Conheci um menino, em menino, que pintava pássaros.
Não no
desenho,
agarrava-os, com cuidados de borboleta e pintava-os.
Pena a pena.
Cor a
cor.
Cores só dele!
O menino que conheci, menino eu também, era pintor de cores
e de pássaros. Re-coloria as próprias cores com cores só dele.
Um dia,
cheio de sorrisos, ébrio de alegrias simples, como quem
pinta cores em sopros suaves de brisa,
disse-me…ainda eu menino a transbordar de interrogações sobre o nome das cores com que ele pintava os pássaros,
“sabes, a verdade é
a coisa mais complicada do céu!"
Para ele menino e para mim , menino também,
“ céu”
tinha o
tamanho inteiro do universo, e se a “ verdade” para ele era o assunto mais complicado daquela coisa enorme que não cabia no olhar, deveria mesmo ser o tema mais dificil de entender, muito mais que pintar as cores ,
de cores que só ele sabia...
O menino sabia, e eu muito mais tarde também que a
verdade das suas cores, só ele as tinhas no olhar e isso tornava todas as
coisas complicadas e estranhas na mais simples das coisas, tatuadas no sorriso de
quem respira o universo…