30 de julho de 2007

je ne suis pas poète...poète est mon regard...
(pratica de Ten-Chi-Tessen no Dojo de Ten-Chi-Várzea de Sintra)
Julho 2007

17 de julho de 2007


névoas (II)
Praia de Buarcos
Julho 2007

névoas (I)
Praia de Buarcos
Julho 2007

entre vazios ( mascaras?)

Expludo na incoerência de-me-ser-muitos e de me sentir semente-de-vazios. (Só o arame do equilibrista-palhaço me alinhava o ir e eu finjo acreditar que me olho no horizonte...)

5 de julho de 2007

fado irrequieto, calado

Desenho uma menina, irrequieta,
em pó de giz,e luz.

Branco e preto, sombras aladas numa noite de estelas.
Está sentada a um canto, canta, um fado calado.
Diz,
poesia em olhos de encanto e canta , um fado falado.

Irrequieta criança que joga quieta um sonho atribulado.
Desenho poesia,
num sépia queimado.
(Bailarina?
Gaivota?

Fada?)
Ah, este fado cantado em fantasia de menina que brinca, mesmo sentada num canto fechado...

4 de julho de 2007

securas

Escondo na cor a árvore,
escondo-a da sua sombra e pinto-a de sol, ao som dos murmúrios de uma águia pálida, que desenha abismos na noite e nas estrelas.
Escondo-me eu, em mim, como quem guarda o destino em memórias, (Cardume de histórias sem sentido) e voo no futuro em sorrisos infantis que guardam o tesouro do tempo.
Solto as palavras.
Evaporo-as.
Sou o sal de mim.
Seco.
Que chora!

2 de julho de 2007

(des)voares

prendi-me de asas, ás asas da água, e dilui-me na noite do vento ( como quem esvoaça, agrilhoado ao sonho que passa...)

1 de julho de 2007

aqui

"Estou aqui!"
Apetece-me gritar , "AQUI!"
Cego de azuis,
mas
AQUI,
cinzento em vazios.
AQUI,
sem forma nem caminho,
apenas Vento
ou Grito,
de mim...

25 de junho de 2007

o som de um sorriso

Tenho os olhos a voar nos silêncios de uma noite escura, como uma nau que procura as estrelas que lhe segreda caminhos.
Sorrio silêncios, como só os olhos sabem gritar...

19 de junho de 2007

com a lentidão de uma sombra nocturna

Retomo a escrita, com a lentidão do tempo, como as nuvens de verão a diluírem-se em desenhos de fantasia...
O cinzento do céu é o (meu) ponto de partida, para o azul que teima em queimar os meus silêncios,
Silêncios,,, silencio, que só as lágrimas retidas ( escondidas,,, na retina? em ti? em mim?) o apaga...

18 de junho de 2007

no desenho de uma miosótis rubra

Desenho,
com um lápis louco que se finge feiticeiro e me obriga ( qual escravo que no espelho se reflecte colibri) a imaginar todas as cores que não tenho...
Ah! Isto de percorrer as linhas do desenho ( miosótis rubras, irrequietas em aguarelas de mim) é muito mais perigoso que respirar labirintos...

10 de junho de 2007

desaparecidos!


Olhei-te. A ti Madeleine, a menina que grita, que se ouve, que se vê, dia após dia, na voz, nos olhares dos teus pais e de todos. Estejas onde estiveres, és uma menina amada, acarinhada, que nos ecoa de angústia. Alguém te escondeu, alguém te levou. Mas estás aí. A olhar-nos, a obrigar-nos a darmos a mãos e a partilhar a dor. A tua e a de teus pais. Mas o mundo tem mais meninos, querida Madeleine, tantos outros que tal como tu já lhes secaram as lágrimas.

Mas esses são diferentes.

Porque não sei eu o nome, dessa menina, ou menino que juntei ao lado da tua foto? Porque não sei sequer de onde veio?

Não te sei dar resposta querida Madeleine, mas gostava de a ter, gostava de te poder dizer o nome desse e de muitos outros meninos sem nome e sem voz.
Este nosso mundo, querida Madeleine anda inóspito, anda com a alma poluída de indiferença. Já não somos Homens, somos um animal fantasma que finge que sorri e que ama...

5 de junho de 2007

diálogos , ou os monólogos do silêncio

Passeio,
lento de azuis claros.
Passeio-te os olhos,
e
como quem pensa poesia, levo-te pela mão em aguarelas sépias, num devagar de memórias. Ausente.
Eu. Tu.
Distantes.
Somos.
Eu. Tu.
Distancia.
Margens de um mar perdido.
“Diariamente_____________olho-TE”. (*)
Eu. Tu.
Desenho memórias, como quem suicida as palavras e inventa nuvens para silenciar nos gritos,,,as dores.
Eu. Tu.
Num mar de silêncios.
Diariamente.
Distantes.



(*) in "o peso da intimidade" de Betty Martins

1 de junho de 2007

Sento-me, Passivo, No rés-do-céu, a inventar azuis e sorrisos, como quem desenha beijos com o pólen-de-borboletas…

30 de maio de 2007

estação do oriente

Passeio-me na cidade grande, entre caminhos e desencontros. Aguardo o comboio que me leva (ou devolve?) sem destino, sem tempo. Só eu me encontro imóvel ( por fora?, por dentro?, não sei! parado! cego...) Espero nesta estação de comboios, de uma arquitectura estética disfuncional, que arranha os céus em teias de aço e vidro (baço). (Catedral de namorados que segredam beijos).
Olho. Oro, no silencio dos caminhos e desenho, nas nuvens (e em mim) os contornos do vazio.

29 de maio de 2007

entre os azuis do desenho
Maio 2007
Esta solidão que me corre no sangue é um oceano sem ondas nem cor.
Doem-me os olhos e as asas, como quem prende o futuro nas entranhas do eu.
Estranha forma de ir.
Informe.
Sem fome.
Vazio que transborda de sombras. Azuis!
Oiço o mar. Revolta de um sonho. Parado.
Onde se esconde a cor? Na dor?
Se ao menos soubesse desenhar uma flor e não teria esta dor, que me corrói e destrói como um cancro do sentir...
Ah! soubesse eu mentir...

23 de maio de 2007

Rezo no silêncio, ao silêncio de mim, como quem chora sem lágrimas ( ou grita sem voz) e sem credo...
Procuro as cores, numa tela escura...
Primeiro,

névoa ( vazios-de-um-rio-agrilhoado)...
...ando...
...sem memórias...
...a imaginar tempos, como quem fantasia destinos...

Depois,

um marulhar , preso, amortalhado...perdido!

22 de maio de 2007

Numa ponte sem margens, ou mergulhas no abismo, ou esquece-te das margens…

12 de maio de 2007

Sobram-me as sombras ( vela ardida, derretida!). Só as arvores me falam em silêncios de ventos e de ondas. Embalo-me nesta agonia de me escurecer no dia…Desenho reflexos. Trémulos. Incrédulos. Desenhos criolos. De um desejo que desvanece…Olho o papel. Vazio. Só a semente existe. Ela e eu. Só!

11 de maio de 2007

fumos de mim

Desfaço-me nos passos, lentos , gravados no destempo da incerteza, Como um cigarro que se extingue , Dissolvo-me no nada. Respiro-lhe as memórias ( das árvores? do tempo? de ti?), De todas as memórias que se descoloriram nas lágrimas. Levo os passos. Lavo-os. No sal. De mim.
Fecho-me no olhar e respiro. Encho-me de vazios e de passos…
Sou uma eterna procura de vazios…

30 de abril de 2007

Sento-me...só , em sitio nenhum,Viajo na vertigem dos verdes, Ébrio de ir...
Sinto-me só, em lugar algum, Preso na lágrima colorida de mim, Sedento de ti...
Sei-me só, Perdido, Aqui!

29 de abril de 2007

porque a tranformação não tem nome, nem hora

Primeiro, pensei, com a sinceridade do instante que era o Fim, de um olhar, de um caminho, mas ( no final) o caminho não o tem, (Como um fio de teia ( de aranha ou de homem), mesmo quebrada, prende).
O horizonte, essa linha indefenida que desenha sonhos, permanece, e o que surgiu de um "Almaro" cansado de se equivocar nos eus, foi um Jeremias, meio palhaço, meio nada, transmutado no caminho, mas sem se enganar com o que via ( sentia),pois o que levava no olhos, era o ir.
Assim, quase do nada, mas carregando o horizonte, tropecei em JEREMIAS.

três , caminhos?
abril 2007

28 de abril de 2007

as chaves do sonho, ou ...quando tudo se esconde no olhar que nos foge...
Abril 2007

25 de abril de 2007

18 de abril de 2007

a exactidão de uma verdadeira praga!

As palavras adoecem. Torna-se elas próprias uma epidemia que devasta os sentidos, qual praga de gafanhotos. Colam-se, sanguessugas, ao inconsciente do falar, como um vírus informático que se auto reproduz e substitui.
Andava distraído até que de um momento para o outro a imagem de “uma doença linguística-infectocontagiosa” se focou “exactamente” na minha mente.
Mais que uma moda é uma praga!
A ultima invasão é a palavra “exactamente!”. Substitui a exclamação, a virgula, a pausa.
Já foi “quer-dizer”, ou “claramente”, ou “de facto”, ou um revolucionário “pá!”. Não sei como aparece, nem como se propaga.
É uma espécie de constipação linguística que assola tudo e todos!
Eu, que procuro palavras como quem desenha sonhos, Irrito-me! ( maus -figados os meus!)
O pior é que a palavra “exactamente” não cola ao nosso espírito lusitano-latino'arabe, que não quer nada com a exactidão nem precisões!


Procura-se uma vacina! URGENTE!

11 de abril de 2007

ainda o passado, ou o desenho dele

Desenhei o passado com (…) e disse-me a voz do vento que “um passado arrumado desenhá-lo-ia com ponto final, porque um passado desenhado a reticências, é ainda muito sugestivo...”…
Tenho duvidas que um passado se sinta um ponto final ( quanto muito ponte e nunca final, porque para se saber o fim, tem que se olhar o inicio e o inicio…, ah! o inicio é uma raiz que se perde no olhar...). Mas o problema prende-se não só com a (des)arrumação desse passado, mas com o facto de que cada um o olha, ou o vê com a sua memória, e cada um tem a sua, o que provoca um vendaval de impossível arrumação.

Admito que (...) não seja grande desenho do passado, gostaria de ter imaginação mais requintada, mas ando escuro de ideias e lento de pensares…
Passemos então à frente de simbolismos, e tal como a memória que cada um desenhe a sua, conforme os ventos e os sentires.


nota: isto que se escreve,( aqui) não é zanga com o vento, ou com costureiras de estrelas, ou cousas outras, é puro mau feitio e o de gostar de contrariar por teimosia demente ( cousa que me vem do passado e que não tem explicação inteligível...)

10 de abril de 2007

carta de um passado

(...)

