27 de novembro de 2007

O “sky line”* de um dialogo intimo

As nuvens dedilham o céu com gotas de chuva, Negras, a dissolverem-se em sombra
(Só a gaivota,
branca,
lembra azuis…)

Porque me olhas?
Porque me roubas o voar e cobiças o ir?

( porque me trás o vento as vozes da gaivota que fugiu de mim?)

Como pinto o odor da chuva na terra?


Fecho os olhos e bebo-a
( a gaivota?
a chuva?
a nuvem!)
em cálices de onda e espuma!




*Desculpem o palavrão, mas tenho passado algumas horas com arquitectos!!!!

25 de novembro de 2007

In( definições)

O que escrevo com palavras é desenho!
Um retrato do instante, do Momento que arrasta ( sem esforço ) as sombras e as cores do que sou!
( digo-o com a convicção de me rever tal qual
no que digo e no
que escrevo)…

.
.
.
.
.
.
Mas tenho duvida, porque não há desenho sem linha e linha implica fronteira, mesmo que não lhe alcance ( no toque ou na vista) o fim
e o que escrevo insiste em voar para lá do horizonte...
.
.
.
.
.
.
Desenho ou não, tudo o que escrevo desenha-se...
O que me foge no olhar não é senão desenho!
.
.
.
Vês o desenho?
.
.
.
Sentes a cor?
.
.
.
.
.
Eh tu aí? ….estás a sonhar?
( é sonho o desenho?
é Caminho?
Se o sentes é!)

18 de novembro de 2007

feitiços?

Olho-te

( persegue-me nos passos o que me vai nos olhos,,,não a palavra, mas o Ver, colado à pele e ao sentir…)
Olho-te,

( como quem imagina estórias e
vidas… )

menina

( não consigo, mesmo que mergulhe no escuro, senão ver-te menina, cabelos livres no medo de seres criança a sorrir fora das lágrimas, indiferente aos tempos que se cruzam entre caminhos...)
e não és outra que menina a brincar nos feitiços, a fugir deles, a perseguir um carrinho de linhas vivo, carrinho brinquedo-alado a saltitar vidas e a desenrolar-se de azuis

( era azul a linha que te costurava os sonhos)
a fugir pelos horizontes a perder de vista,
e tu

( agora?)
mulher-menina a fugir no fingir de medos…
Olho-te e vejo-te mulher, já não menina a respirar inquietudes e cumplicidades.
Tu e eu, autênticos um e outro, meninos, ambos a desenhar azuis, e o carrinho de linhas a fugir por ruas e de nós, como quem voa sozinho, agarrados ao que fomos e já não vemos...
( ou já não somos?)

17 de novembro de 2007

Sonham os pássaros?

Retomo a folha branca de papel de água. Usada de silêncios…
Olho-a em sorrisos lentos, como quem sopra pólenes coloridos.
Afago-a com sonhos-de-pássaro-adormecido-nos-ocasos-quentes…

( afagos de olhos, nos olhos…
já lhe imaginaram o brilho? Quantas cores se escondem num brilho de tal desvelo? Já deram conta que cada uma das cores que se escapa tem a medida e o peso exacto de um beijo? Pesa um beijo de olhos? Pesa?


Sentes?)…

sonham os pássaros?

(Ao fundo,
Fumos de Inverno, retratos vazios. Opacos…
No Fundo,
Homens voláteis, em cinzentos queimados…)

Respiro memórias, gaivotas

( feiticeiras?
Há um calor suave de verdades em tudo isto, como se a primavera se escondesse entre as folhas de Outono, a suspirar mistérios)

Desenho-te os gestos, como bailados de neves rubras

Têm cores , os gestos?

É incrível esta Tua capacidade de te esconderes permanentemente a espreitares para de lá do olhar, Só para me colorir e aquecer os sorrisos-de-memórias...

( é a recordação uma verdade?)

...como aquele desenho que te pintei com a cor das nuvens…lembras-te? Éramos nós dois.
Sós,
no cordel de um pião a desenhar destinos…lembras-te?

