23 de novembro de 2010

29 de agosto de 2010

(in) mar

percorre-me um fio de mar, neste não estar aqui. empurra-me, exige-me como se lhe pertencesse.
vou,
num misto de contrariedade e de desejo.
cego,
ando em tacteares, no instante que antecede a cor.
vou,
como se fosse rio.

é o mar que me chama…

Sorrio perante este destino de Ser, partícula de mar

24 de agosto de 2010

(in) fumos

Olho o céu por dentro. Sem azuis, negro de noite. Deambulo nas noites, neste meu acordar. Olho. Farol de um nada que procura o odor da vida. Repito-me no ritmo do ponto que me cruza ( localiza?) no universo. Cansado de sentir as ruas voarem na brisa da cidade que chove. Passos repetidos nas asas de um voo sem sentido. Cansado dos sons que marulham em silêncios ocos, opacos, que me atropelam a dor e me empurram na linha difusa do existir…


No entanto aqui estou entre fumos e as páginas de um livro que se escreve sem mim…

sky line
paris
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21 de agosto de 2010

16 de agosto de 2010

pó de vento, e um grão de areia

Desendeuso.me na lentidão do dia, como quem olha rebanho de estrelas. Uma a uma nomeio.as no desnude de mim. Disseco-me nos nomes da terra, grão a grão, húmido, quente e oiço.me no eco do sol. (é isto a liberdade? Não ter nome autentico e ser cada nome que me tempera o ver?) . Estendo.me difuso no azul e respiro as cores, como quem pinta os mares da lua. (Quem sou? Que cor me olha a alma imóvel?)

Pó do vento, e um grão de areia!

Sinto.o na pele que me rasga a carne e deixo.me deslizar na vertigem do ponto que me ata ao universo e vou em saltitar de pássaro sem asa no calor de um abraço que me caminha no existir de um quadro inacabado de destinos.


Ser Livre é aceitar a serenidade do destino e das cores que nos pintam o olhar…

In “ apontamentos de um manual intimo da serenidade” ou como deixar que a liberdade nos respire no silêncio do dia”

21 de julho de 2010

o sol derrete.se no mar

olho o sol, a derreter-se no mar, a fundir-se de azuis na lina que me orienta o sonho. foge-me. leva-me as palavras e o existir. ficam as cores, as cores do olhar, mais do que as que invento para me sentir vivo. duplico-me no sal e no vento do voo. não me encontro na noite, simplesmente porque não tenho noite. tenho sombras que dançam bailarinas no abismo e no labirinto que cegam as palavras, que as emudecem no grito de quem morre. desenhar a morte é esquecer o sorriso que se enforma na alma. resta-me a melodia do poema que se esconde nas águas da lágrima. é com elas que pinto os sorrisos, é com ela que animo o desenho da vida. brincadeira séria esta de desenhar sorrisos empoleirados no horizonte que apaga , dia após dia o sol. reinvento o dia, cada noite que me escorre no respirar e saboreio a serenidade no perfume do amar, no perfume sublime de me deixar deslizar na ternura de um olhar. não há gesto mais profundo que um olhar. oiço a melodia, oiço o som dos búzios e passeio-me na leveza da fantasia das estrelas. é no duplo que sou que me vivo. o outro que se passeia entre muros definha e morre, na lentidão da memória. pesam-me os dias em que me arrasto entre os murmúrios da ausência. a ausência apaga o tempo, dilui o sol, evapora o mar e dissolve a solidão enformando-a liquida( in sangue…insano?), pedra angular esculpida entre os suspiros e o fogo azul que me decepa o acreditar…
olho o sol e reaprendo o renascer, no ciclo do tempo. o sol é a luz do tempo, é a voz do tempo que circula no sonho e o cinzela na alma, tatuagem fina em giz de tela d’água…( aguarela?).
pinto, em tacteares suaves, os seios da vida, cabelos negros, soltos. vou em voo sem destinos, sem horas marcadas, como se fosse livre, como se não tivesse que me derreter no mar, qual sol preso na gravidade do universo. sou, no duplo que me habita, o somatório de todos os acasos. nesse somatório,sorrio, porque nesse instante, sou inteiro e único .