Perdi o teu contacto.
Arrumações aqui e ali, apagaram memórias e passados.
Escreveste-me a devolver parte desse passado, meu e teu, (Dizes).
Palavras escritas e sentidas a duas mãos. Lembro os sentires. O momento. Os sorrisos...
O desenho do passado perde-se, tal como o do futuro. Todo o desenho se perde no cinzento das sombras. Como quem fecha os olhos e imagina a cor. Fica sempre esse limbo entre a imaginação do ver e do sentir ( será que há cor, no que imaginamos de olhos escuros a redesenhar os sentires?, ou os passados? ou os futuros? ou só há cor na luz?).
Reli o passado que me devolveste. E revi-me. E revi-te. Ali estávamos os dois a escrever sentires. De nós? Ou das personagens que nunca fomos nós?
Perdi o contacto para te dizer , um sorriso, porque os sorrisos também se escrevem, também se dizem.
Eu já não sou o mesmo. Tu continuas a arrumar o passado. O meu anda por aí na memória de cada um, mas só no que me ficou no eu, lhe reconheço cores e sombras. Sempre as sombras. Se um dia pintar a memória pinto-a cinzenta.
A cor evapora com o tempo, mas como as flores, ambas tem sementes.
O passado que me enviaste tem forma de semente. Por isso te queria escrever, para te dizer a forma da cor da semente que me ficou na memória. Porventura cor de papoila. Já teve um quadro essa papoila. O quadro já não sei dele. Dei-o para angariar fundos já não sei para que causa.
Não sei se aqui vens.
Este espaço não tem passado, e o outro de onde vim , já não tem futuro, mas queria-te escrever ( já o disse) para te deixar um sorriso suave, sereno. Trago sempre a serenidade com o passado, para não me surpreender com o futuro.

(???)


(...) desenho do pasado
(???) desenho do futuro

9 de abril de 2007

4 de abril de 2007

ignorancias

Não sei.
Por não saber, fujo...( para evitar a tentação de me fingir)
Sei que sou esquisito mas a vida moldou-me assim... ganancioso de SER por inteiro e não me caber por inteiro em mim.

passos mudos, no interior do só

De repente sinto um nó de solidão, pendurado numa lágrima.
Pesa uma escuridão, esta lágrima que me pintou a alma!
Sem razão, sem aviso... como folha caída sem vento.
Confunde-se com a dor da fome, ou da sede.
Permanente.
Presente.
Fecho os olhos e o olhar, e ela ali está. Gigante. A fingir-se minha!

3 de abril de 2007

Fui invadido por um nevoeiro de palavras.
Brancas.
Opacas, iguais.
Preso no labirinto de não me ser novo,,,(Sonho nocturno da angustia de ser tempo gasto, morto nas voltas de um Tempo espesso. Parado. Estrela escondida no eclipse da alma. )
Paro!
Apenas respiro, como quem procura odores, ou cores. Tudo o mais é branco. Negro (?). Tanto Faz. É igual a monotonia das palavras que se transformam num som repetido, lento. Morto.
Fujo!
De mim (?)
Não sei. Não me vejo, neste nevoeiro, branco que me fere o sentir.
Olho o muro, (labirinto?) cheio de palavras. Todas as palavras. Empacotadas em papel pardo. Iguais. (Mutação de Kafka ?). As palavras iguais, são moscas. Zumbem um som de morte. Branco? Negro? Denso? Baço!
Confundo o muro com o horizonte! Estou perdido, no eu e nas palavras. Desconheço-me! Desencontro-te!
Respiro. Ainda. Na lentidão de quem se perde no labirinto de si!
Até as asas são de palavras de papel. Iguais a todas as asas de papel, desenhadas na ilusão de voarem na imaginação.
Passeio na silhueta do sol. Na intensidade do vazio que cega, sem sombras, sem Negros. Vazio! De palavras.
Só o novo se sente, tudo o resto é impulso, é respirar!
Vou!
Mais uma vez,
decido de vez!
Vou na incerteza de encontrar a palavra que voa, sem papel, no sentir, longe da imaginação!
Ah isto de ser lagarta a enrolar-se em teia de aranha, é cousa para que não nasci!
Vou, para o longe de mim.
Agora!
Já!
(antes que me encasule…)


Não sei quando volto. Se volto. Pouco importa. Não há porta, nem janela.

Adeus, almaro…


Desde que nasci, que ando curioso de saber como se escreve a Palavra FIM.
Afinal tem três letras, e um ponto. O ponto é maior que a palavra, porque esse é FINAL!


Será esta a sensação da morte??? Livre de mim??????

That Old Devil

Chegado a casa, no fim de um dia sem história, em cima da minha mesa de estudos, estava um embrulho, pacatamente pousado, como quem espera um afecto ou um afago.
Adivinhava-lhe o conteúdo, por isso olhei-o com ternura, expectativa e emoção.
Ali pousado na serenidade de um tempo que parou, estava o fruto de uma experiência de amizade.
Antes de o abrir, como quem precisa de um cigarro, coloquei em som de fundo um cd. Dessa "caixinha de musica" ( afinal tudo começa com uma caixinha...) evoluiu uma voz serena, que “melodiava” afectos. Foi essa voz, não da Billie Holiday, mas de uma outra mulher inconformada que lançou os laços de uma aventura escrita “That old devil“.
Recordo o carinho e a emoção, como fomos cada um de nós, lendo e relendo cada capitulo desta nossa aventura.
Lembro com angustia o desaparecimento da mãe de todo este envolvimento;
Lembro o sorriso que me fugiu quando dois anos depois, inconformada ainda, reapareceu a voz e a mulher que num determinado momento das nossas vidas foi nossa maestro;

Não é certamente uma obra literária, pois o que nos uniu, não foi necessariamente a escrita, foi o facto de não nos conhecermos e apesar disso nos sentirmos amigos de cada um que deixou a sua história escondida na história do “old devil”.
Hoje os tempos são outros. O almaro que participou nesta aventura morreu, cansado de sombras, cansado de correr atrás das suas cores. Outros que participaram na história há muito que se esconderam ou noutras personagens ou em personagem nenhuma.
Fica para a nossa própria história, este pequeno livro, fecundado por um amor estranho, sem nome, que nos uniu a todos num determinado instante das nossas vidas…
Um beijo sem tamanho para ti Inconformada, que tiveste a magia de seres inteira nesta aventura…

1 de abril de 2007

Escrevo nas areias da água, com a intensidade da corrente. Escrevo nas águas entre limos e os reflexos do céu( verdes, azuis e castanhos, são as cores do que escrevo), Nas areias, como se gritasse vazios…
O sentido do que escrevo, está no Mar…

à procura de saidas
(vale do Sorraia - Março 2007)

31 de março de 2007

quando (te) oiço, (os) sussurros

Por vezes ( poucas…talvez…) lembro-me de ti. Não dos olhos, tão pouco do sorriso. Das palavras! que dizias no silêncio do sol, como poesias (pétalas de borboletas?). Lembro-me dos passos que dava a ouvi-las no vento ( búzios da floresta?). Por vezes( poucas…talvez…), sento-me na estrada a desenhar-te com a cor das estrelas, outras fecho os olhos e reconto todas as histórias que me contaste e que se perderam nos verdes das árvores.
Hoje vi-te. No reflexo dos cristais de chuva….

polemógrafo do eu

Caidos no chão ( como gotas de chuva), estão os fragmentos de um homem-fantasma sem sombras. Estilhaços de pólen-de-um-olhar-em-sépias que se apressou a esconder-se nos reflexos da luz.
Caído na terra.
( semente?)

barreiras visíveis
ou
a invisibilidade de um labirinto
ou
um horizonte que nos atropela
( vale do sorraia-março 2007)

30 de março de 2007

viajo incógnito. de mim. como quem muda de pele e leva o olhar. percorro um vazio,
como quem sonha...

Os sinais de um retrato

A cor: a cor-vermelho-sol representa os dois estados de alma que o protagonista encarna e tem o mimetismo do ciclo da vida. São cores da manhã e cores do ocaso. A manhã representa o novo, o caminho, a descoberta; o ocaso, o fim da etapa, o cansaço, a relexão sobre o visto, o sentido, o desenhado.
O chapéu: a dualidade entre o antigo, as raízes, o passado, a memória, e o transportar dessas raízes para o sentir, para o poema do existir, desenhado no negro de Chaplin ( homem ou personagem?).
Os olhos: os olhos não o são. São olhar. São o alimento da personagem ( essência do existir, uma espécie de sol interior que aquece mas não cega. Podiam nem seque ser visíveis, porque o olhar só o é (visível e inteiro) para o próprio
O colarinho largo: é o menino em fato d’homem, é a liberdade de poder sempre crescer, até ao limite da vida ( porque tudo tem o limite do UM).
O laço: é o poema, sem versos. Podia ser uma borboleta, ou uma papolila, mas isso obrigava a muitas cores, assim fica a incógnita e a liberdade de se imaginar as cores de cada um, para a poesia de mil e um sentidos.
o sorriso: discreto, quase um beijo, representa a serenidade com que ele olha o eu, e o tudo.Esconde a irrequietude que lhe vive para além do olhar.
Finalmente o nome: (há retrato sem nome?) Jeremias ( Jeremiah no original ), porque nasceu assim, desenho e personagem de banda desenhada, anti-heroi como convém, rebelde e livre, personagem de papel em cores directas, aguarelas, quase sempre. Podia ser outro, Corto Maltese, mas isso era uma responsabilidade acima das suas próprias capacidades....

26 de março de 2007

Nos passos que fundo na terra, oiço sussurros que me olham ( divertidos?)

Tenho no jardim arvore estranha ( sonhadora?).
dá frutos em forma de pássaro e é bizarra no falar ( não assobia escondida no vento, como todas as outras que falam,
gesticula com cores que esconde nos verdes e nas sombras...)

23 de março de 2007

Hoje ando a passear os pássaros,,,andam por aí sem trela a saborear o sol e os azuis ( divertidos-de-amar) ,
Ah, como é difícil segui-los no voar, entre as asas de uma andorinha…

22 de março de 2007

receituario para um esboço de sorriso

Pequei em sete folhas caídas ( sete!
com veias de rios secos. dormiam no chão, mortas de cansaço e de verdes
). triturei-as em pó (poeira d’arvore…
plátanos? castanheiros
?).
juntei água e moldei tudo, com vermelhos, amarelos e azuis (transparentes
de vazios), depois,,,depois larguei o molde no voar ( pássaro de mim,
colibri-do-mar
)

19 de março de 2007

abro a porta de uma noite, como quem desenha um eclipse

Canso-me de escrever o escuro ( na noite da alma), pinceladas ( sórdidas) de mim, como quem se estilhaça no eu, à procura de um fim…
Ah,
esta mania de levar nos passos a alma, vai acabar no abismo-profundo-do-silêncio, pendurado na solidão de um sonho que se perdeu dos azuis voláteis…

14 de março de 2007

Sentei-me na terra, escura de sombras e de espantalhos, resguardado na luz que escapa dos orifícios dos botões,

(olhos em madrepérola-púrpura alinhavados na estopa que lhe dá a face, com cordas de harpa)

Esqueço. (Tudo). Na memória-dos-sorrisos, como quem cheira o vento e parte ( sem sentir o perigo
do desnorte)
no sentido das estrelas que embalam ( num abraço
de morte)
os pássaros que esvoaçam nas vestes ( amarelo-trigo) de um palhaço de olhos tristes. Esqueço,,,tudo…e vou descobrir os cristais que desenham as lágrimas...