Retomo a folha branca, esquecida de pó…

(Sonham os pássaros? )

no ante-escuro
ponte-praça
Aveiro
Novembro 2007

16 de novembro de 2007

15 de novembro de 2007

13 de novembro de 2007

Segredos ( ecos? verdades?ou um dialogo com o só?)

Oiço-te no sonho,,,sombra alada e enlaço-me no vazio, ébrio de cor.

(saltimbanco, arlequim, quadro, desenho, parede, relógio, campânula de cristal, cavalo-branco, tapete....és tu Mestre?)

Oiço-te menino,a chamar por mim,
( em memória?
Não! Tu estás aí, eu é que longe.
Quem anda no longe anda perdido no aqui)
e tu, ouves-me? Sentes-me? Oiço-te no sonho e pinto-te em cores de sol e jasmim … estátua afinal. Forma real da ilusão de mim.


Ao fundo , no escuro o quadro e o Mestre, que o desenha , eu ao fim no escuro, invento, quase no desequilíbrio para de lá da lua,
o vento.
Tudo o resto não existe.
Só me resta o caminho, e o deslaço de ser tudo isto,


(eco dos passos! )


Oiço-te,




Ao longe, na praia salpicada de búzios,


o farol a imitar as noites,



a andorinha-gaivota a pintar o horizonte,
oiço-te,





Só o eco persiste... (Afinal não somos mais que os passos que fogem do passado iludidos nos sonhos e dos sons que nos habitam a alma…)

9 de novembro de 2007

duvidas, ou novamente a procura? ( ou o acaso?)

Enquanto as noites se alongam na inquietude, e os olhos se adensam de duvidas, umas tornam-se mais difusas, quase verdades, e outras endoidecem-nos num bailado intermitente, quase desfocando o limiar da angustia, perseguindo-nos e incitando-nos a uma permanente procura, como peixe que faltando-lhe o ar na agua, o procura nos céus.

Não é estranha, para mim a pergunta final, aquela que nos daria o sentido de existirmos, aquela que nos iluminaria sobre a nossa missão, a nossa função neste embaralhado de labirintos e de destinos ( aos quais eu insisto em chamar de acasos).

Numa das minhas caminhadas entre silêncios e chaparros, entre cigarras e papoilas, lá para os lados do Sorraia,
( como se fosse importante o ponto, a cruz da latitude e longitude do lugar…) ,
dei com os olhos numa colmeia, pendurada e escondida num enrugado sobreiro.
Detive-me, não de admiração, mas porque no ponto de fuga, avistei um povoado no longe.

Na linha que unia a colmeia e a casa, uma recta e na recta a duvida!

O que nos leva, a nós humanos a considerar uma colmeia um elemento natural e uma aldeia, ou uma casa um elemento estranho à Natureza?
Porque é que uma represa de castores surge no nosso imaginário como parte natural de um sistema e uma barragem se torna tão incisiva na alteração do meio?
Em que difere efectivamente um ninho de cegonha de uma das nossas casas?
Se não duvidamos nós , humanos de sermos produto de uma evolução natural das espécies, porque consideramos então que o produto da nossa inteligência é cousa artificial? ( porque nos sentimos superiores ao Natural?)
Não há (hoje) duvidas que a espécie humana alterou o sistema e que nós humanidade produzimos alterações que afectam o equilíbrio , Como também não temos duvidas que a Natureza procura inevitávelmente o equilibrio.

O que me pergunto é: a que equilíbrio nos vai levar a Natureza, após este desequilíbrio provocado por um dos seus elementos ?
Terá a extinção dos Dinossauros sido provocada pela sua supremacia?
Não terá sido a supremacia natural dessa espécie que provocou o desequilíbrio? ( ou o acaso?)
Não terá sido a procura desse equilíbrio que originou as condições que possibilitaram o aparecimento do Homem? ( ou o acaso?)
O que originará este próximo equilíbrio?
Serão estes desequilíbrios programados?
Produzindo a supremacia de uma espécie, um desequilíbrio, será que qualquer supremacia provoca a sua proporia extinção? ( a História Humana está recheada de sucessivos impérios….decadentes)
Terá afinal a nossa inteligência um fim comum que culminará na nossa própria extinção?
Teremos de facto Livre-arbítrio, ou a nossa função encontra-se perfeitamente definida, programada e direccionada para a extinção de forma a provocar o equilíbrio, ou o desequilíbrio?
Será esse o nosso desígnio colectivo? Ou o nosso desígnio colectivo é atingirmos a nossa não-supermacia , condição única de sobrevivência?