21 de junho de 2010

ausência

recebo,
nas pedras
a areia do sol
e pinto
o desespero dos olhos que vão,


além…,

na angustia do vazio da cor e do destino ( que arde na melancolia do não se ser no hoje).

pinto,
nas pedras,
o sal,

que me caminha a memória, como quem abraça a solidão,
a sorrir-dos-ventos.

quero ( te)
aqui, entre o nada e o beijo, magnólia do mar, a acariciar desejos.
vejo ( te) ausente, no cardume dos barcos que me velejam,
e pinto ( te), na única cor com que te sinto,
in ( sangue ) de mim…

20 de junho de 2010

na ilusão de me caber no sonho

Tenho os olhos do mundo em cada passo que dou... meus e de outros…Juntos. Só,
cego na multidão que me empurra vazios continuo aqui, à janela a abraçar ventos, como se o sonho me coubesse no respirar...

palavras...




centro ponpidou
paris - maio 2010

Cada palavra é uma casa ( ou uma pedra? ou uma asa?) por habitar ( ou esculpir?),
Janela-barco-vagueante ( cristal? azul? pássaro?)

Flor do vento( montanha?, muro? ninho? história?)

Sentimento ( areia? vento?)

Memória!
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mendicidades
camas de rua
paris - maio de 2010
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pausa
entre o louvre e os campos elísios
paris - maio de 2010
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19 de junho de 2010


telhados
paris - maio de 2010
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civilidades

Na democracia não há maiorias nem minorias, há um todo que se respeita e se envolve na individualidade de cada um, e cada um no todo, na procura da harmonia e do desenvolvimento social, construindo os valores do seu tempo, a olhar futuros…
In “ apontamentos para um manual da civilidade” ou como o importante é percebermos que é o conjunto de cada olhar que constrói o existir…

9 de abril de 2010

Carlos (simplesmente porque hoje me chamaste)

Escrevo.te, sem vírgulas nem pontos, escrevo.te sem o som do silêncio em gritos-sussurro para não assustar os pássaros.
Digo.te coisas do nada, porque o vazio corre em danças endiabradas na noite da estrada, mas nestes soluços de cor que nascem do ver, digo.te que fugi do labirinto que tolda o horizonte. Soprei-o de entre as árvores, para de lá das nuvens e deixei que os azuis-sorriso se diluíssem um a um no meu corpo.
Não sou mais estilhaço-de-sombra, tão pouco homem-criança, sou o que o existir me respira, silhueta dos acasos, mas sou, pedaço de alma, pedaço de cor que navega sem vento, carregado de querer, enfunado de ir… por isso te escrevo, escrevo o teu silêncio e a tua ausência, como se o outrora nos invadisse o presente.
Sinto.te aí, apesar de todos se terem ido embora. Tu estás aí de sorriso desassossegado de sombras, a aguardar acasos. Eu continuo aqui, a falar.te dos nossos silêncios, confiante nesta tua presença que me aquece, e me acredita destinos…
Um abraço

31 de março de 2010

na pele da lua

Imagino-te palavra-som que trespassa a morte, de azuis..

(finjo-me!),

Como se o vento desenhasse papoilas nas asas das gaivotas…

(fujo-me!),

na angustia do sol.

( a solidão é um vicio de cinzentos que decanta sorrisos no labirinto da noite…)

Vou

para a rua ,

descalço na pele-da-lua, despido de corações alados

( e expiro-me,

vagabundo-vadio)

na ausência de ti!

