2 de novembro de 2012

Prefácio de um testamento...



na minha morte,
há um pássaro,
uma gaivota,
e um mar perdido nos horizontes.

(há vento,
em sussurros azuis,
a cantar…)

na minha morte,
há uma flor,
uma!
uma só,
rubra,
num labirinto imenso de verdes…

na minha morte,
estou só eu,
e os outros todos que me desenharam nos olhos o sentir,
todos eles a esvoaçar (dançar?) nas velas da nau catrineta...

ao fundo, .entre instantes ( fugidos do tempo)
há uma bailarina cigana,
saltimbancos ( muitos )
e um palhaço
que nunca quis ser pierrot ou arlequim,
mas nunca conseguiu deixar de os ser
aos dois,
num,
só ( pintado por negreiros!).
sim! na minha morte há um quadro de almada, 
de linha infinita, a desenhar o universo ,
como só ele sabe.

a única linha infinita que conheço é o circulo,
onde cada ponto é começo e fim simultaneamente,
sem matemática.

nela, (na minha morte) não há matemática nem filosofia,
porque a vida que me correu no ver, andou sempre sem uma e outra, 
perdida na poesia.

na minha morte há um menino( de cabelo negro-lazúli , quase índio),
um só que me diz adeus,
escondido entre as pétalas da papoila,
a sorrir ao ver-me ( finalmente) partir.

esse ( menino)ficou  ali  entre os verdes e a papoila, eternamente rubra, a olhar o universo e a desfragmentar o tempo em tons de (a)mar…

na minha morte há um silencio a marulhar serenidades... ( saudades?)

talvez, mas essas ficaram tatuadas nos olhos do menino  ...

( escrito, ou desenhado durante o concerto de hoje dos amor electro no coliseu dos recreios!)

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