Sento-me, debaixo da sombra do sobreiro e sinto que naquele instante todo o meu caminho me leva ali, única e exclusivamente para ouvir o vento…( ou o acaso?)

7 de novembro de 2007

procuro

Procuro rotinas, pequenos gestos perdidos, odores, cores, sombras, recantos,
( abismos?)
Procuro no escuro, os passos, os ecos, os afectos, os recatos, os poléns,
( memórias?)
Procuro como quem voa nos alísios, Búzios
( sempre eles,
a marulhar, suspiros).

Só,
num turbilhão de acasos,
vou ,
inseguro, inquieto por travessas, travesso,
por ali.

É este o desenho dos laços que me atam no desacato de mim.
Livre?
Sim !
(Parti de Ti, linha sem começo nem fim...)
Procuro o espaço, o ponto, O centro, dos passos,
sem compasso,

sem norte…









Há liberdade sem passos? Sem morte?


(Procuro rotinas,


à sorte…

e vou,

por aí….)

29 de outubro de 2007









ecos celtas
Grupo de Gaiteiros - Popularis
Feira Mediaval de S. Silvestre
Coimbra
Outubro 2007





23 de outubro de 2007

desencontros

O pior dos desencontros, é encarar o nosso eu, fragmentado em estilhaços de imagens sem sentido,
a viver,
não na memória
mas nos gestos ( sem mim)…
Passeio-me a sonambular, sem sol nem sombra, por aí…
Fantasma?
(Esponja que me suga as cores,,,e lastra os passos,
Irreal…)

Isto de me sentir espantalho de mim, é loucura a pingar quadros de Dali…







ah,
soubesse eu sair de dentro de mim…e não seria este mar sem sal



( vórtice?

fim?)

15 de outubro de 2007

brisas, (ou buzios a segredar caminhos?...destinos? indistintos?)

O horizonte ondulou-se de brisa …

Eu ,
ali ,
no centro de nada,
cristal de sal a vaguear de olhos…

(homem ou gaivota? )








Vento!

( seja o que for, navego entre horizontes, mergulhado em mim…)

9 de outubro de 2007

simples, como todas

Desenhei uma cruz, ( a Cruz-do-Homem)
simples ( como todas)
Só,
uma cruz, sem homem, sem nada…





( não há vida inteira que caiba
no contar das lágrimas que se escondem no desenho de uma cruz,
e no entanto bastam dois traços para Ser um ponto,
perdido,
no nada…)

7 de outubro de 2007


...eles não sabem, nem sonham...(II)
saltimbancos de Ceira
Feira medieval de São Silvestre
Coimbra
Outubro 2007

"eles não sabem nem sonham..."
saltimbancos de Ceira
Feira Medieval de S. Silvestre
Coimbra
Outubro de 2007

a espera do sonho
Jograis - feira medieval
( saltimbancos de Ceira)
São Silvestre
Coimbra
Outubro 2007

retrato

Uma pedra que voa,









( retrato do eu, iludido-de-liberdade,,, Ela não está na pedra que atrai-o-chão e a queda, está no olhar de criança que a leva,,, embrulhada em verdade...)

28 de setembro de 2007

Serenidades, sem memória

Sei, ( com a convicção de me saber um ponto ínfimo escondido numa infinita folha de papel,
branca)
que andei por aí misturado na terra;
Que vagueei pelo longe, dissolvido no sal de uma onda de mar;
Que voei, preso nas penas de uma gaivota,
mas,
agora,
no hoje que me atropela o ir
estou aqui sentado, sem memória de mim,
a pensar….





