Foi um desses encontros furtuitos que fervilharam em mim, um conjunto de sentires que se sobrepuseram à minha continua e desesperante falta de memória, obrigando-me a conviver com a memória-de-outros para me entender no meu próprio presente.
O encontro, ou reencontro nasceu de uma foto publicada ( pela mana) com meia dúzia de “cotas”, referindo serem ex-alunos do liceu da Amadora...
Ora tendo eu frequentado o dito liceu, no mesmo espaço físico e temporal que a mana, fiz um esforço de mineiro-dos-tempos e,
talvez por ir sem luz ,
só via ( sentia) um enorme vazio de deslembranças..
O certo é que comentário após comentário, a exploração começou a dar frutos (emoções?), e tenho andado em rebuliço com a redescoberta desses momentos que por artes magicas ali estavam, cobertos-de-pó-infantil, à espera que lhes pegasse,
como quem encontra um brinquedo abandonado , no atropelo de uma viagem sem retorno…
Essa fotografia, levou-me a olhar outras duas, essas sim do tempo exato em que o outrora-presente se transformou em memória do passado.
São esses fragmentos que queria partilhar convosco. Talvez despertem outros estilhaços ( esquiços de outras matizes, certamente..) e se possa um dia … mapear, o que então foi a nossa aventura de sermos crianças num tempo revolto, onde nem os “grandes” conheciam o caminho novo que pisavam…
Fixei as duas fotos, como quem se senta na sala de cinema ( mudo e sem Charlot, mas igualmente num preto e branco difuso) e,
lá foram surgindo entre sorrisos e fragâncias pequenas imagens soltas da minha vivencia nesse nosso liceu.
A primeira,
que hoje aqui vos deixo, foi isso mesmo, uma fragância…de baunilha e uma cave/fabrica onde religiosamente, nas fugas das aulas ( havia aulas naquela altura??? ) ou nos intervalos prolongados… lá íamos nós , gulosos e não gulosos, comprar aparas de bolachas de baunilha, cheios-de-fé-inocente que uma daquelas senhoras de bata branca e carapuça no cabelo, se enganasse e em vez de aparas enchesse o saco de plástico com bolachas… inteiras!!
Mas saiamos felizes com as aparas e com os olhos gulosos, não para as aulas, mas para um qualquer degrau à sombra, salivando as migalhas que nos davam animo para a seca professoral que se seguia ( que me perdoem os profs, que hoje, acredito serem santos…pecadores ou não , mas santos com toda a certeza)!!
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