3 de agosto de 2015

o pintor de cores

Conheci um menino, em menino, que pintava pássaros. 
Não no desenho, 
agarrava-os, com cuidados de borboleta e pintava-os. 
Pena a pena. 
Cor a cor.
Cores só dele!
O menino que conheci, menino eu também, era pintor de cores e de pássaros. Re-coloria as próprias cores com cores só dele.
Um dia,
cheio de sorrisos, ébrio de alegrias simples, como quem pinta cores em sopros suaves de brisa,
disse-me…ainda eu menino a transbordar de interrogações sobre o nome das cores com que ele pintava os pássaros, 
“sabes, a verdade é a coisa mais complicada do céu!"

Para ele menino e para mim , menino também, 
“ céu” 
tinha o tamanho inteiro do universo, e se a “ verdade” para ele era o assunto mais complicado daquela coisa enorme que não cabia no olhar, deveria mesmo ser o tema mais dificil de entender, muito mais que pintar as cores , de cores que só ele sabia...


O menino sabia, e eu muito mais tarde também que a verdade das suas cores, só ele as tinhas no olhar e isso tornava todas as coisas complicadas e estranhas na mais simples das coisas, tatuadas no sorriso de quem respira o universo…

31 de julho de 2015

Onde?

onde estás tu, poeta?
tu que te passeavas pelo sangue das minhas veias
que te vestias com a minha alma
Onde estas?
por onde andas tu, poeta-menino-índio?
tu que te escondias na sub-pele das minhas lágrimas, a sorrir,
por onde habitas?
em que masmorra te meti que  já não te sinto os sons com que musicavas as palavras do meu sentir?

12 de junho de 2015

silêncio(s)

Habito-me de silencio,
de silêncios, duros, 
sem ventos.
Só me oiço nos passos,
laços que me param, estrangulam e me pisam.
Resta-me o sentir,
em turbilhão

furacão de mim...