( saber com convicção é pura imaginação)

24 de setembro de 2007

outras cores,,,no céu

Hoje, o céu não tinha estrelas mas búzios-encantados a olhar,
( daqueles que cantam cousas outras para além do mar)
Na noite,
fingiam sons de embalar,
(eram as ondas a chorar...)






já lhe imaginaram a cor?

23 de setembro de 2007

quedas

caiu uma folha,
(morta?),,,colorida,
semente-lágrima
de vida.
reza em vão
marulhos de uma oração,
de um ciclo que não finda…
caiu uma folha,
mão-arado,
sangrada por chuva-dorida,
caiu uma folha
sozinha,,,no chão…

17 de setembro de 2007

o desenho da imaginação

Desenhar uma estrela
( nossa)
é cousa solene…
(Importante, diria! Caso alguém me ouvisse)
escolher o pedaço do céu para a colocar é tarefa dos Deuses, por isso desenho-a na imaginação
( aquele espaço ora nítido ora sombrio que nos habita entre os olhos e a fantasia )
e todos os dias tenho uma estrela nova, seja qual for o lado do céu que me olha

5 de setembro de 2007

limites

No limite ( no nosso ? no do universo? ) há sempre uma porta que se abre…nem que seja para olhar…

In “ apontamentos para um manual da serenidade ( sem autor)” , ou como mesmo depois do ultimo passo, há sempre caminho…

3 de setembro de 2007

na sombra da minha árvore

Sentei-me a teu lado. A sentir-te. Ouvi-te a seiva a passear-se na sombra do vento. Abraçaste-me entre suspiros. Querias viajar, disseste-me. Ofereceste-me uma das tuas folhas e levei-a como se te transportasse inteira. Nunca te conheci criança, mas lembro-me das tardes de sol em que nos riamos os dois, como se o mundo só existisse para nós. Hoje senti-te cansada de angústias. Amanhã conto-te a viagem. Vou levar-te a ver o Mar, onde não há sombras. Vais gostar. Acredita. Lá os pássaros são brancos e o vento é salgado e nós ouvimos o sonho para de lá dos búzios…

29 de agosto de 2007

as cores do fim do dia

Hoje , ( no fim do dia) o céu diluiu-se num violeta escuro de tempestade. ( e o sol a sorri-se, escondido a misturar as cores , divertido…)

linhas de fuga

Gosto de desenhar o horizonte (fetiche meu!).
Quando o desenho (ou pinto) aproximo-me do Universo e oiço-o… ( é como olhar o céu, mas dentro do sonho… como se ele, sonho se escondesse do lado de lá, a fugir-me do Eu-inteiro!)

27 de agosto de 2007

ainda o acaso

O estado puro não pode coexistir com a esterilidade, estado puro implica harmonia, equilíbrio, estabilidade… Na esterilidade, ( como no vazio) o acaso torna-se improvável e sem ele nada se move…
In "apontamentos para um manual da serenidade" ( sem autor ), ou como os nossos passos devem procurar o equilíbrio na liberdade e para que esta seja pura, deve-se pintar de Universo…

22 de agosto de 2007

21 de agosto de 2007

o fascínio dos acasos

Acordei, crédulo que as palavras têm vida própria. Entram em nós ( na inquietude?) e tomam formas endiabradas sem pedirem licença.
Aparecem e desaparecem num jogo de escondidas em que o prémio é o horizonte-da-memória...
Assim não fosse e eu lembrar-me-ia de todas.
Por vezes mostram-se, passeiam na alma e depois desaparecem...não há esforço nem vontade que as acorde e as traga de volta.
Hoje surgiram-me ( do nada?) umas que andavam por aí em salpicos, a insinuarem-se até que se desenrolaram na desinquietação das sombras de uma verdade...

...o acaso é o sorriso de Deus e a essência da vida...o teu corpo é noventa por cento água e a tua vida noventa por cento de acasos...

