29 de agosto de 2007

as cores do fim do dia

Hoje , ( no fim do dia) o céu diluiu-se num violeta escuro de tempestade. ( e o sol a sorri-se, escondido a misturar as cores , divertido…)

linhas de fuga

Gosto de desenhar o horizonte (fetiche meu!).
Quando o desenho (ou pinto) aproximo-me do Universo e oiço-o… ( é como olhar o céu, mas dentro do sonho… como se ele, sonho se escondesse do lado de lá, a fugir-me do Eu-inteiro!)

27 de agosto de 2007

ainda o acaso

O estado puro não pode coexistir com a esterilidade, estado puro implica harmonia, equilíbrio, estabilidade… Na esterilidade, ( como no vazio) o acaso torna-se improvável e sem ele nada se move…
In "apontamentos para um manual da serenidade" ( sem autor ), ou como os nossos passos devem procurar o equilíbrio na liberdade e para que esta seja pura, deve-se pintar de Universo…

22 de agosto de 2007

21 de agosto de 2007

o fascínio dos acasos

Acordei, crédulo que as palavras têm vida própria. Entram em nós ( na inquietude?) e tomam formas endiabradas sem pedirem licença.
Aparecem e desaparecem num jogo de escondidas em que o prémio é o horizonte-da-memória...
Assim não fosse e eu lembrar-me-ia de todas.
Por vezes mostram-se, passeiam na alma e depois desaparecem...não há esforço nem vontade que as acorde e as traga de volta.
Hoje surgiram-me ( do nada?) umas que andavam por aí em salpicos, a insinuarem-se até que se desenrolaram na desinquietação das sombras de uma verdade...

...o acaso é o sorriso de Deus e a essência da vida...o teu corpo é noventa por cento água e a tua vida noventa por cento de acasos...

17 de agosto de 2007

uma a uma

Percorro a curva do rio, com a lentidão dos olhos. Respiro-o. Sinto-lhe as cores. Uma a uma. Azuis. Todas.
Vagabundo-me, no longe ( é longe o passado?). As memórias são as minhas cores. Azuis. Todas...

16 de agosto de 2007

uma cávena ( vazia?) de palavras...

Fugiram-me as palavras ( ou as memórias?) aterrorizadas de serem “sentires vagabundos” melancólicos e mal tratados. Esvaziaram-se de sons, desavindas comigo ( ou eu com elas?). Zangadas ou não, mergulhei no poço, (descalço e nu de negritudes) e repesquei-as uma a uma, num puzzle desconexo, (retrato fiel do meu desencontro com o vazio e a vida) e soprei-lhes sussurros de perdão por inauditos mal tratos. Disseram-me depois ( à noite, entre estrelas e nuvens) que as não maltratei a elas mas a mim, porque isto de andar sempre vazio e sem rumo era coisa de louco ( ou de cobarde?), qual marinheiro de agua doce que se inventa em tempestades e aventuras que só o poeta sabe desenhar como reais.
Acordei ( ou dessonhei?) com a disposição clara de voltar ao convívio com as palavras e o desenho, (forma egoísta de não permitir a passagem o tempo e de me embriagar com o vento ou o mar e sentir-me, eu, igual a mim, num reflexo sem espelhos...)
O desencontro ( ou a paragem?) não me favoreceu, pois o tempo passou e eu não! Desperdício puro de uma lágrima que me era destinada para a vida e que deixei fluir sem lhe sentir cor, nem de saciar as sedes.
Disse-me o mestre que é preciso acordar vazio em cada amanhecer, para que o tempo caiba por inteiro no dia que nos calhou para descobrir e de nos maravilharmos em permanecia em consequência de irmos de OLHOS, mas o vazio que me entrou, sem a companhia suave das palavras que se sopram irrequietas foi outro, mais negro, mais pesado e usado de angústia.
Este que se me colou hoje no acordar, era esse outro vazio que o mestre nos disse em murmurejo sábio e sorriso matreiro, como quem diz uma verdade que só pode ser ser desnudada por cada um...
Fui á procura da minha, por isso voltei ao caminho e ás palavras que são quem o desenha...

7 de agosto de 2007