13 de março de 2007

corro no vento de um sonho que se desenha em sépias, na desventura de reinventar a fronteira do abismo

e colori-lo nas sombras do abutre que paira suavemente belo nos silêncios do existir

Queria sentir ( na exaustão de mim) a intensidade do escuro, Mergulhar para além do negro e deixar-me deslizar ( qual rio) no eu que se transmuta na noite que proíbe a luz e o cio!

12 de março de 2007

as palavras choram em soluços, sem cor nem vontade. Pedaços de um nada que se engasgam na voz

as palavras,
têm silêncios de revolta.
as palavras,
estão presas em labirintos de aranha.
as palavras,
perdem-se submissas na multidão que lhes sangra os sentidos.
as palavras,
marulham como ondas num mar de vazios.
as palavras,
são terra arada num sol de sementes.
as palavras,
vão em passos perdidos do Um, em novelos de horizontes…

9 de março de 2007

Há abismos que nos empurram para a vertigem do renascer com a dor de quem suicida o olhar

Cavo ( fundo), com uma enxada que me pesa nos braços, a escuridão de uma cor envergonhada, como quem sepulta uma semente abandonada de destinos…

6 de março de 2007

5 de março de 2007

Desenho com os passos que os olhos levam, a calçada que sobe ao Chiado, onde me perco no labirinto de mim, entre livros e memórias...

Subo, lento a calçada da cidade ( em retrato a preto e branco, granulado, com reflexos a Sol),
Arrasto comigo as pedras de calcário e, subo lento, envergonhado,
cego de gente que caminha a meu lado( em silêncios áridos, calcados),
vou lento de olhar vendado, nas asas da memória que voa entra as asas de uma pomba-gaivota... Com os olhos de basalto subo, ao alto a calçada, abraçado ao vento…

2 de março de 2007

...(III)

Procuro, na cidade, um espaço de luz e gaivotas. Escolho nos passos a sombra, o silêncio, para sentir o movimento, na pele...
(respiro,
como se mergulhasse na fantasia de existir)

1 de março de 2007

..(II)

Tacteio, cego
o teu rosto,
gravo a imagem,
pele com pele, Onda de vento que aquece um suspiro…

(Por vezes, só ás vezes, paro nas palavras, na escuridão do sentir para te deixar passar sem perfume e fico ( só ás vezes) a sonhar…
Por vezes estremeço, ou esqueço o que vi e volto a acordar ( recordar?) no olhar que já vivi,
Por vezes, só por vezes, esqueço-me de ti…)

28 de fevereiro de 2007

.(I)

Um ponto, Um só ponto e eu parava, mas há em mim uma revolta de existir, de dividir, em mil cores as sombras que me acordam, Estilhaços de pó, Um atrás do outro, São o meu caminho, moldado ao vento.
Um ponto, um só. Final…

23 de fevereiro de 2007

ZECA

Simplesmente, recordo-te,
mais que o cantar,
o olhar doce de um menino-revolução,
recordo a tua figura de homem calmo que incendeia o mundo, mais que o poema,
recordo o homem que sentia a morte e se deixava ir na corrente da vida, com o coração...

"pamparariripam-pamparariripam, vamos cantar as janeiras, por esses quintais a dentro vamos, ás raparigas solteiras, pamparariripam-pamparariripam, pampampam..."

recordo o batuque dos teus olhos calmos a abalarem os alicerces do mundo e da hipocrisia, dos homens-poder,
recordo o homem-menino, mais que o poeta, mais que o trovador,
recordo o homem que se passeava em camisa de pescador e que libertava a liberdade ao som de uma guitarra-tambor…
recordo,
simplesmente o Homem…

Um abraço sentido, do zé para o Zeca*, homerm-menino que olhava a morte com a doçura de um sorriso…

*a Zeca Afonso, vinte anos depois...

22 de fevereiro de 2007

Olhei uma palavra cheia de letras vazias, soprei-a e descobri uma pequena gota de um grito seco sem som, que corria, cega para o rio…guardei-a,

sem saber o que fazer dela...

Aqueci uma lágrima em fogo de alma, encontrei-a gélida de morte, entre as asas de uma gaivota, guardei-a bem fechada na minha mão, a passear-se na linha da vida...

21 de fevereiro de 2007

voa no silêncio da musica, uma musa de asas-luz, zumbe segredos, cristais magoados, martelados nos montados.

o vento (visível)
falou-me nos olhos
e esvaziou-me de todos os passos ( que não dei…
sonho?
)
segredo que só eu sei
que não escrevi,
não desenhei ( cousa minha…
sonho?)

frágil,
sensível
vitral (invisível?)
estilhaços vagabundos,
palhaço-azul, com asas-de-bruma,
de um sonho ( impossível?)

20 de fevereiro de 2007

Insisto em ouvir o voar e fundir-me nas memórias que vou pintando devagar, sem desenho. Não é cousa de brincar…é caminho de existir...

Está um urso deitado ao sol em cinzentos nuvem…gosto de me passear em nuveares. Encontram-se todas as fantasias que os olhos desenham sem cor .
A imaginação só tem cor em reflexos, misturados nas sombras que nos falam em segredos (de memórias irrequietas).

19 de fevereiro de 2007

A musica da pele, mistura-se no odor da canela e do cachimbo-fumo, em azuis prata que inventam rumos…

Oiço os tambores que trovejam em gritos de alma,
Suspiros de sereia que se finge papoila de areia-coral,
desenhada num mural,
por um poeta-pintor que perdeu o olhar e a dor,
ao apaixonar-se, por essa flor sem corpo,
sem tons,
sem cor…
Oiço as lágrimas-da-pele, que escorrem da saliva da chuva,
nesta noite escura,
nos abismos sem sons
que os sorve,
num golo só,
o mar que a envolve…

16 de fevereiro de 2007

O sol cai muitas vezes longe do azul, grávido d’horizontes. Nesses dias a gaivota só tem poesia de cinzentos...

por vezes penso ( ou procuro?)
o que se afasta de mim nos caminhos, entre-vazios, caídos num abismo de sentires…

por vezes fujo ( ou procuro?)
sentidos, fingidos de ventos…

por vezes escavo ( ou procuro?)
a escultura de uma sombra que se perdeu, escrava de ti…

por vezes procuro
nas letras que faço, o eu que há em mim…

13 de fevereiro de 2007

assolou, em mim a estranha sensação de ter perdido o medo de cair, mas de o ter,( forte e incisivo) na vontade de me erguer...

Não sei
qual a verdade que se esconde na cal do labirinto que me sopra o vento,
se este céu que me rouba o ir,
se esta lágrima-de-chuva que me gela o sentir,
se esta andorinha que voa à procura de partir,
(Não sei porque insisto neste olhar vagabundo, como se fosse um desenho de criança por colorir…)
Ah, mas sei,
(sim sei)
o quanto vivo nesta ilusão de existir, seja qual for a verdade que descobrir…

12 de fevereiro de 2007

vezes há que partimos na incerteza de irmos, firmes, inteiros presos na magia de não sermos ninguém…

Não queria estar aqui, sentado a voar sem mim,
( resta-me um fio,
cousa leve,
tecido de seda, preso aos olhos do universo
)
mas estou, (aqui),
a varrer os fragmentos de pólen e das pétalas que partiram à deriva de mim…

8 de fevereiro de 2007

perdi o instante do tempo, ia distraído a pintar o céu de violetas. Tempestade do aqui, inteiro, sem mim…

O sol rasgou o céu e desfez-se em azuis, Só os pássaros o sentem, nos equilíbrios do vento
e as arvores, catedrais dos Deuses, fingem-se cristais, Sombras verdes a assobiar fantasias…
É assim o meu dia,
ser
na melancolia de me perder no instante que antecede o amanhecer…

7 de fevereiro de 2007

nos tempos em que sonhava ao amanhecer, ouvia os sons da alma em formas de lágrima, vezes havia, que se transformavam num violino doido,

dorido, sofrido que desenhava histórias a fingir, e eu ia, não fingindo, fugindo,,,vivê-las...

Oiço-te, Chopim, desde o longe da memória,
violinos-de-sol de um menino-endiabrado…
Oiço-te, no sonho da história,
(fantasia minha, de ontem, de hoje, do agora)
agarrado à crina de um cavalo alado…
Oiço-te, violino-monge,
de olhos alagados,
em silêncios calados…
Violino-cigano
( piano?)
enfeitiçado…
oiço-te, nos passos, dados
d’uma bailarina de pano
que dança
no acordar de uma criança…

5 de fevereiro de 2007

passeio no escuro a fantasia de ser o sol a brincar com aguarelas

Escondi a lua no olhar
e perdi-me no espelho,
a desenhar, (com o pólen,
fino
e colorido, das borboletas )
flores nocturnas ( cristais de prata)
numa noite sem estrelas....

1 de fevereiro de 2007

Por vezes perco-me quando encontro o mar. duvido tudo,,, só o som do búzio me sabe falar. Não diz, não cala, transforma-se em ar

Ah,,,fosse eu a raiva deste mar-animal
e
saberia de cor, a cor deste azul-sal
que se entranha,
estranho, no abismo que se fende
neste sonho, real
de ser nuvem-sangue,
que se passeia
cega
no areal…
( para que fique claro
e
não se duvidem das cores que pintam e dividem as palavras, o areal que se diz, está encoberto de sementes de girasol que alimentam o farol, de amarelos queimados pelas estrelas que dançam e velam lentos, quais bailarinas vestidas de lençóis, coloridas de ventos)…

31 de janeiro de 2007

Desenho em pó de giz o que o vento me diz, pigmentos em chama que se gravam na alma, incompletos, imperfeitos,,,vivos

Parei para te ver
(de fronte)
para te desenhar
(ao pormenor)...

Só me falta um traço
( num único esboço que faço)
e
cor…

Espero que a gaivota passe
e
pinto o perfume da fonte que nasce,
esculpida na alma d’uma flor…

Só me falta um passo
para dizer “amor”…

Coisa simples,
um pouco de terra,
um beijo semente
sete lágrimas ( uma de cada cor,
sem dor)
e
sol
suave, quase ternura…

Simples
esta escultura
gravada em pedra pura...

