8 de dezembro de 2008

colorações

Colori o desejo de um desenho , de voar livre sem linhas , entre os sonhos que se desenlaçam no canto da alma, e por ali fiquei
(eu e o desenho),
entre as páginas de um livro, a viver a poesia de ser cor e desejo
(sem labirintos nem fronteiras),
Estilhaços de espelhos que vagueiam nos olhos de uma flor que conta histórias de fantasia ás crianças que se escondem nos fragmentos do luar...

24 de agosto de 2008

sem.jardins

Percorres.me o corpo, como seiva que alimenta o sonho, quimera de luz e sombra, que me abraça…

Esqueço o caminho, esqueço tudo e transformo.me lúcido em lágrima, doce,
Onde estás?

Iço as velas, em bolina e vou sem sentido,
cego de mim e levo.te,
Oiço o vento,
Que se desfaz em onda.sereia,
Violento…

Nesta teia
para onde vou…

23 de agosto de 2008

flor rubra

Desenho.te,
cabelos.ebano aos ventos de mar, aqui e ali ondas de vida, Doce canela que esvoaça em mim…
Sonho.te no sorriso da noite, na noite dos corpos.
Toco.te, nuvem de seda, que me bebe, ébrio de ti…

e ali, no horizonte, sopro o pólen do arco íris,
(Quadro azul …
Cicatriz
ardente)

Desenho.te no perfume silvestre ,
Flor.rubra
ausente

22 de agosto de 2008

viagem incolor, em tons de azul.rosa

Procuro.te no vazio de mim, como nau perdida, sem estrela do norte, nem cruzeiro do sul,
Só a solidão me chama,
qual farol de sombras, caiado de azul...

21 de agosto de 2008

em tons de rosa.sangue

Um vazio cor de nada abraçou.me, quebrou.me em estilhaços de sal.
Olho o mar,
pastor de ondas e de estrelas sem cor.
Arvore de dor, que me enlaça,
.
.
.
.
.
.
.
incolor...

18 de agosto de 2008

2 de julho de 2008

instintos indestintos

Esta minha ausência de tempo-memória empurra-me para um abismo incolor. Coloco etiquetas a cada cousa única que me abraça o sentir e dou-lhe um nome qualquer.
O Importante não é o nome, mas o impulso de o gravar.
É no impulso que se concentra a libertação do sentir, transformando o instinto de Ser, na essência de Existir-no-Ver

1 de julho de 2008

20 de junho de 2008

pausa de mim

bebi, ébrio a cor da noite e deixei adormecer o sonho, como quem morre dentro da alma e se transforma no marulhar dos búzios...

19 de junho de 2008

Des.raiz.ar

VOA!
( disseram-me!

Pediram-me?)
A palavra ficou esbatida entre os passos, a tentar encontrar sentido, como se fosse um botão de flor…
( um botão de flor , é quase flor, é uma flor que se esconde da cor…)
Ando confuso
(difuso?)
mergulhado neste labirinto de me ser muitos.
Encontrasse eu o ponto que me une na incoerência de existir e seria uma simples gaivota sedenta de mar e de azul
( branca de onda)…
Descobrisse eu o que se esconde na sombra e saberia qual de mim olhava o horizonte, qual de mim voava para lá do ocaso
( ao acaso?
sem madrugada?)
Porque insisto em desenhar horizonte em forma de caravela?
( alada?)

18 de junho de 2008

sou ( qualquer coisa)

Queria ser poeta, andar por aí a esvoaçar-me e a beber o nada,
pousar em cada coisa e não lhe ser a palavra,
mas ir
vagabundo,
sentir de olhos fechados,
(como quem mente de olhos abertos...)
e acreditar que sou o que sou,
pedaço de nuvem,
estrela,
gaivota,
palhaço,
colibri,
bailarina,
cavalo selvagem,
imbondeiro,
aragem,
bolero,
índio,
poema,
feiticeiro,
arlequim,
pó do universo,
fantasia,
sol a nascer,

ou vento…

Que importa o que sou, se sou tal qual cada coisa que me extasia o Ver…

17 de junho de 2008

(des). explicações


Tentaram explicar-me o vento.

Para quê? Porquê? Que despropósito!
Eu, que não procuro a explicação da vida e que a concentro num único ponto, abandonado ao acaso, para que quero a explicação do vento?