17 de agosto de 2007

uma a uma

Percorro a curva do rio, com a lentidão dos olhos. Respiro-o. Sinto-lhe as cores. Uma a uma. Azuis. Todas.
Vagabundo-me, no longe ( é longe o passado?). As memórias são as minhas cores. Azuis. Todas...

16 de agosto de 2007

uma cávena ( vazia?) de palavras...

Fugiram-me as palavras ( ou as memórias?) aterrorizadas de serem “sentires vagabundos” melancólicos e mal tratados. Esvaziaram-se de sons, desavindas comigo ( ou eu com elas?). Zangadas ou não, mergulhei no poço, (descalço e nu de negritudes) e repesquei-as uma a uma, num puzzle desconexo, (retrato fiel do meu desencontro com o vazio e a vida) e soprei-lhes sussurros de perdão por inauditos mal tratos. Disseram-me depois ( à noite, entre estrelas e nuvens) que as não maltratei a elas mas a mim, porque isto de andar sempre vazio e sem rumo era coisa de louco ( ou de cobarde?), qual marinheiro de agua doce que se inventa em tempestades e aventuras que só o poeta sabe desenhar como reais.
Acordei ( ou dessonhei?) com a disposição clara de voltar ao convívio com as palavras e o desenho, (forma egoísta de não permitir a passagem o tempo e de me embriagar com o vento ou o mar e sentir-me, eu, igual a mim, num reflexo sem espelhos...)
O desencontro ( ou a paragem?) não me favoreceu, pois o tempo passou e eu não! Desperdício puro de uma lágrima que me era destinada para a vida e que deixei fluir sem lhe sentir cor, nem de saciar as sedes.
Disse-me o mestre que é preciso acordar vazio em cada amanhecer, para que o tempo caiba por inteiro no dia que nos calhou para descobrir e de nos maravilharmos em permanecia em consequência de irmos de OLHOS, mas o vazio que me entrou, sem a companhia suave das palavras que se sopram irrequietas foi outro, mais negro, mais pesado e usado de angústia.
Este que se me colou hoje no acordar, era esse outro vazio que o mestre nos disse em murmurejo sábio e sorriso matreiro, como quem diz uma verdade que só pode ser ser desnudada por cada um...
Fui á procura da minha, por isso voltei ao caminho e ás palavras que são quem o desenha...

7 de agosto de 2007

30 de julho de 2007

je ne suis pas poète...poète est mon regard...
(pratica de Ten-Chi-Tessen no Dojo de Ten-Chi-Várzea de Sintra)
Julho 2007

17 de julho de 2007


névoas (II)
Praia de Buarcos
Julho 2007

névoas (I)
Praia de Buarcos
Julho 2007

entre vazios ( mascaras?)

Expludo na incoerência de-me-ser-muitos e de me sentir semente-de-vazios. (Só o arame do equilibrista-palhaço me alinhava o ir e eu finjo acreditar que me olho no horizonte...)

5 de julho de 2007

fado irrequieto, calado

Desenho uma menina, irrequieta,
em pó de giz,e luz.

Branco e preto, sombras aladas numa noite de estelas.
Está sentada a um canto, canta, um fado calado.
Diz,
poesia em olhos de encanto e canta , um fado falado.

Irrequieta criança que joga quieta um sonho atribulado.
Desenho poesia,
num sépia queimado.
(Bailarina?
Gaivota?

Fada?)
Ah, este fado cantado em fantasia de menina que brinca, mesmo sentada num canto fechado...

4 de julho de 2007

securas

Escondo na cor a árvore,
escondo-a da sua sombra e pinto-a de sol, ao som dos murmúrios de uma águia pálida, que desenha abismos na noite e nas estrelas.
Escondo-me eu, em mim, como quem guarda o destino em memórias, (Cardume de histórias sem sentido) e voo no futuro em sorrisos infantis que guardam o tesouro do tempo.
Solto as palavras.
Evaporo-as.
Sou o sal de mim.
Seco.
Que chora!

2 de julho de 2007

(des)voares

prendi-me de asas, ás asas da água, e dilui-me na noite do vento ( como quem esvoaça, agrilhoado ao sonho que passa...)

