terá sido a supremacia natural dessa espécie que provocou o desequilíbrio? ( ou o acaso?)
Não terá sido a procura desse equilíbrio que originou as condições que possibilitaram o aparecimento do Homem? ( ou o acaso?)
O que originará este próximo equilíbrio?
Serão estes desequilíbrios programados?
Produzindo a supremacia de uma espécie, um desequilíbrio, será que qualquer supremacia provoca a sua proporia extinção? ( a História Humana está recheada de sucessivos impérios….decadentes)
Terá afinal a nossa inteligência um fim comum que culminará na nossa própria extinção?
Teremos de facto Livre-arbítrio, ou a nossa função encontra-se perfeitamente definida, programada e direccionada para a extinção de forma a provocar o equilíbrio, ou o desequilíbrio?
Será esse o nosso desígnio colectivo? Ou o nosso desígnio colectivo é atingirmos a nossa não-supermacia , condição única de sobrevivência?

Sento-me, debaixo da sombra do sobreiro e sinto que naquele instante todo o meu caminho me leva ali, única e exclusivamente para ouvir o vento…( ou o acaso?)

7 de novembro de 2007

procuro

Procuro rotinas, pequenos gestos perdidos, odores, cores, sombras, recantos,
( abismos?)
Procuro no escuro, os passos, os ecos, os afectos, os recatos, os poléns,
( memórias?)
Procuro como quem voa nos alísios, Búzios
( sempre eles,
a marulhar, suspiros).

Só,
num turbilhão de acasos,
vou ,
inseguro, inquieto por travessas, travesso,
por ali.

É este o desenho dos laços que me atam no desacato de mim.
Livre?
Sim !
(Parti de Ti, linha sem começo nem fim...)
Procuro o espaço, o ponto, O centro, dos passos,
sem compasso,

sem norte…









Há liberdade sem passos? Sem morte?


(Procuro rotinas,


à sorte…

e vou,

por aí….)