Basta que me leve no sonho de não me descobrir , para que não me roubem a liberdade de me sentir gaivota!


voar nos azuis
Madrid
Maio 2008

16 de junho de 2008

(des).existir

Desenho-te , na harmonia de uma dança , como se fosses uma borboleta-de-sons,
Desenho-te, sem lápis, sem cor, no vazio de mim…
(Só assim existes, entre o olhar e o sentir, como folha de Outono a cair…)

15 de junho de 2008

duvidas

A paisagem que invento é tão diferente daquela que me entra nos olhos e no entanto ando entre uma e outra sem saber em qual delas a cor é autentica.

11 de junho de 2008

no desenho de uma rosa

Desenhei uma Rosa, como quem respira ventos do mar
( que sentes tu quando os respiras?
Eu?
Eu sonho…
É sentir , o sonho? )

Parecia uma pomba-de-picasso,
Mas a minha,
dançava e ria,
dançava e ria
(até fugir do papel em mil acrobacias…),

desenhei uma Rosa,
quase nuvem,
quase céu,
que voava
(quase gaivota)

e ria,
ria…
Desenhei-a de uma só vez numa só linha…linda!

9 de junho de 2008

ecos?

Que solidão é esta que me entretêm a ouvir.te, a ti que te escondes em mim? que me leva a passear.te de mão dada na praia e ouvir os ecos dos teus sorrisos, em névoas de horizontes?

Que solidão é esta que me impele a agarrar a noite e pintá.la com as cores que me segredas aos olhos, cores que nunca vi?

Que solidão é esta de me ter esquecido de mim?

Ah, como eu gostava que os espíritos da memória me sussurrassem tudo o que eu sou, tintim por tintim…

(Se eu fosse futuro queria tanto ser Raízes!!!!)

8 de junho de 2008

oiço.te

Antes de terminar o amanhecer, Oiço.te, deixo.te falar, da mesma forma que consinto que a minha sombra me siga, alheia ao meu olhar.
A sombra não sente e tu és indiferente ao destino, Sei que me olhas desconfiado, Sei que não me acreditas, simplesmente porque tu és a ilusão-do-vento-que-se-recusa-a-sonhar…sei que sou apenas o que resta da sombra e que a sombra é o que sobra do sentir , A cor, essa tenho.a guardada no Ver e alimenta.me a esperança de ser mais
(autentico?)
do que me vejo no sonho.
Oiço.te antes que a manhã se desvaneça no mar para não me enganar nos futuros…

6 de junho de 2008

não resisti

des.encontros

De vez em vez espreitas-me
( interrogas-me?)
como se fosse eu a criança, mas escusas de te rir assim
(que nem mil-meninos-a-brincar-à-cabra-cega),
Escusas de correr atrás de mim, como sombra-colorida-do-saltimbanco-arlequim, Eu estou aqui e tu aí, nada de confusões, não me impinjas o tempo que não vivi, não te coles a mim, Podes ficar aí, a olhar-me que não me assustas, podes mesmo ficar aí para sempre a assobiar que nem um pastor-de-primaveras, eu vou agarrar num seixo redondo e fazê-lo saltar no rio como se soprasse a saudade de Ver o reflexo dos teus olhos, Vou por aí sem vontade de voltar, a rir, a rir de mim, não das brincadeiras que perdi, não dos sorrisos que escondi, Agora tudo é meu, Podes ficar aí, Sim podes adormecer ou lançar o pião, sonhar ou sujares-te todo no chão, podes até montares o cavalo de madeira e ires também Tu por aí, leva tudo, tudo, mas não me empurres assim!

4 de junho de 2008

no retomar dos passos

Retomo o Tempo, como quem olha sem fuga o instante.

O instante ( momento em que o presente devora o futuro) é uma “partícula-do-tempo” que é simultânea em qualquer ponto do Universo…
Dois instantes consecutivos de tempo é que diferem, ao ponto de se tornarem únicos…


Imagina-te um ponto!

Um ponto é sempre centro, e nele ( rodando) consegues Ver tudo! Mas sempre que rodas só alcanças um instante de cada vez…
Se saíres do centro, consegues Ver todos os instantes, num só! De uma só Vez!
No entanto, levaste o ponto contigo ( perdeste o Centro!)…

É nessa deslocação de pontos, de instantes e de acasos que constróis o teu caminho…

in "apontamentos para um manual da serenidade" ou como devemos estar sempre disponiveis para nos diluirmos na harmonia de sermos em simultaneo, infinitamente grandes e pequenos, sem nunca perdermos o UM que nos une os instantes...