Só me falta um traço
e
cor…


:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

o Palhaço de D. Quixote foi à China e ficou de olhos em bico

29 de janeiro de 2007

Entras de noite, sem sombras, negra, escura de perfumes suaves, a abraçar-me a ilusão com se colorisses a solidão do sonho

por vezes, à noite,
no silêncios dos pássaros
vejo-te
( em passos lentos)
e
oiço-te os olhos ( de
alabastros-negro)
a cantarem,
saudade
em sussurros baços
e
beijo-te
como se fosses
verdade.

24 de janeiro de 2007

Dias lentos, que se entre laçam na pele cavando interiores,,,cavernas sem fuga

agarrei no eu, com todo o cuidado

coloquei-o de fronte
e
fitei-o…

andei por ali, ao redor, de cima para baixo
e
em sentidos contrários,

ao lado…

estava estragado…

(fundo)

e, eu, ali, a olhá-lo,,, desfocado…

( subterrâneo,,,cutâneo, defecado de mim…)

...

( defunto?)

22 de janeiro de 2007

os olhos pensam, quando cegos, desenham quando secos, só depois choram…

Transporto nos olhos uma guitarra de silêncios…



Vazios



(Cigarra nocturna,
que ara a terra ao
som de búzios,
na sombra da lua,

que erra nos rios,
cobertos de hera.)




Transporto nos olhos uma lágrima da guerra…

19 de janeiro de 2007

agarrar o dia, com dedos pinça, quase afecto, carícia e pintá-lo com pincel d’agua abraçado pelo sopro leve das asas do vento,

é brincadeira minha quando o dia nasce perdido na névoa…

acordei em dia, pintado de pedaços,
(destroços,
insangues
langues,
mornos,
distantes
),
peguei nele. embrulhei-o em papel (de Natal).
guardei-o. pendurado no nevoeiro que apareceu,
matreiro, a colorir o papel…
aguarela?
pastel?
amarelo-real, castanho-mel!

o dia voltou,,, (na noite a seguir)…

eu?
não quis ir…

preso no pólen
a desenhar borboletas
(quase cor, a girar em carrossel, sem girafas de papel)

fiquei,
estanque,
a ouvir as asas, em movimentos de pincel…
( já ouviram o que dizem as asas a voar d’uma borboleta, desenhada no pó do pólen de um nevoeiro, sorrateiro de brisas lazulis? já?
oiçam com olhar gigante! parece sereia a cantar saudades do amante, sopro de vento navegante,
reflexo,
lágrima de diamante…
)

18 de janeiro de 2007

Jogava pedras, esculpidas para o céu, e imaginava-as nuvens, quando chovia punha-me a adivinhar em cada gota, qual a minha pedra colorida

o céu iluminou-se (de noite) com pingos de luz a derreterem-se em sonhos…
descobri um, perdido,
gasto,
(era meu)
já antigo,
lembro (eu)
de o atirar para o céu
era,
(ainda)
menino,
sonho traquino que brincava divertido com um amor-pequenino…
encontrei-o,
esbatido,
pó colorido
de um sonho
(já)
vivido…

17 de janeiro de 2007

tudo o que sou está do lado de fora, em formas de tudo, Pesa o-que-o-olhar-desenha e voa com o sentir…

dentro de mim não há nada, (som cego),
oco,
eco?
sonho?
o que tenho está,
na pena-d’asa-de-uma-cotovia, (no-olhar-que-pensa)
e
cai,
quase leve,
suspensa,
no dia.

15 de janeiro de 2007

14 de janeiro de 2007

encontrei, num dia em que passeava distraído, um céu vaidoso, que se vestia todos os dias a condizer...

(irreverente, dei comigo a pregar-lhe partidas a ver se o apanhava distraído ...)

desenhei em papel incolor, uma árvore,
azul,
partitura de chopin,
em tons de piano
e
de pain...

por ali fiquei
em sentido
a aguardar
( não sei se a ouvir se a ver) o nascer do céu, curioso de lhe sentir a cor, que trazia vestido…

10 de janeiro de 2007

A guitarra toca. Toca-me em som de sombras-de-aço. Quente de lágrimas de cansaço-dedilhado, sem espaço.

tenho sede (de ser)
guitarra que grita
e
agarra,
o amanhecer...

tenho sede (de ser)
trovoada (tambor alado),
cigarra,
adereço de palhaço-calado...

sede,
demente de ser,
(só)
semente,
laço sem nó
e
nascer,
pássaro-de-pó,
inacabado…

8 de janeiro de 2007

soubera eu falar de ti, e não desta cousa presente em mim, e as letras eram perfume, e o poema era lume, soubera eu olhar para ti …

olho o céu ( sem azuis)
negro de abismos
e
imagino uma flor
( gota de sangue, espinho de dor)
rasgo as raízes de mim, pedaços sem nome (escuro)
ventos de noite (sons de coiote,
poço sem muro)
risco a noite
(cinzelada, com traços fundos)
carris ( paralelos, sem fim)…
olho o céu ( sem azuis)
e
pinto, esculpidas no vento,,, aguarelas ( despidas de mim)…
falasse eu de ti
e
o
abismo
era chão,
com perfumes de alecrim…
olho o céu
( azul)
de verão
(profundo),
botão
de rosa sem jardim, (brava)
gravada nas ondas,
inacabada
gaivota tatuada em nuvens de cetim…

5 de janeiro de 2007

olho o espelho estilhaçado, ali, além, pedaços de estanho, palhaço estranho de mim

Sou,
Jardineiro de sonhos,
pintor de bancos,
brancos,
sujos de mim,
( nuvem acre,
palhaço manco,
vestido de Arlequim)…
Sou,
Saltimbanco,
vagabundo de sargaços,
cavalo andante,
feirante
andarilho do ali…
Sou
Ventos contrários,
pedaço de ti,
migrante,
aqui!

2 de janeiro de 2007

tempestades num céu que se olha pintado de ventos

respiro a liberdade de estar aqui,
preso em ti
a colorir sonhos errantes,
(rios sem mar, nem nascentes,
águas transparentes,
sem amante)
sozinho,
nesta fantasia
de navegar na tempestade de mim...

1 de janeiro de 2007

começa aqui, neste ponto ou em qualquer outro. o que conta é o instante

o desenho do horizonte não tem fim. começa aqui
e
foge,,,libertino,
ondulado em searas-do-ali…
ah,
fosse outra a luz que voa,,,além, a brincar em mim
e
o horizonte não era assim,
era gigante no sentir,
em tons de sonhos-de-arlequim...

18 de dezembro de 2006

fragmentos

Fragmentos, de um vazio, de um nada, de uma ausência, de um desencontro…
É este o Natal que sinto. Menino ao longe. Perdido.
Ando a perder o Natal. Dia a dia, a esfumar-se na indiferença de já o não sentir.
Há tantos outros meninos a desnascer, que me perco na direcção dos olhos.
Calo-me no silêncio à procura dos fragmentos. Passos,,, de nuvem, ou de neve? Frios-de-sons.
Tenho tantas imagens no olhar que me dói o ver.
Cego,,, Sigo, no meu silêncio.
Oiço o sopro, o suspiro, a lágrima. Oiço a lágrima que ensurdece (arrefece?) a humanidade.
Aqui. Agora. Oiço cada um dos gritos, cada fragmento que morre sem a cor de um beijo, de um afecto. Fragmentos de meninos sem Natal.
O Natal desta nossa época fecha-se na família, (núcleo primordial da Humanidade).
Desenho lentamente no sentir, um outro Natal, em que o núcleo central seja a própria Humanidade, sem fragmentos, num único sorriso Universal a comemorar a Vida…

Vou estar ausente, no silêncio de mim, sem data de regresso, porque há silêncios (quase rios) que me sussurram ausências…



_________________________________________________________

o palhaço de D. Quixote andou a jogar futebol...coitado!!!!

13 de dezembro de 2006

distrações

Passou por mim, uma nuvem de gaivotas coloridas ( de azul
e
amarelo)...
Caídas do céu
a chamarem por mim
e
eu,
( junto de Ti,
a sorrir de mim),
sem entender que me diziam,
"Vem por aqui…"

Misturei-me ( discreto) na vida
( quase flor-ao-sol)
quente de mim,
e
ando por ali, ou além
a olhar o que não vi....

12 de dezembro de 2006

sem jeito

Não entendo esta minha cobardia de me equilibrar sem jeito, no limite da vida ( só para me ver, sem medo de mim…),
no entanto,
sou
(afinal)
um quadro inacabado, devidamente assinado, pintado de azul e sal…

11 de dezembro de 2006

fronteiras de mim

Pisei a morte
no longe,
sem farol
(num dia que era meu por inteiro,
sem meio),
Ela,
não me quis,
(agarrado à semente),
cuspiu-me
com o vento
e
sal,
entre abraços de gente
e
Sol…

( dedico estas e outras palavras escritas e sentidas, às equipas do INEM, dos Bombeiros, Policia Marítima da Figueira da Foz e sobretudo a uma senhora , de nome Irene, que de binóculos,( curiosa de azuis) me viu a espreitar a morte junto ao horizonte, no dia 9 de Dezembro em hora que não era ainda,,, a minha…)

8 de dezembro de 2006

aveiro


Oiço o vento,
nas cordas-do-Sol,
e
desenho-te em linhas
(de cor),
mar
e
sal,
passos que foram,
(brisas)
entre moliços
e
cal,
passos
lentos
(meus)
que a vida me deu ,
e
me leva,
sem adeus…
pontes entre mim
e
o nada,
gaivotas que ficam,
suspensas,
paradas…

7 de dezembro de 2006

a dimensão de um sentir

tudo o que digo, cabe numa página em branco,
mas
o sentir que se escreve no olhar,
esse,
não cabe em mim,
anda por aí,
transformado em colibri…

6 de dezembro de 2006

as minhas inquietudes

Perguntaram-me, "o que mais te inquieta?", respondi (convicto),” a imensurável capacidade da humanidade para a indiferença…”
Depois da resposta,
(expelida, assim numa torrente, num sopro instintivo),
fiquei apreensivo,,,desinquieto, com a facilidade com que surgiu a palavra “imensurável
e
de me ter colocado, inteiro, dentro da humanidade…

5 de dezembro de 2006

passos de vento

passeio os passos
que faço
e
enleio o que desfaço,
em nó
e
laço…
só o dia
não passa
(opaco)
nesta noite sem asa
que embaraça
quem, distraído
passa
de lá,
da vidraça…
passeio os passos
que desembaraço
num jardim
(cerrado)
de flores-baças,
sem vaso...
por fim,
(depois dos passos)
entro em mim
( fantasma sem espaço)

4 de dezembro de 2006

linhas ciganas

abri a mão,
espalmada,
(qual folha seca-de-verão)
retirei,
(com cuidado)
a linha que lhe diz vida
e
desenhei
(com ela inteira)
uma borboleta,
de duas asas
(dividida)…
uma, azul,
outra, incolor
( como quem afasta a dor, dos passos em que caminha)
tinha,
duas asas,,,qual não tem?
uma, mar,
outra, amor…,

