Perdi o hábito das palavras que me habitam. Fugiu-me com
medo da minha própria serenidade. Não tenho palavras nos olhos quando me distraio
de mim. Desabituo-me delas como se estivesse saciado da vida. Mas elas andam ai
a esvoaçar sombras e a baterem-me á porta.
Abro-a?
Não sei se me reencontro
nelas. Já não têm a minha forma, estão desmoldadadas deste meu (des)ver o mundo. Perderam-se
no meu próprio (des)tempo que me percorre, simplesmente porque não me passeio nas
ruas da mesma forma. Agora levo os passos comigo. Desarquiquetei a melancolia
de me ser só, nas ruas. Vou, nos outros porque me entraram no tempo e na memória
do sentir. Como quem lê um poema sem o decifrar , sem o desencriptar e deixa
que as palavras que o moldam corram nas veias-do-ver, sem reflexos, sem
espelhos , esfomeadas de sombra.
Sem sombra não há poesia?
Provavelmente não , tal como não
existem ondas sem vento ou sem epicentro .
A poesia é a minha tempestade e eu ando por aí escondido nos
azuis…
3 comentários:
Sem sombra não há poesia?
Provavelmente não , tal como não existem ondas sem vento ou sem epicentro .
A poesia é a minha tempestade e eu ando por aí escondido nos azuis…
Belissímas colocações. Texto belissimo!
Parabéns pela inspiração.
Estou seguindo seu blog.
FELIZ NATAL poeta.
Abçs!
não sei se andas escondido nos azuis, se são os azuis que se esconderam em ti...
sem sombra(ainda) há poesia...
:)
As palavras são o amor, a tristeja, o adeus e a presença, são as sensações de existir transcritas para a realidade e as tonalidades dos dias. A verdade é que nos ligamos pelas palavras porque elas são uma ligação que une histórias imtemporais e reais.
Espero que continue a brilhante escrita. IM
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