1 de julho de 2007

aqui

"Estou aqui!"
Apetece-me gritar , "AQUI!"
Cego de azuis,
mas
AQUI,
cinzento em vazios.
AQUI,
sem forma nem caminho,
apenas Vento
ou Grito,
de mim...

25 de junho de 2007

o som de um sorriso

Tenho os olhos a voar nos silêncios de uma noite escura, como uma nau que procura as estrelas que lhe segreda caminhos.
Sorrio silêncios, como só os olhos sabem gritar...

19 de junho de 2007

com a lentidão de uma sombra nocturna

Retomo a escrita, com a lentidão do tempo, como as nuvens de verão a diluírem-se em desenhos de fantasia...
O cinzento do céu é o (meu) ponto de partida, para o azul que teima em queimar os meus silêncios,
Silêncios,,, silencio, que só as lágrimas retidas ( escondidas,,, na retina? em ti? em mim?) o apaga...

18 de junho de 2007

no desenho de uma miosótis rubra

Desenho,
com um lápis louco que se finge feiticeiro e me obriga ( qual escravo que no espelho se reflecte colibri) a imaginar todas as cores que não tenho...
Ah! Isto de percorrer as linhas do desenho ( miosótis rubras, irrequietas em aguarelas de mim) é muito mais perigoso que respirar labirintos...

10 de junho de 2007

desaparecidos!


Olhei-te. A ti Madeleine, a menina que grita, que se ouve, que se vê, dia após dia, na voz, nos olhares dos teus pais e de todos. Estejas onde estiveres, és uma menina amada, acarinhada, que nos ecoa de angústia. Alguém te escondeu, alguém te levou. Mas estás aí. A olhar-nos, a obrigar-nos a darmos a mãos e a partilhar a dor. A tua e a de teus pais. Mas o mundo tem mais meninos, querida Madeleine, tantos outros que tal como tu já lhes secaram as lágrimas.

Mas esses são diferentes.

Porque não sei eu o nome, dessa menina, ou menino que juntei ao lado da tua foto? Porque não sei sequer de onde veio?

Não te sei dar resposta querida Madeleine, mas gostava de a ter, gostava de te poder dizer o nome desse e de muitos outros meninos sem nome e sem voz.
Este nosso mundo, querida Madeleine anda inóspito, anda com a alma poluída de indiferença. Já não somos Homens, somos um animal fantasma que finge que sorri e que ama...

5 de junho de 2007

diálogos , ou os monólogos do silêncio

Passeio,
lento de azuis claros.
Passeio-te os olhos,
e
como quem pensa poesia, levo-te pela mão em aguarelas sépias, num devagar de memórias. Ausente.
Eu. Tu.
Distantes.
Somos.
Eu. Tu.
Distancia.
Margens de um mar perdido.
“Diariamente_____________olho-TE”. (*)
Eu. Tu.
Desenho memórias, como quem suicida as palavras e inventa nuvens para silenciar nos gritos,,,as dores.
Eu. Tu.
Num mar de silêncios.
Diariamente.
Distantes.



(*) in "o peso da intimidade" de Betty Martins

1 de junho de 2007

Sento-me, Passivo, No rés-do-céu, a inventar azuis e sorrisos, como quem desenha beijos com o pólen-de-borboletas…

30 de maio de 2007

estação do oriente

Passeio-me na cidade grande, entre caminhos e desencontros. Aguardo o comboio que me leva (ou devolve?) sem destino, sem tempo. Só eu me encontro imóvel ( por fora?, por dentro?, não sei! parado! cego...) Espero nesta estação de comboios, de uma arquitectura estética disfuncional, que arranha os céus em teias de aço e vidro (baço). (Catedral de namorados que segredam beijos).
Olho. Oro, no silencio dos caminhos e desenho, nas nuvens (e em mim) os contornos do vazio.