(borboleta,
ou flor?
não sei,
era linha de vida
que tinha escondida,
na palma da minha mão…)

almaro, 4 de dezembro 2006

(Ouvi o choro da montanha
numa calmaria.que me impôs
uma espera
um
momento breve
de reverdejar.a.vida
impiedosa é a sombra
que devora.a.luz
que resta
nas colinas dum olhar
........
de mãos abertas
linhas traçando
caminhos
por.onde.as.lágrimas
da montanha.[es]correm
no sangue
sente-se.inverno
completa a.paisagem
a cor azul
do voo.daquela.borboleta
e
na palma da tua mão
depositou
o.coração.de.um.segredo

betty branco martins, 4 de dezembro 2006 )

1 de dezembro de 2006

a intimidade do caminho

Fiz um buraco na terra (à procura de raízes),
Com as mãos,,,castanhas
(terra e mão. Uma presente, outra futuro. Ambas,,,terra!)
In apontamentos para um manual da serenidade, ou como o futuro se transforma naturalmente na intimidade do nosso caminho, ou como caminhamos distraídos, mas sempre com o Um no olhar…



************************

O palhaço de D. quixote, continua a teorizar absurdos>

30 de novembro de 2006

sem cor

Pintei uma guitarra,
abraçada
a
uma
mulher…
O cabelo,,,longo,
é
mar
e
cordas de sol,

(quase jarra
em flor)


o fundo, do quadro,,,gaivotas
e
vento…

(a guitarra
e
a mulher,,,vibram em linha única, contínua de sons-de-aço…

Só me falta a cor!

…de que cor,
se pinta um abraço?)



*************************
o palhaço de Dom Quixote, voltou a asneirar com teorias absurdas

29 de novembro de 2006

geometrias

O circulo é externo ao quadrado.
O quadrado só lhe toca em quatro pontos.
O circulo e o quadrado,,,têm um único ponto, que sendo de ambos, os vê do centro.
Gosto do circulo, mais que do quadrado.
Caminhando no circulo pertenço ao quadrado, e ( no entanto) estou fora dele, e sei que há um único ponto que está no olhar que lhes deu origem...

28 de novembro de 2006

amadeu


mergulhei no quadro,
esquecido da cor,,,apenas para o viver, no instante em que a linha e a cor eram mão de poeta...

[devia existir uma graduação de poetas
e
a mais nobre ser,,,pintor, porque ele,

( mão, olhar ou o que for),
DIZ,,, um poema sem qualquer palavra,,,as palavras surgem a quem o olha transformado em cor...]

sentido nos passos de uma visita à exposição
Dialogo de Vanguardas que decorre na Fundação Calouste Gulbenkian

Quadro de Amadeu Sousa Cardoso / Casa de Manhufe

27 de novembro de 2006

(in)definições do abstracto

a poesia com rima
é
uma escultura, cinzelada com a paciência do escopro que a (des)enforma, a outra , a que se escreve livre,,,com o sentir e o instante,
é
pintura,,,mancha de cores, sem forma…

24 de novembro de 2006

porque não me largam,,,as perguntas?

(ah!),
escrever esta solidão que sinto,
é
labareda que se extingue,
caruma ardida,
desenho-nuvem,
pluma,
do que já fui,
(arvore?)
(perfume?)
(quimera?),
(ah!)
quem me dera,
ser gume
e
não
esta cousa informe
sem lume…
(folha,
caida
de hera?)...

21 de novembro de 2006

inquietudes do silêncio

rasgo céus de papel
seta-destino,
saltimbanco-manco-de-carrossel
(cavalo-ferido)
nas voltas
(perdidas)
de
um
pião
de
cordel...

rasgo-a-folha-de-céu,
amarrotada de tinta
negra
(colorida?)
véu
enrugado
de letras
sem pincel…

cerro as mãos
sem a força de querer ser
(criança?)
(oração?)

água que ferve
em mim
(nuvem-rio)
que tropeça
(no vento)
em
buliço
do não existir,
( inquieto de não me sentir…)

20 de novembro de 2006

horizonte-sintese,,,de mim

Escrevo,
na melancolia de um sonho,
(imagem-desenho)
luz-de-pedra
(feldspato e mica)…

Fecho-me de olhos,
como quem entra no Sol,
e
fica,
(esquecido da vida)…

Pinto o azul,
em pó-de-giz
(sopro de mim)
só!

( diz,
o que sou?)

Gaivota?
não, ela voa
e
eu,
aqui,
imóvel…

Horizonte?
não, ele equilibra-se no profundo-visível,
e
eu,
olhar-possível…

Sonho?
Ah,
sim, girasol-raiz
( incompleta
de mim)…
alma concreta,
pedra,
(feldspato e mica)
aquarela,
tinta,
nuvem,
em azuis carmim…

18 de novembro de 2006

a transmutação de uma perda, no vento que a abraça

Apetece-me parar. Não o tempo, nem os passos. Parar. Sentar-me na sombra e sentir o vento. Ouvir o vento. Só parado o oiço, na lentidão dos vazios. Quebrou-se em mim a magia da criança que andava por aí escondida, inquieta. Sem ela perdi o sentido e as cores da fantasia. Sinto a traição de mim a abraçar-me o olhar. Pedaços quebrados do que vivi no desencontro dos meus silêncios. O vento, transporta-me para o Universo, liberta-me do que não sou, transforma-me no que sou. Não sei quando volto. O importante, no hoje, no agora que me prende, é decidir. Sem lamentos nem angustias. Sei que aqui sentado junto ao vento, me movimento.
É esse movimento que me persegue, como se a vida mudasse de rumo sem eu ter dado conta, inebriado pela criança revolta de entusiasmos que me contemplava os passos. Tive vários desmomentos destes, na vida que me traçou o passado, próximos de um réptil que muda de pele.
Sou hoje, mais próximo de uma pedra, que parada sente o mundo sem o procurar descobrir…
Descobrir implica vontade, impõe uma disciplina de descodificação da vida, para a qual perdi a vontade de ir.
Cada passo que dei, esvaziou-me o sentir, pela intensidade de o viver. O corpo cansou-se e a memória perdeu-se no desencanto da cor.
Decidir parar, é um passo lúcido e irreverente.
Oiço a respiração do Universo, deste ponto em que cansado me sentei a dormir de sentires…
Há momentos em que sentimos uma necessidade vital de nos libertarmos de nós próprios, de um eu que nos prende o olhar, que nos desfocaliza o ego e, distraídos nos deixamos esvaziar do mundo.
Tenho sede de não me ser. Tenho fome de me libertar do meu eterno desassossego.
Estranho este dessentir, este imobilismo de me ser., mas aqui, sentado em pedra, fogo arrefecido, oiço o vento, na pele que se despinta de mim…
Hoje é um dia inteiro sem tempo…

17 de novembro de 2006

distracções

Choveu,
gotas translúcidas de Destino

(eu?)

Andei por aí,,,distraído,
afogado em Tempo,
não O olhei,
não O vi
(tão pouco,
O
senti…)
e
Ele ( Destino),
foi por aí,
em sarjetas, para o rio…
(ah!, tivesse eu sabido e não O tinha perdido,,,Bebia-O!

Choveu,
andei por aí,,,distraído,
preenchi-me ( por inteiro ) de vazio,
qual copo de água (cheio), translúcido, sem cor!
Fingi-me
( grão d’areia-de-Universo),
e
deixei-me
cair,
em mim,
(inteiro),
desabitado
de cor...

16 de novembro de 2006

na sombra do tempo

Olhei o dia,
de frente,
(…arde um fogo calmo,,,quente…)
em desafios irreais…

Agarrei-o,
no alto
e
preguei-o, para que ficasse, ali, de parede, pintado em memórias…
(como quem colhe uma flor, na ilusão de transformar,,,a jarra)…

Olhei-o, fixo, despregado de mim…

(De que vale ficar frio,,,assim?, descontínuo de passos, perdidos no Aqui?)


Por vezes, acordo assim, sem vontade de me passear no dia, permitindo que ele escoe, sem o olhar, sem lhe gravar passos.
Nestes dias, o tempo torna-se omnipresente com uma intensidade gigante, abraçando-nos numa angústia que nos paralisa os respirares.
Cair na tentação de não viver o dia, é mergulhar num abismo de silêncios.

Quando assim é resta-me vagabundar com a lentidão dos passos indecisos, para que o dia não pare dentro de mim e me atrase os futuros…

14 de novembro de 2006

in sangue

Trinei na guitarra
( Raiva!),
de me ser assim,
( silêncios),
sons,
(d’ aço)…

Só assim me oiço,
( voz!)…

Toquei,
(sangues),
Golpes,
nos dedos-da-alma
(ferida!)…

Grito,
que se liberta
(perdido!)…

13 de novembro de 2006

palavras d'outonos

Desenraizei palavras,
(ás folhas),
letras,,,trituradas,
(suicidas)
rasgadas,
caídas,
em gotas-de-tempo,
(dissecadas)
de sentidos…

Palavras,,,ditas
no escuro-do-som,,,(a assustar os silêncios).

10 de novembro de 2006

Referências,,, pontuais

Devemos ouvir os Mestres, apreender com intensidade as direcções do seu olhar, pois só com a insistência lhe captamos os sentidos,
e
é com ela (insistência) que ganhamos a capacidade de os contrariar
e
contrariando-os, evoluirmos, nós e eles…

In “ apontamentos para um manual da serenidade,
ou
como o acto de contrariar nos obriga a escolher outros pontos do olhar ( Ao deslocarmo-nos para nos fixarmos no novo ponto, caminhamos e caminhando evoluímos,nós porque olhamos de outro ângulo, eles porque olharam para nós com a curiosidade de saber…).

9 de novembro de 2006

prisões

Sentes necessidade de abrir uma janela, quando te escondes atrás de um muro, ou se dele quiseres fugir…


In” apontamentos para um manual da serenidade",
ou
como, por vezes uma janela, esconde a nossa prisão, mas não o nosso olhar,
ou
como, a janela é simultaneamente a nossa necessidade de prisão e de liberdade, porque quando te expões a uma liberdade intensa procuras o muro de um lar, e quando te deparas confinado a este, abres uma janela para veres o Mundo que te liberta o olhar...)

8 de novembro de 2006

(In)definições desajeitadas do olhar

O Outono, é uma espécie de primavera das folhas. Matizes quentes de dias frios que choram lágrimas de nuvens (escuras).

