28 de abril de 2008

nos (a)braços do tempo


No desenho não há arte,
( a arte está no tempo)

a linha esconde a ansiedade do sentir
e é ele
( tempo)

que a desenrola no papel e na cor…
O desenho, é assim
( nos meus olhos de hoje)

uma lágrima que se esculpiu em poema
e fugiu
(ao poeta)

para ele se libertar da cor que lhe estrangula o respirar e o ver...
( dor?)
Essa fuga,
essa lágrima,
esse desenho,
é construído nas linhas do tempo,
( abismo?)
pois só ele sabe transformar o caminho em cor…
tudo o que se vê no desenho,
mesmo que incolor,
é puro sentir
( amor?)

20 de abril de 2008

sem tela

Nos braços-sombra
( de uma árvore-anjo)
desenho,
( sem tela)
uma linha comprida
( sem centro)
paralela…
( entre mim e ela)
Em cada um dos pontos
( passos? estrelas?)

vai um barco-á-vela…

Adormeço
( quase menino, quase índio)
empoleirado,
divertido,
na linha ténue que me separa do sonho de dormitar nos braços dela…

Subo com o vento
( gaivota?)
ao ramo mais alto
( sem volta)

e salto…
( é arvore-anjo que importa se caio …)
voo,
na linha que desenho
(paralela)
entre mim e o deserto…

Lá no longe, está ela
( índia? cigana? )
a colorir o quadro sem tela…

15 de abril de 2008

por dentro

Procura te no abismo, Deambula no nada e lá redescobre o equilíbrio !

In “ apontamentos para um manual da serenidade", ou como, quando confrontados com o abismo, somos levados pelos ventos-da-alma, a reinventar o horizonte-do-olhar

13 de abril de 2008

re-escrever

disperso,
cada letra
( uma a uma)
para reinventar a palavra
disseco o som-da-morte-à-espera-do-sol-e-da-semente
e desenho
raízes…
oiço cada uma
( palavra)

árvore invertida a desfazer-se no rio,
( rio-me)

a névoa grita-me, a crepitar palavras-palhaço
( aflita)

e pinto-me
( de novo...)

12 de abril de 2008

o esquiço da tristeza

Fecho os olhos à procura de luz,
(vasculho o vazio,
a bruma,
a névoa…)
numa viagem ao mais autentico que tem o interior de uma lágrima
(chovem aguarelas, do esquiço profundo de mim…)

…é assim a tristeza…
(sussurra o eco de Ti)

8 de abril de 2008

preencher vazios

Percorro-me com a lentidão dos passos e dos olhos, e vejo cada um de mim,
fragmentos inteiros de cor...
Reflexos brancos,
Vazios…

É o sorriso
(de me saber cada um)
que me desenha a sombra…

1 de abril de 2008

de que lado do corpo?

Descansei os olhos e o corpo,
como quem se senta ao lado do sonho,
sem conversa nem olhar,
até sentir a seiva da sombra a tingia-se do meu sangue, No fim

( no mar?),
espreitei,
como quem desenha

( só para si)
a “alma-do-corpo”*
e procura o verbo amar…

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*“Alma-do-corpo”, foi-me dito

( escrito)
por zabel,

(ao canto de um livro),
é diferente do "corpo-da-alma", mas eu ando confuso entre os lados do corpo em que coloque a alma e nem a arvore me disse, nem a sombra me sussurrou, porque anda por aí a minha alma, sem lado reservado no corpo?…terá ficado nas raízes da árvore? No horizonte do sonho?