(a solidão transporta um abraço peregrino, (rede-tentáculo), que estilhaça o espelho, no espelho das sombras de traços incolores ,

Sopro-de-dor que cega os passos das árvores e dos pássaros…)

19 de fevereiro de 2010

Nela

Não é homenagem, nem tão pouco recordação, é apenas um desabafo de quem te viu partir, no sossego de uma respiração e no desassossego de todos nós…
Foste ( com toda gravidade do ir...)
Ficou o teu olhar e a tua voz,,,ambos meigos (mesmo quando zangados…).
Talvez a memória, que é traiçoeira esqueça o que eles diziam, mas a ternura com que eles sempre nos abraçaram, essa ficará gravada na alma de cada um que teve a sorte de te cruzar o olhar.
Um beijo

9 de fevereiro de 2010

migalhas



Paro ,
no silencio da tarde abraçado ao vento dos pássaros
que esvoaçam em bando…

Migalhas,
alimento pó,
colorido…

Melodias de um nada, que me trespassam os dias…

Pedaços,
no só...da noite que não passa…

Oiço,
perto,
o vento dos pássaros…

24 de janeiro de 2010

as guardiãs

Todas as imagens tem uma história, esta tem uma vida própria, uma espécie de encantamento, de paixão e de amor. Não houve subjugado nem domador mas sim uma fusão , um dar de mãos… tudo começou acerca de quatro anos. Foi amor à primeira vista. As “guardiãs” entraram-me pelo olhar e fixaram-se. Correu-me pelo corpo o quente da descoberta do belo. Ali, naquele monte estava uma imagem à minha espera. As fotografias nasceram em mim como os poemas, primeiro existiam apenas para o meu olhar. As imagens fixavam-se em mim, mas eu não as roubava. Apenas as sentia e sorria. Com os poemas esta comunhão íntima era idêntica. Mas tarde senti necessidade de gravar, de pintar, de esculpir o que sentia, a minha memória começava a atraiçoar-me, perdia-se no tempo e comecei a escrever e a fotografar. As guardiãs demoraram mais de quatro anos a renderem-se ao meu Ver, resistiam a ser fixadas por mim. Situam-se num morro da A8, no sentido Norte Sul, muito perto da saída para Mafra. Faço esse trajecto vezes sem conta, mas razões de acasos sempre me impediram de as trazer comigo. Ora me esquecia da máquina, ora tinha a policia a impedir-me a paragem na auto-estrada, ora chovia, ou chegava sem luz… desencontros atrás de desencontros. Há cerca de um mês a região do Oeste foi castigada com um valente temporal. A primeira coisa que me ocorreu, foi ..."as Guardiãs"…teriam aguentado?
Uma espécie de fé percorreu-me a alma.
Sabia que lá estavam.
Eram guardiãs.
Estarão lá sempre!!!
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21 de janeiro de 2010

no silêncio das palavras ( que se sentem)

Estão presas nas entranhas de um vulcão adormecido,,,
as palavras

Agrilhoadas aos olhos das pedras,
as palavras

raízes laceradas,
na terra,
as palavras


Sorvidas, na pele da chuva,
cansadas
corroídas…

Sangue da alma, diluído de raiva
nas palavras,

frígidas,
descalças
nuas…

no silêncio das calçadas

gastas

das ruas

sem palavras...

20 de janeiro de 2010

um dia



Um dia saberás como costurar os sonhos no céu, como misturá-los no olhar e semeá-los no mar…
Um dia,,,saberás como eles se moldam no sentir , como se colam aos poros do vento e nos reflexos da chuva…
Um dia,
saberás ouvir o suspiro dos pássaros que te abraçam o ver…
Nesse dia,
Verás o sorriso da alma a nascer…

6 de janeiro de 2010

pigmentos de mim

Escrevo,

na linha das ondas

,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,monólogos errantes


o homem

,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,que lavra sementes


no espelho

,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,o grito das nascentes

(que me lavam a alma em melodias ausentes)


na pele

,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,o suspiro dos amantes…

Escrevo....

no olhar da lua-poente...

( pigmentos de mim!)

3 de janeiro de 2010


ao sol
figueira da foz
dezembro 2009
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O silêncio ( por dentro)

Entro no silêncio dos passos e dos pássaros que me invade memórias, lágrimas e gritos culpados,
(ácidos…)
e turvo no peso que me curva no vazio dos ventos,
perdido no ventre das pedras…