( é
a estação das árvores, com sombras coloridas, reflexos de estrelas que se colam ás folhas que viajam…)

o equinócio das árvores-que-caminham, rastejantes no chão, sopradas na cor do sol-que-se-deita…)
( é
o sentir,,,vagabundo, das raízes que assobiam sussurros de terra húmida…

( nota: não gosto de definições, porque não gosto de limites, gosto de imagens, porque as imagens mudam consoante o ângulo, a luz, e o instante do sentir. Tudo o que escrevo, é por isso, uma (in)definição. Talvez um desenho, que se “esquiça” enquanto o olhar se perde no sentir... )

7 de novembro de 2006

sombreados de chuva

O céu pintou-se de chuva,
(pesada?)
lágrimas-negras-por-chorar,
(sombras?)
compactas-de-chumbo,
(cansadas?)
a esconder horizontes-de-poetas
(lamentos?)
a voar com a lentidão dos ventos...

6 de novembro de 2006

Confuso que baste, por isso só deve ser lido por mim ( em voz baixa, e pausada, não vá baralhar-me!)

Ser,,,(ou ser-me no existir, no ver…) tonto (doido, é palavra forte, mas admite-se, apesar de não gostar da palavra, porque espelha doença e não me sinto), foi a forma ( formula?) que encontrei para olhar o Mundo.
Isto de saber o Mundo tem que Ser devagar ( com vagar,,,puxando o tempo para que tudo caiba,,,no olhar) ( só um tonto,,, lança corda ao tempo ( os outros, os não tontos , dão,,,corda) e o puxa e puxa, só para ter o prazer de ver TUDO!) ( doido?, Talvez seja a palavra certa,,,doente é que não, que doente fica sem forças e está visto que puxar é cousa d’outro Mundo)…
Ser,,,devagar,,,ou ir, não é perder o Mundo, ( é alcançar?), muito menos Ser,,,passado. Não! Ser,,,devagar,,,é olhar o Amanhã focado! Nítido! Como quem pula ( salta?) para o instante e o prende para o ver.
Ser,,,devagar,,,é olhar ( também) para trás e ver o passado a aproximar-se dos olhos, em vez de serem os olhos a irem ao encontro dele ( porque os passos, já foram no silêncio de irem,,,devagar,,,para diante ( resultado de saltarem por de cima do instante!)…

Ser,,,tonto ( ou Ser,,,devagar), foi a forma que encontrei de me unir ao UM, no instante exacto que somos ( em simultâneo ) Passado , Presente e Futuros ( que isso de futuro único é cousa que não se pode dizer ao destino, que é teimoso e sarcástico.Gosta da sua liberdade por inteiro, e de baralhar tudo de uma só vez, numa só jogada!) .

3 de novembro de 2006

parar,,,o tempo

Ele ( cousa estranha esta, de chamar ao Eu,,,Ele !) voltava todos os dias, ao mesmo instante (*),,,ao mesmo lugar, para ver o Sol desfazer-se do dia, no Mar. Dia após dia,,,na ilusão de assim, parar o tempo. ( como um fonte luminosa, que se ilude pintar a água em caleidoscópios infantis, e no entanto (a agua), continua translúcida, lúcida de transparências puras…)

(*) voltava, não à mesma hora,,,que o Mundo tem artes bizarras de andar por aí “vagueante” sem respeito por horas ou relógios, o mesmo instante, é o do “desdormir” da noite, aquele em que o Sol se “des(h)orizonta”...

2 de novembro de 2006

retrato

Auto-retrato, em esquiço cubista ( letras e números…ENORMES, a escorregarem entre cacos de espelhos multicolores ( com Outonos de plátanos no meio), sete pontos de fuga, (uns tantos de corrida, com a instabilidade da irrequietude de um reflexo a reprimir ecos) e olhos quanto baste) ...

( quadro pendurado na linha do horizonte, pelo que só é visto do lado de lá, ou de tempos para o ar...a dois terços da linha, junto ao ponto de ouro, que isto de dimensões do eu tem que se lhe diga. digo eu, para ficar dito);

( claro que a imagem se distorce,,,a linha abre vala, em V(ê) , qual caleira do oceano, que escoa no Universo, culpa da irrequietude de se pendurar um eu feito quadro-retrato-quadrado ( pesado) na linha do dito, que o deixa de ser, por ficar, V(ê), que se vê de olhos vistos.)

"Sou esta cousa informe, com a liberdade toda de me viver sem nome (sozinho no eu) "

( o melhor é calares a escrita, Já. agora...)

silêncio...ele está calado, a rir-se todo nos olhos!

fim do retrato, falta só pintá-lo! ( no silêncio das cores, quadradas, de cubo, em sete pontos de fuga, presos no cavalete de um anartista inconformado com o espelho)

nota: estado de alma confuso provocado pela leitura do António que não quer ser António quando escreve, mas que é por ser o António ( Lobo Antunes), e não outro que se lê...

Socorro, acordem-me, desta insónia de espelhos e de labirintos, e de retratos, e de desencontros, já me basta um eu distorcido por sete pontos de fuga!

31 de outubro de 2006

as diabruras de mim

A minha memória é irrequieta, ( endiabrada, digo eu, que a persigo feito tonto-saltimbaco, como quem procura agulhas, por sombras desnavegadas…) despega-se de mim e anda por aí na memória dos outros!

( pergunto-me, desprendido de resposta, se a memória são só lembranças que nos habitam os passados, se cousa outra,,, que deslembramos, mas que já vivemos inteiros e que anda por aí a esvoaçar futuros?)

30 de outubro de 2006

os silêncios do lapis

…procuro o silêncio,,,longe de mim. sou ruído fundo. defunto. infindo. AQUI.
…procuro o longe,,,horizonte-monge do ALI.
…leva-me leve,,, o mar, para TI.
…silencio(s),
…angustia-ausente que VIVI.
…rimas.rumos.ritmos.muros.labirintos-d’aquém-em-asas-de-colibri.brancas, lazulis,,,lápis d’anjo, silêncio(s) de MIM...

29 de outubro de 2006

forma de pedra

Esculpi
( escrevi?)
uma pedra,
como quem guarda
( grava?)
uma ferida.
Feri-a.
Fria.
Sombra de rio…
Gravei numa pedra,
um palhaço,
d’aço
que ria.
Fria. A pedra,,, informe de mim

26 de outubro de 2006

frios

Tenho as mãos frias,,,de agarrar o sonho.
Só os olhos insistem em abraçar o fogo…

25 de outubro de 2006

interrogações d'alma

Entornei a alma num copo d’agua* ( dissequei-me?)
e
abandonei-a-ao-sol,,,a evaporar-se,,, no nascer da noite…

*Copo d’agua = estado d’alma confinado ao eu? alma saciada que se volve em água? Aprisionamento d’alma?


(ponho-me a imaginar, de olhos escondidos, a cor,,,(da agua? da alma? ) a evaporar-se no nascer da noite...é um gosto que tenho, mimetizar-me na cor que se evapora, pura de mim, a renovar-me no dormir da noite...)

24 de outubro de 2006

movimento(s) do absurdo

Não gosto da angustia. De senti-la,,,ou vê-la. São razões várias; não lhe sei cor,,,desenho,,,ou resposta, mas é ela que me inquieta…
Ela,,,é,,,o meu vento…

In”apontamentos para um manual da serenidade” , ou como o importante é orientar os nossos passos, seja qual for o sentido do sopro da nossa angustia…

23 de outubro de 2006

distracções

Pintei uma aguarela inteira, em tons de cinzento ( cinzas da cor,,, sombras d’azul?)
e
no lugar do nome (esquiço que desenha o estado d’alma do pintor) escorregou uma lágrima. única. rubra! grito incolor de quem, em vez de sonhar uma flor, deixou incauto cair a dor…

20 de outubro de 2006

acasos, ou (ainda) a teoria do UM

O acaso é cousa inteligente,,, como o UM
Só o Um tem arte (engenho?) de abraçar tudo
e
continuar com o movimento…

19 de outubro de 2006

maturidade(s)

Comprei um livro, para crianças. Não o li ( ainda) …
Está ali.
Na estante.
Só!
Colorido ( a sorrir-me em sussurros divertido),
de pó
Não chegou ( ainda) o instante
de o sentir…
Há um momento( destempo) certo para tudo…sobretudo para colorir um livro para crianças ,,,sem fingir…


*********************************************************

serviço noticioso

o palhaço de D. Quixote actualizou o seu espaço com uma teoria absurda (quase imbecil)

18 de outubro de 2006

confidências...

Ouvi,
em marulhos de névoa, uma gaivota inquisidora:
Que fazes? Perdeste-te?
Olhei-a,
enroscada-nos azuis
e
procurei-me na resposta…
Voo!”,,,disse-lhe convicto-de-evidências…
Sim, eu sei,,,mas que fazes aqui? Perdeste-te?” Insistiu ela em esgares trocistas…
Não sei…provavelmente procuro…” disse-lhe irrequieto
e
já sem voo! ( perdi-me, pensei,,, em certezas só minhas…)

17 de outubro de 2006

a fisica da alma (?)

Penso,,,com o ruído das palavras a irromperem o silêncio,,,penso,,,não sinto, porque o sentir não as tem (palavras),,, é físico!

15 de outubro de 2006

quero

Não te sei nome, nem história, vagueias por aí no silêncio de um grito. Conheço-te na angústia da dor que não se ouve. Na verdade não tens nome, porque nome nasce na família e, se a tiveste, perdeste-a no silêncio do teu grito. Queria saber o teu nome. Temos o hábito animal de só chorarmos os nossos, e só os nossos tem nome e rosto, só os nossos não são número, e os números não causam dor. Só os grandes números incomodam, mas gritam em silêncio, e tu és apenas um, e não tens sequer rosto. Já ninguém vê o olhar que escondes na sombra do Mundo. Quero saber o teu nome, e os outros todos que o não tem. Quero olhar os teus olhos e todos os outros que já não tem lágrimas. Quero-o saber porque sou animal, e os animais só choram os que lhe são próximos.

Resposta em silêncio ao alquimista
e à Betty

fotografia original de Finbarr O'Reilly ( esta foto foi alterada por mim sem autorização do autor, o original, sem desfocagem será resposto caso o autor, ou quem o represente assim o manifestar)

13 de outubro de 2006

transformações

Sonhar,
é colorir o imaginário que nos invadiu o olhar. Não é iludir,,,é transformar.
Assim,
um sonho,
é cousa concreta, mutação do real, esculpido no sal e no vento, que se vive com a intensidade do sentir….

12 de outubro de 2006

pisar,,,silêncios ( parte II)

Icei um muro-de-azuis, na quietude dos silêncios, pisados,,, dos passos da
(des)-sombra-do-eu, como quem bebe o céu,,, a iludir que esconde a noite…

11 de outubro de 2006

pisar,,,silêncios ( parte I)

Larguei (abandonei?) a vela ao ar. Queria (eu?) andar ao de cima dos silêncios, como quem se esconde,,, sem pergunta…
Larguei-me (abandonei-me?),,, no espelho,
estilhaço de vento
que ecoa na gruta,
onda,,, nua,
defunta…

10 de outubro de 2006

9 de outubro de 2006

6 de outubro de 2006

5 de outubro de 2006

pequenos,,,pontos

Papá, papá,,,Olha! O céu está todo furado,,, Olha Papá,,,Vês? Vês todos aqueles pontinhos de luz? Vês? Consegues imaginar o quanto deve ser enorme a luz que se esconde na noite para de-lá do céu?