29 de maio de 2007

entre os azuis do desenho
Maio 2007
Esta solidão que me corre no sangue é um oceano sem ondas nem cor.
Doem-me os olhos e as asas, como quem prende o futuro nas entranhas do eu.
Estranha forma de ir.
Informe.
Sem fome.
Vazio que transborda de sombras. Azuis!
Oiço o mar. Revolta de um sonho. Parado.
Onde se esconde a cor? Na dor?
Se ao menos soubesse desenhar uma flor e não teria esta dor, que me corrói e destrói como um cancro do sentir...
Ah! soubesse eu mentir...

23 de maio de 2007

Rezo no silêncio, ao silêncio de mim, como quem chora sem lágrimas ( ou grita sem voz) e sem credo...
Procuro as cores, numa tela escura...
Primeiro,

névoa ( vazios-de-um-rio-agrilhoado)...
...ando...
...sem memórias...
...a imaginar tempos, como quem fantasia destinos...

Depois,

um marulhar , preso, amortalhado...perdido!

22 de maio de 2007

Numa ponte sem margens, ou mergulhas no abismo, ou esquece-te das margens…

12 de maio de 2007

Sobram-me as sombras ( vela ardida, derretida!). Só as arvores me falam em silêncios de ventos e de ondas. Embalo-me nesta agonia de me escurecer no dia…Desenho reflexos. Trémulos. Incrédulos. Desenhos criolos. De um desejo que desvanece…Olho o papel. Vazio. Só a semente existe. Ela e eu. Só!

11 de maio de 2007

fumos de mim

Desfaço-me nos passos, lentos , gravados no destempo da incerteza, Como um cigarro que se extingue , Dissolvo-me no nada. Respiro-lhe as memórias ( das árvores? do tempo? de ti?), De todas as memórias que se descoloriram nas lágrimas. Levo os passos. Lavo-os. No sal. De mim.
Fecho-me no olhar e respiro. Encho-me de vazios e de passos…
Sou uma eterna procura de vazios…

30 de abril de 2007

Sento-me...só , em sitio nenhum,Viajo na vertigem dos verdes, Ébrio de ir...
Sinto-me só, em lugar algum, Preso na lágrima colorida de mim, Sedento de ti...
Sei-me só, Perdido, Aqui!

29 de abril de 2007

porque a tranformação não tem nome, nem hora

Primeiro, pensei, com a sinceridade do instante que era o Fim, de um olhar, de um caminho, mas ( no final) o caminho não o tem, (Como um fio de teia ( de aranha ou de homem), mesmo quebrada, prende).
O horizonte, essa linha indefenida que desenha sonhos, permanece, e o que surgiu de um "Almaro" cansado de se equivocar nos eus, foi um Jeremias, meio palhaço, meio nada, transmutado no caminho, mas sem se enganar com o que via ( sentia),pois o que levava no olhos, era o ir.
Assim, quase do nada, mas carregando o horizonte, tropecei em JEREMIAS.

três , caminhos?
abril 2007

28 de abril de 2007

as chaves do sonho, ou ...quando tudo se esconde no olhar que nos foge...
Abril 2007

25 de abril de 2007

18 de abril de 2007

a exactidão de uma verdadeira praga!

As palavras adoecem. Torna-se elas próprias uma epidemia que devasta os sentidos, qual praga de gafanhotos. Colam-se, sanguessugas, ao inconsciente do falar, como um vírus informático que se auto reproduz e substitui.
Andava distraído até que de um momento para o outro a imagem de “uma doença linguística-infectocontagiosa” se focou “exactamente” na minha mente.
Mais que uma moda é uma praga!
A ultima invasão é a palavra “exactamente!”. Substitui a exclamação, a virgula, a pausa.
Já foi “quer-dizer”, ou “claramente”, ou “de facto”, ou um revolucionário “pá!”. Não sei como aparece, nem como se propaga.
É uma espécie de constipação linguística que assola tudo e todos!
Eu, que procuro palavras como quem desenha sonhos, Irrito-me! ( maus -figados os meus!)
O pior é que a palavra “exactamente” não cola ao nosso espírito lusitano-latino'arabe, que não quer nada com a exactidão nem precisões!


Procura-se uma vacina! URGENTE!