( rodar = circular = viver)

28 de abril de 2008

nos (a)braços do tempo


No desenho não há arte,
( a arte está no tempo)

a linha esconde a ansiedade do sentir
e é ele
( tempo)

que a desenrola no papel e na cor…
O desenho, é assim
( nos meus olhos de hoje)

uma lágrima que se esculpiu em poema
e fugiu
(ao poeta)

para ele se libertar da cor que lhe estrangula o respirar e o ver...
( dor?)
Essa fuga,
essa lágrima,
esse desenho,
é construído nas linhas do tempo,
( abismo?)
pois só ele sabe transformar o caminho em cor…
tudo o que se vê no desenho,
mesmo que incolor,
é puro sentir
( amor?)

20 de abril de 2008

sem tela

Nos braços-sombra
( de uma árvore-anjo)
desenho,
( sem tela)
uma linha comprida
( sem centro)
paralela…
( entre mim e ela)
Em cada um dos pontos
( passos? estrelas?)

vai um barco-á-vela…

Adormeço
( quase menino, quase índio)
empoleirado,
divertido,
na linha ténue que me separa do sonho de dormitar nos braços dela…

Subo com o vento
( gaivota?)
ao ramo mais alto
( sem volta)

e salto…
( é arvore-anjo que importa se caio …)
voo,
na linha que desenho
(paralela)
entre mim e o deserto…

Lá no longe, está ela
( índia? cigana? )
a colorir o quadro sem tela…

15 de abril de 2008

por dentro

Procura te no abismo, Deambula no nada e lá redescobre o equilíbrio !

In “ apontamentos para um manual da serenidade", ou como, quando confrontados com o abismo, somos levados pelos ventos-da-alma, a reinventar o horizonte-do-olhar

13 de abril de 2008

re-escrever

disperso,
cada letra
( uma a uma)
para reinventar a palavra
disseco o som-da-morte-à-espera-do-sol-e-da-semente
e desenho
raízes…
oiço cada uma
( palavra)

árvore invertida a desfazer-se no rio,
( rio-me)

a névoa grita-me, a crepitar palavras-palhaço
( aflita)

e pinto-me
( de novo...)

12 de abril de 2008

o esquiço da tristeza

Fecho os olhos à procura de luz,
(vasculho o vazio,
a bruma,
a névoa…)
numa viagem ao mais autentico que tem o interior de uma lágrima
(chovem aguarelas, do esquiço profundo de mim…)

…é assim a tristeza…
(sussurra o eco de Ti)

8 de abril de 2008

preencher vazios

Percorro-me com a lentidão dos passos e dos olhos, e vejo cada um de mim,
fragmentos inteiros de cor...
Reflexos brancos,
Vazios…

É o sorriso
(de me saber cada um)
que me desenha a sombra…

1 de abril de 2008

de que lado do corpo?

Descansei os olhos e o corpo,
como quem se senta ao lado do sonho,
sem conversa nem olhar,
até sentir a seiva da sombra a tingia-se do meu sangue, No fim

( no mar?),
espreitei,
como quem desenha

( só para si)
a “alma-do-corpo”*
e procura o verbo amar…

_________________________________________________

*“Alma-do-corpo”, foi-me dito

( escrito)
por zabel,

(ao canto de um livro),
é diferente do "corpo-da-alma", mas eu ando confuso entre os lados do corpo em que coloque a alma e nem a arvore me disse, nem a sombra me sussurrou, porque anda por aí a minha alma, sem lado reservado no corpo?…terá ficado nas raízes da árvore? No horizonte do sonho?

27 de março de 2008

o salto

Distrai-me! Acordei com os olhos-do-amanhã…
( logo eu,
que ando sempre perdido no tempo e nas desmemorias,
a saltitar qual acrobata em fio de cetim)
Surpreso, dei comigo a viver o que não me pertencia, mas a nuvem que me levou,
luzia,
( azuis-de-mim)

Se a não seguisse, perdia-me…

Ah, como é bom sentir-me no quadro,
pintado de Arlequim!

Decidi! Fico aqui!
( nem perto , nem longe,,,,Aqui! Sem Hoje!)

24 de março de 2008

ilha ( moçambique)

O som da memória,,,canta-me

( histórias?
Ao longe…violinos-de-chopim…)
fragmentos,
pequenas estrelas,
filamentos de prata,
preta,
branca,

Em terras-do-indico…

Há um mar à janela,
(Oiço?
De longe…flautas de pan…)

e velas
(Açafrão, caril?)
na Estrela do sul,
( ilha?)

AZUL!