Sabes, Papá,,, agora já sou capaz de desenhar o horizonte
e
guardá-lo inteiro no olhar…

3 de outubro de 2006

hoje, na cidade que me habita nos passos

A cidade cheira a flores,,,mortas, decompostas em aromas agridoces, retracto de uma cidade desinquieta, paralisada de futuros…

2 de outubro de 2006

o jardineiro da noite

Cruzei-me com um jardineiro,,,varria palavras, uma-a-uma para a terra, com o cuidado todo de quem acaricia (semeia?) uma flor.

Disse-me em surdina que

“…plantava histórias. Que o seu jardim estava a transbordar de histórias, em vapores de poemas. Que era ,,,( o seu jardim), uma floresta que só os pássaros e as borboletas ouviam.”

Disse-me ( ainda) em segredos que

“…passava a noite a esculpir palavras-semente”

e que andava na ideia,

“…de esculpir a mais maravilhosa das sementes”

mas que

“…só lhe sabia ( ainda) o Nome!"

Chamava-se,

“…Humanidade”,

disse ele,,,
mas que (ainda) não sabia

“…qual a forma que haveria de lhe dar. Um pequeno nada e deitava tudo a perder"

podiam os pássaros,,,no desleixo dele

…deixar de cantar
e,,,
enlouquecer…"

29 de setembro de 2006

O Confessor

O Confessor
Daniel Silva
Bertrand editora
1ª edição de Agosto de 2005


História de intriga politica muito ao estilo de Morris West nos bastidores do terrorismo, retrata a frieza e crueldade dos vários lados da barricada. Mergulha nos negros meandros do Vaticano, onde um “Pedro” determinado e incomodado com a história da sua Igreja, acaba por ser protegido pelo agente “ Gabriel”, um restaurador de Arte, que tem artes militares ao serviço de Israel.
De leitura fácil, peca por estar demasiado colado ao tema e ao estilo de West, que tanto explorou o tema,,, a continua intriga instalada nas “Pedras” do Vaticano…
(...)
"O memorando de Martin Luther a Adolfo Eichmann pareceu causar ao Papa uma dor física. A meio da leitura, estendeu a mão e pegou na do padre Donati em busca de apoio. Quando Gabriel terminou, o Papa inclinou a cabeça e uniu as mãos debaixo da cruz peitoral.
Quando voltou a abrir os olhos, olhou directamente para Shamron, que segurava o relato da irmã Regina acerca da reunião no convento.
- Um documento notável, não acha, Sua Santidade? - Perguntou Shamron em alemão.
- Receio usar uma palavra diferente - respondeu o Papa, respondendo-lhe na mesma língua. - Vergonhoso é a primeira palavra que me ocorre."
(...)

metafisicas coloridas

Andei a passear “pensares”, ( meus e outros ). O dia todo. Foi a forma encontrada de ensinar-lhes a VER as cores.
Disse-lhes (convicto) "que não se devia dar-lhes significado para que não perdessem o brilho de ser cor…
Uma cor com significado perde a capacidade de se misturar com outras. Só na mistura nasce uma cor nova
e

uma cor-nova não tem nome,,, muito menos significado!
Uma cor-nova tem toda a metafísica do Mistério!
"
Ficaram mudos, num silêncio de insulto, por isso larguei-os de trela até que se esfumassem em nuvens. Vezes há que é preciso deitar fora todos os pensamentos ( nossos e d'outros) para que nasçam outros ( nossos) . Novos!

27 de setembro de 2006

o salto

Papá! Papá! Vamos correr!..Vamos?..Vamos Correr MUITO!,,,Queria tanto saltar para dentro do Universo e ele vai ali á frente,,, anda Papá, depressa,,,corre. Corre muito,,,(Já!)

26 de setembro de 2006

medidas (in) variáveis

Só há distância na presença da luz, a que se sente no escuro, tem a exacta dimensão da nossa inquietação…

25 de setembro de 2006

teorias do ponto (II)

A intersecção de todas as linhas num ponto, não o torna maior do que aquele que resulta da intersecção de duas linhas, apenas o transforma em Centro!

teorias do ponto (I)

Um ponto, não é (afinal) a intersecção de duas linhas,
é
a convergência de todo o Universo no ínfimo instante do presente ( de cada acontecer)!

22 de setembro de 2006

imperfeições,,,perfeitas!

Pergunto-me, ( vezes muitas,,, que se repetem em ciclos de desnorte) se o sentir advém da Vontade!
Quero sentir! ou,,, Agora Vou sentir!
e
zás flúi em nós o desabrochar de uma cor que nos altera os fluxos…
A resposta que encontro esboça, em cinzentos de duvida, que a Vontade apenas Lhe abre a porta, e vezes há que o sentir é tão intenso que não há vontade que lhe consiga travar a fúria porque o sentir lhe antecede os passos e a asfixia ( digamos que são sentires embebidos d'uma E N O R M E vontade!)…
Ah, amigos que me habitam o eu, deixem as portas abertas! Não! Abertas não! Deitem-nas fora e deixem-se invadir pelo turbilhão,,,quanto menos o reprimirmos, mais sereno se torna, e é na serenidade que se saboreia (sorve) toda a sua essência…
A vontade não gera sentires, apenas lhe é concedida a capacidade de os tentar conter…

21 de setembro de 2006

em silêncios...

Hoje não escrevo, Nada. Mergulho no silêncio, O passado está ali, Encadernado na estante, Afago-o com a saudade das coisas perdidas, Está ali, De fronte, Nos olhos, No sentir, Na estante, Encadernado de alma, Ali, Em silêncios de ti!

(Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer)

20 de setembro de 2006

o acontecer

A Lua anda a fingir-se Morte,,,eu também. Passos estranhos, sem sombra, desaguados,,,sem vida, As cores escoam com a suavidade do “acontecer”, barco sem leme, Linha precisa ( incisiva) da fatalidade do SER,,,como um rio que acata ser fecundo pelo mar e não se angustia,,,apenas vai,,,doce para o sal…
Retrato de um beijo de nuvens coloridas…que no escuro se transformam em luz,,, tempestade do grito.
Não há nada mais sereno que o silêncio que precede o trovão…é o silêncio da vida a espreitar…
Assim, ando eu,,, a espreitar, curioso de me ser no EU, concebido de ventos e de mar…

19 de setembro de 2006

ecos,,,de cor

Por vezes penso (sinto?) sem me ouvir ( inconsciente de mim e da minha intimidade…)
Dou comigo a vaguear com a agridoce ilusão de me descobrir na fantasia da cor…

18 de setembro de 2006

o desenho de uma nuvem

Quando olho uma nuvem, vejo uma Nuvem,,, fico incapaz de a deixar de ver,,, Nuvem (seja qual for o desenho com que se insinua)…
Não a vejo chuva,,, nem gota,,,mesmo que cada gota seja pedaço de chuva, mesmo que a chuva toda,,,seja uma Nuvem inteira!

Quando olho uma nuvem, mergulho na fantasia de a ver,,,Nuvem...

14 de setembro de 2006

ainda,,, o sonho

Ah! que maravilha é esta nossa capacidade de transformar com o olhar, a invenção do UNIVERSO e de o transfigurar ( em ilusão,,, fantasia???) em cada instante!
Só no sonho moldamos o tempo
e
nele ( sonho) não há física,
nem gravidade,
nem relatividade,,,muito menos química…
nele ( sonho) há o mistério da emoção do DESCOBRIR!
Soubesse eu distinguir os passos que dou,,,nele ( em destempo de mim),,, dos que gravo nas arreias que me azulam dos dedos da vida, e seria só multidão,,,sem o olhar de mim!

13 de setembro de 2006

enunciações,,,do sonho??? ( ou a teoria da inutilidade filosófica????)

O “Passado” é (na minha verdade de hoje,,,do agora…
ah! como é instável a verdade!!!!) um sonho que se desenha da ignorância da memória,,, o “ Futuro” também o é (sonho),,, Mas esse pinta-se da vontade irresistível de se transformar em memória!

In “ apontamentos para um manual da serenidade”, ou como é urgente que te apercebas que não tens um passado,,, tens “passados”,,, conforme ficaram desenhados na memória, tua e colectiva, e que o futuro depende da forma como o acaso se funde com a vontade de o seres (futuro), e a tua vontade, o teu querer, será primeiro, memória (tua),,,só depois colectiva!

11 de setembro de 2006

11 de Setembro, ou qualquer outro dia

Texto junto às torres: “2.863 pessoas morreram.”
Texto junto ao homem: “40 milhões de infectados pelo HIV no mundo.”
“O mundo se uniu contra o terrorismo. Também deveria se unir contra a SIDA” .



Junto às torres: “2.863 pessoas morreram”.
Junto ao velho: “630 milhões de sem-teto no mundo”.
“O mundo se uniu contra o terrorismo. Também deveria se unir contra a POBREZA”.



Junto às torres: “2.863 pessoas morreram”.
Junto ao garoto: “824 milhões de pessoas morrendo de inanição no mundo”.
“O mundo se uniu contra o terrorismo. Também deveria se unir contra a FOME.”


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*Imagens de anuncio da MTV proibido nos estados unidos da américa
nota: este post foi executado em partilha com a surpreendida

8 de setembro de 2006

mais vale percorrê-lo

O pior que se pode fazer a um labirinto, é deitá-lo fora, amassá-lo, como carta em papel, mal escrita,,, amarrotá-lo numa bola ( como quem humilha)
E
ZÁS!
Ignorá-lo assim, sem mais ( junto com a memória)…

Para quê, procurar uma saída se já perdemos a entrada
E tudo o que nos envolve são sombras e nadas????


Engano!

Se por ventura alguém apanhar a bola amarfanhada,,,COITADO! Não vai entender nada,
e
zangado-de-curiosidade,
também ele, devolve a bola, assim, sem mais, deitando-A fora!
E,
Deus meu, então é ver o labirinto a sorrir, fortalecido na sua enormidade, porque andou de mão em mão,
crescendo,
crescendo,
em bolas-cartas, à espreita,,, sem destino, de novo destinatário!

7 de setembro de 2006

labirintos

no mar ( quando
se transforma em deserto)
e
te sentes ponto ínfimo,( qual
gota de onda
)
há um labirinto infindo
que te engole o olhar
fervilhando
dentro de ti…
Agiganta-se informe para te inquietar
(sem te ouvir
ou avisar, passa a ser estrela polar
que te leva
e
te guia)…

Não sentisses tu, esse labirinto
e
perdias-te
sozinho,
em ti...

Nota: Prometi, a mim mesmo e a quem (aqui e ali) me ouve que ia deixar de escrever sobre labirintos, mas a verdade é que o meu constante sentir de procura, inevitavelmente (con)funde-se num labirinto. Não é necessariamente angustiante, percorre-lo. Vezes há que ele se torna omnipresente, e essa omnipresença passa a guiar os teus passos. Nessas alturas, só há uma cousa a fazer, é aceitá-lo e divertires-te com ele. Descobri, nesta minha viagem, dois tipos de labirintos, os que não tem paredes e se tornam um enorme deserto, e os que se escondem em corredores sucessivos de muros. Ambos nos desorientam, ambos nos obrigam a mergulhar no mais profundo do nosso ser, para seguir caminho, tornando-se importantes porque nos obrigam a escolher sentidos.
Estar, ou Ser, num labirinto, torna-se uma constante inevitável da vida. Não é uma obsessão minha, muito menos uma tragédia. Aceitá-los passou a fazer parte do meu caminho para a serenidade.

6 de setembro de 2006

ultrapassagens

Não queiras
( estive tentado, num impulso inconsciente de escrever, “nunca”, " não queiras nunca" mas a palavra “nunca” é tão obscena com a palavra “sempre”,,, não gosto da palavra “sempre”, nem de outras que criam grilhetas nos passos. Deixem-me portanto manter a ilusão da minha própria liberdade, não as usando, apesar de as sentir…)
ultrapassar o Mundo,,,aprende a ser feliz, na procura da subtileza de te ultrapassares,,,em permanência…

In “ apontamentos para um manual da serenidade” , ou como devemos ter o cuidado de empurrar a meta para diante, à medida que nos aventuramos nos passos…

5 de setembro de 2006

prolongamento do Ser

Sentado num banco,
de jardim,( em ferrugens verdes de sombra)
dobrado de vida, estava um homem ( em silêncios de borboleta),,, apoiado nos sonhos…
desenhava, no céu ( com a lentidão da leveza),
bolas de sabão ( coloridas?)
subiam,
uma
e
uma
até ao nada…
ele,,,cantava ( contava?
recordava?)
uma
a
uma,
as horas da sua vida…

4 de setembro de 2006

preso no ver

Não consigo libertar-me
da palavra
“olhar”,
e
no entanto,
todos os dias,
nas noites, (quando se acalma o sol)
sei,
que o que vi
no dia,( escuro,ou não),
foi diferente…

Tão díspar
do outro, que já não vejo
porque me fugiu no tempo…

Talvez por isso, sinta TUDO ( o que me coube nos passos),,,NOVO,
cada dia…

Assim,
a palavra, “olhar”,,, nasce, ( nos dias,,, Todos)
para mim,,,com a forma de futuros,
que me abraçam,
profundos,
sem fim,
no olhar…

3 de setembro de 2006

outra forma de escrever uma carta

Soprei a tua lágrima,
vermelha
de
sangues
e
jasmim…

Soprei-A,,, de ventos,
longe de ti.

Estilhacei-A
em mil cores
até
não ter cor,,,nenhuma…

Quando,
finalmente,
c
a
í
u,,,era lágrima
(agua pura,,,quase chuva)
de ti…

31 de agosto de 2006

ritmos do existir

A felicidade não é uma permanência, são pequenos nadas, aos quais se tem que estar atento,,,e inspirá-los em profundidade, ( com a quietude de um horizonte a sorrir ao vento)…

In “ apontamentos para um manual da serenidade” ou como a expiração (fragmentos filtrados da felicidade) deve ser rápida e desatenta,
ou como uma
e
outra ( felicidade e infelicidade) se desconjuntam no existir, mas que nos respiram Sempre!

**************************************************************************

serviço noticioso:

o panhaço de D. quixote actualizou o seu espaço com um pontapé na bola

30 de agosto de 2006

procuro, por vezes,,,navegar

Procuro o mar,,,navio de olhos sem destino, salgado de ventos…

Vates - A.G.B.

Vates – A:G:B
Ana Margarida Oliveira
Edições Verso da Kapa


Histórias romanceadas, onde se cruza o passado ( sec XVII) e o Presente ( sec. XXI). O enredo e as personagens interagem de uma forma sublime, onde uns, constroem o futuro e os outros desvendam o passado. Tem mistério (de uma caixa), intriga, paixões e um misterioso poeta Bandarra que desenhando solas e sapatos antevê o futuro, não nos feitiços, mas nas quimeras e nos sonhos de um País que se edifica na poesia, no mar e nos homens.
Paira o mistério eterno de Portugal, abraçado na névoa do seu rei menino, que desengonçado de físico e teimoso de alma se perdeu algures por terras de Alcácer Quibir.
Não sei se Ana Margarida Oliveira, pretende continuar a(s) história(s), porque na verdade, as duas ultimas frases do(s) romance(s), Parece induzir uma continuação. Não sei quem abraça Isabel, quem a esperava na ilha, mas fica a névoa d’el rei ali estar, à espera de se (re)fazer Portugal…

“…Esta caixa foi-me entregue em grande segredo na Índia, com a recomendação de que aqui estaria o futuro de Portugal e que eu saberia o que fazer com ela. E nada mais.
- Mas…o que quer isso dizer?
- Não sei filha! Tenho que pensar! Mas tenho sobretudo de a esconder. Com o nevoeiro e o desvario que havia na Santo Agostinho, Olívia e a caixa deram muito nas vistas. Houve muita gente a reparar nela devido aos gritos e à forma exaltada como ela a quis defender. A caixa terá que ser guardada com descrição. Tenho esta responsabilidade. Aparentemente o futuro do nosso país está com esta caixa!
- E, no trono, um rei que não é português…
- Pois é Isabel…E, nesta nau, muita gente que não sabemos de que lado está…
- O meu pai acha que D. Sebastião está vivo?
- Eu acho que Portugal está vivo! Acho que todos nós, os verdadeiros portugueses, somos um pouco el-rei D. Sebastião.”

29 de agosto de 2006

nem nuvem, nem chuva ( ou, as inconclusões de um eu,,,desencontrado)

ah,
se eu pudesse beber uma nuvem,
passeava-me
nas ruas,
como se fosse o próprio universo,
inteiro-de-autoridade,
(numa quase vaidade)
de ser um ponto sem fim
a andar sem sentido,
para qualquer lado
( distraído?)
por ainda não ter chovido,
(razão por ter nascido,
assim,
inacabado
…)

28 de agosto de 2006

brilhos de pó

O pó da Lua entrou-me no Olhar,
e
ali ficou ( a pastorar
e
a enganar-se nos sonhos
D’um menino
que imaginava histórias
com todos os segredos
das árvores
e
das gaivotas,

assim,,, Todos juntos,
misturados,
numa amálgama
de nuvens pintadas de Ísis,
e
a sorrir
como O pintor-de-Arlequins
quando se olhava ao espelho
e
Só via,
Cor

e
Arco-íris
quebrados
na tela
Em forma de quadrados
…)

25 de agosto de 2006

sons da terra, do céu,,, de poesia

Fechei livro de poesia,
(que lia)
e
fiquei a ouvir o céu a trovoar,,,trovas, de luz, de uma noite sem luar…

nota a quem anda distraído: Aqui e ali necessito de um tipologia de pontuação ortográfica que não existe na linguagem escrita. Ultimamente tenho precisado de "algo" parecido com reticências, mas que diferem delas porque são uma pausa prolongada, e seguem caminho definido.
São as virguliticências (,,,). As reticências, são algo que termina numa indefinição ou que dá liberdade de reencontrar outros sentidos, As virguliticências, não! São mais prolongadas que a virgula simples, Tornam-se complexas porque dão tempo a que o tempo se instale no sentir e baralhe tudo com a sua presença.
Há tempos precisei de arranjar um ponto de admiração, para desenhar o sentir-dos-olhos-que-saltam-para-diante-quando-se-maravilham com-o-VER , e para o diferenciar do ponto de exclamação (!), à falta de outro, virei-o ao contrário (i)

24 de agosto de 2006

o choro do mar, (des)salgado em estilhaços

O mar entornou-se em silêncios,,, De repente,
Sem marulhos,
Ventos,
Velas
Ou
Mastros.
Só azul, céu e horizontes ( muitos,,,em linha única,,,qual retrato do Eu de uma criança), como se quisesse, não molhar as areias, estilhaçadas de alabastros...

23 de agosto de 2006

dias, à noite,,, de mim,,, de lua

Ilumina-me,
escura na noite
(entre janelas,
fechadas)
a Lua…
Insónia de ventos
sem luz de rua…
Deito-me

(cheio de mim)...
Fuga
fugaz
(de um dia que não vem)
na proa de uma falua
que se desfaz
em nuvem...

22 de agosto de 2006

cor-de-mar

O mar ofereceu-me uma estrela,,,pousei-a na mão para lhe sentir o desenho,
depois, ( envolvida em história) lancei-a,
de novo,
no Mar.

Não voltei a vê-la…

Recordo-a,,,ou na história ( que me reconto em (des)novelo ),,,ou no desenho que me ficou em mão(tenho uma estela gravada na mão,,, dedo-a-dedo…)
Enlouqueço na cor, por não saber com que azul se pinta o mar,
( mais vale não o pintar
e
deixa-lo, tal qual,,,cor-de-mar
…)

21 de agosto de 2006

navegações

Deitei-me na Terra, fecundo de silêncios,,,por instantes senti-lhe o movimento, como se lhe pertencesse, qual barco navegante pelo Universo,,,errante…

10 de agosto de 2006

repetir palavras,,,não importa

Julgo já ter escrito sobre este estado (d'alma) de me ser livre na ausência de mim, Pouco importa, isto que desenho é caminho de descoberta, onde vezes muitas é imperioso revisitar espaços e passos.
Tenho andado por aí.
Assim mesmo,
tal qual,
por aí,
livre de me ser sem me sentir por dentro, de me questionar, de me sentir, de me formar, livre de mim
e
existir-me só por fora, De olhos fechados, No escuro de um Eu que se impõe em sentires.
Cansa sentir.
Esgota sentir, Sentir é um furacão que nos suga num vai-vem que dói, que magoa, que enaltece, que sorri, que nos comunica com o Mundo,com a fantasia, com o tempo
e
o destempo, Por isso me liberto ritualmente de mim, como quem esvazia um saco
e
o dobra
e
arruma, Ando por aí sem escrita nem poesia, só o desenho me arrasta no pó, Debruço-me a cada passo
e
guardo as pequenas pedras coloridas que o mar me oferece, redondas, lisas
e
vou, preso no horizonte, sem olhares, É saborosa esta ausência no destempo, é uma espécie de não existir no Eu, Sorrio no nada, de nada, livre de não me saber, livre de me perder sem labirintos, Como no deserto, Perdido sem labirintos, Perdido no espaço, De ser apenas um ponto de espaço, um grão de areia do deserto.
Ah, como sabe bem ir por aí…