19 de março de 2008

no desenho do tempo

O vento, é o meu silêncio a acordar-me
e eu,
vou com ele, libertino a navegar,
( devagar…)
entre o eco…
( o eco, sou eu a falar?
É a minha memória a desenhar?
É o reflexo de uma bailarina cigana que passou por aí sem me olhar nem sorrir, a luzir numa lágrima de árvore que se despenteia ao luar?)

Oiço-te,
( canta,,,? A memória do tempo?)
e pinto-te. Real
( como uma águia,,, A voar…)

16 de março de 2008

searas

ceifo, searas-de-sonhos,
decepo-os, disseco-os e ato-os,
em laçadas-de-sol…
(ilusão?)

incomodam-me
(vestidos de cores que me enfeitiçam e me sopram ventos-do-ali…)

ceifo-os
com foice-lágrima e mergulho-os em mim,
( de raiva)

só o índio-de-cabelo-azul,,, persiste,
só a gaivota,,,existe…
(a criança ri!)

e o cavalo?
e o cavalo?

( foge

em galope

op-op...

crina-de-porcelana,
branca,

sonho?

de madeira, veloz de
ventos...

op-op

alísios?)

e eu?
e eu?
papagaio de papel a voar…
ceifo, o cordel
seiva-de-mim
a vaguear…

10 de março de 2008

silêncios ao fundo, diluidos...( esquecidos?)

Mastigo o silêncio no palato-mortalha de mim,

oiço os caniços e o vento,
(como um marinheiro que procura a estrela, para lá do fim…)

escuto a guitarra-cigarra-que chora,
Cidade-véu que me atordoa e me engole sem fado...
( susurrando baixinho,
vai e-m-b-o-r-a . . .)

Homem alado, perdido na ilusão
de não ser Homem-multidão...

O silêncio rói
e o que sinto,
( trovão)
espraia-se diluído no infinito,
como um búzio esquecido
no eco de mim...

17 de fevereiro de 2008

desenho de um menino-a-chorar

Desenho um oásis de sangue,

Púrpura
Sem azuis-de-areia-que-arde-de febres-e-de-sedes…
Só o vento vive
bebo-lhe as lágrimas, repiro-lhe o mar,
e voo ,
raso na sombra,
à procura do que fugiu de mim a sangrar…

10 de fevereiro de 2008

palavras, soltas

Prego as palavras, ao céu
uma a uma
desordenadas
( como as estrelas)
não cintilam,
derretem
aos pingos
letra-a-letra

( o céu é uma árvore de palavras por escrever,
os sonhos, os seu ramos,
as estrelas , os olhos!)
fecho-me no quarto. só.
cada palavra que me foge, é um janela,
em cada uma
(estrela?)
há um mundo inteiro que me atropela e que se diverte a esculpir-me…
Sou estátua de palavras…


( segredadas ás estrelas que tocam violinos , guardadas nos búzios
que marulham nos reflexos da lua…)

sombras

Abracei-me à sombra da árvore,
a ouvir o tempo...
como se chovessem dentro dos olhos, gotas de silêncios…

9 de fevereiro de 2008

desenho?

Escrevo,
o teu seio
(sem desenho, traço ou cor…)

estilhaçado nos sentidos,
perdido na teia que tece o desejo,
( dor?)

é tudo o que me sobeja
do teu seio
que escrevo no silêncio de um beijo…

4 de fevereiro de 2008

Iludir a noite

Sento-me,
na solidão da tarde
a imaginar o sol..


Ambos,
Longe
A tarde e o sol…
Entre mim e o sol há uma noite...


( semente ?)

que canta
sem acordar,
entrelaçada no tempo e no vazio…

(Chovem voos de gaivotas de uma nuvem de cristais…)
Deixo-me gravar , pesado na areia
a imitar os dias que sonhei
a ouvir destinos-sem-ida ...

porque estou ali?

(Não sei! Tu, sabes? )
Estás a respirar o tempo,
embriagado no acreditar que vais,,, abraçado à vida!

31 de janeiro de 2008

Se voasse, não feria o mar

A morte é um eco a espreitar ao longe
( é a nossa própria voz a perder memórias, num gemido esquecido que nos
abraça os silêncios…)
Repete-se
escondido
a esvoaçar, deselegante nos vazios
( como o voo do morcego)
Por vezes vou com o eco de um navio-sem-velas-a-ferir-o-mar…
Se voasse,
podia ir, sem o ferir, sem o sangrar de sal,
como uma onda perfeita,
a espreguiçar-se de horizontes,
ao sol…

“quando morreres pede que te fechem os olhos, para te veres na vida, todo
por dentro”
Disse-me uma gaivota que se balouçava na onda e no vento…




(ou seria o eco?)

28 de janeiro de 2008

arvore de mim

Tenho esta mania
( louca?)
de me ouvir através das árvores

( O eco, da sombra?)
Só no embondeiro me sou autentico,

( mistura de terra e semente a abraçar o sol?)
Sou uma gota

( lágrima?)
Que bebe a terra em suor, com sedes de tempo, a crispar o fogo das memórias

( como um búzio perdido na areia a esconder os suspiros do mar…)

Oiço-te

(Árvore de luares ocultos?)

Eco…

( vultos?)

Oiço-me silêncios…

…têm sombra os sons do meu respirar….

24 de janeiro de 2008

uma primavera noctívaga, em tons de inverno

Amanheci pastor-de-estrelas-e-de-cores,
a ordenhar uma estrela.
Tinha a paleta vazia, enlutada de trevas-da-noite…
( no Inverno tudo é cinzento e as cores secam por chorar quimeras…)
Sonhei com uma noite de primavera , onde as cores se abraçavam em odores,
eu
pintava cada um deles, numa tela de flores…

chove-me a negritude da alma e eu ali,
pastor
a passear sibilos de andorinhas, numa noite escura sem cor...

20 de janeiro de 2008

escalada

subo a pulso-de-olhos
o fio, ténue da aranha que se estende ao fim-do-céu

pesa-me o olhar
e quebro o infinito
que se esvai do eu para o abismo


só o sol brilha, e reflecte-se na teia
( na vida?)
eu, caí da memória, como se voasse nas assas de uma gaivota-de-audouin,
longe de mim…




(A gaivota de Audouin é uma espécie confinada ao Mediterrâneo, que entrou nas palavras sem pedir licença, agarrou em mim e levou-me…)

19 de janeiro de 2008

esculpir um segredo

Tenho um mistério para esculpir, fugido para além da esfera armilar ,
Esconde-se aquém de mim,
Ali,
entre a nuvem e o luar

( só o vazio não tem sombra…
Sussurra-me o vento , entre o voar da gaivota...)
É esse o teu mistério? A tua quimera? o teu segredo?

O mistério que me foge do desenho, é o ponto por onde esquiço o caminho, entre o vazio e a sombra.
Um ponto,
só,
sem regra de oiro, sem matemática, sem nada.

( sou escultor do ar…

sussurro-me eu, que já não sei o que sou, perdido no ponto,
sem saber se cheguei, ou se parti...
)

Não é a fantasia tão só isso, uma escultura de ar?
Não é o pensamento ou o sonho, não mais do que isso, um esquiço de ar?
Não é a vida, mais do que sucessivos respirares?
Tenho um mistério para moldar, que me estilhaça o olhar …

11 de janeiro de 2008

(in) definições

Sei,
com a convicção de um instante,
(Como é efémero um instante, no entanto é com a soma deles que se constrói o eterno…)
Que mania a tua de te interromperes, de saltares de uma coisa para a outra…
Sei, com a convicção de um instante,

(Do instante, porque a verdade passa-nos a correr como que a fugir e quando a queremos fixar já lá vai longe… é doida a verdade… só quando se cansa a apanhamos…)

Desculpa…eu continuo…
Sei, hoje que
( assim é melhor, é neutro, não tem interrogações existenciais…)
isto está difícil…
Dizia eu,
... o que me distingue dos outros animais, não são as palavras, nem a fala, tão pouco o pensamento
( mesmo que desordenado e irrequieto),
mas a forma como transformo o olhar em sentir…

5 de janeiro de 2008

no desenho de um labirinto

Tenho o coração forrado de vazios, a jorrar cores no infinito,
como um labirinto que se espraia na foz de um rio, a fingir-se horizonte…
O coração queima em combustão lenta,
o tempo e quimeras,
em pingos de areia que desenham dunas e desertos...

3 de janeiro de 2008

cigana?

Deixa fluir o cabelo pelo teu corpo,
a desnudar-te,
a alma…

( estás tão bela assim!

Desenhada em sorriso púrpura nas sombras da minha noite… )

2 de janeiro de 2008


no silêncio da sombra
janeiro 2008
Posted by Picasa

palavras-lágrima

Escondo a angustia nas lágrimas que seco, no abafo dos ruídos da vida,
e olho ( ME)
( retrato-vazio-na-ausência-de-um-rio-de-desaguações-infantis)
Só o som existe
sem estética,
( imoral)
sem vento…
( que pena!)
que me liberte do sal!