11 de abril de 2007

ainda o passado, ou o desenho dele

Desenhei o passado com (…) e disse-me a voz do vento que “um passado arrumado desenhá-lo-ia com ponto final, porque um passado desenhado a reticências, é ainda muito sugestivo...”…
Tenho duvidas que um passado se sinta um ponto final ( quanto muito ponte e nunca final, porque para se saber o fim, tem que se olhar o inicio e o inicio…, ah! o inicio é uma raiz que se perde no olhar...). Mas o problema prende-se não só com a (des)arrumação desse passado, mas com o facto de que cada um o olha, ou o vê com a sua memória, e cada um tem a sua, o que provoca um vendaval de impossível arrumação.

Admito que (...) não seja grande desenho do passado, gostaria de ter imaginação mais requintada, mas ando escuro de ideias e lento de pensares…
Passemos então à frente de simbolismos, e tal como a memória que cada um desenhe a sua, conforme os ventos e os sentires.


nota: isto que se escreve,( aqui) não é zanga com o vento, ou com costureiras de estrelas, ou cousas outras, é puro mau feitio e o de gostar de contrariar por teimosia demente ( cousa que me vem do passado e que não tem explicação inteligível...)

10 de abril de 2007

carta de um passado

(...)

Perdi o teu contacto.
Arrumações aqui e ali, apagaram memórias e passados.
Escreveste-me a devolver parte desse passado, meu e teu, (Dizes).
Palavras escritas e sentidas a duas mãos. Lembro os sentires. O momento. Os sorrisos...
O desenho do passado perde-se, tal como o do futuro. Todo o desenho se perde no cinzento das sombras. Como quem fecha os olhos e imagina a cor. Fica sempre esse limbo entre a imaginação do ver e do sentir ( será que há cor, no que imaginamos de olhos escuros a redesenhar os sentires?, ou os passados? ou os futuros? ou só há cor na luz?).
Reli o passado que me devolveste. E revi-me. E revi-te. Ali estávamos os dois a escrever sentires. De nós? Ou das personagens que nunca fomos nós?
Perdi o contacto para te dizer , um sorriso, porque os sorrisos também se escrevem, também se dizem.
Eu já não sou o mesmo. Tu continuas a arrumar o passado. O meu anda por aí na memória de cada um, mas só no que me ficou no eu, lhe reconheço cores e sombras. Sempre as sombras. Se um dia pintar a memória pinto-a cinzenta.
A cor evapora com o tempo, mas como as flores, ambas tem sementes.
O passado que me enviaste tem forma de semente. Por isso te queria escrever, para te dizer a forma da cor da semente que me ficou na memória. Porventura cor de papoila. Já teve um quadro essa papoila. O quadro já não sei dele. Dei-o para angariar fundos já não sei para que causa.
Não sei se aqui vens.
Este espaço não tem passado, e o outro de onde vim , já não tem futuro, mas queria-te escrever ( já o disse) para te deixar um sorriso suave, sereno. Trago sempre a serenidade com o passado, para não me surpreender com o futuro.

(???)


(...) desenho do pasado
(???) desenho do futuro

9 de abril de 2007

4 de abril de 2007

ignorancias

Não sei.
Por não saber, fujo...( para evitar a tentação de me fingir)
Sei que sou esquisito mas a vida moldou-me assim... ganancioso de SER por inteiro e não me caber por inteiro em mim.

passos mudos, no interior do só

De repente sinto um nó de solidão, pendurado numa lágrima.
Pesa uma escuridão, esta lágrima que me pintou a alma!
Sem razão, sem aviso... como folha caída sem vento.
Confunde-se com a dor da fome, ou da sede.
Permanente.
Presente.
Fecho os olhos e o olhar, e ela ali está. Gigante. A fingir-se minha!

3 de abril de 2007

Fui invadido por um nevoeiro de palavras.
Brancas.
Opacas, iguais.
Preso no labirinto de não me ser novo,,,(Sonho nocturno da angustia de ser tempo gasto, morto nas voltas de um Tempo espesso. Parado. Estrela escondida no eclipse da alma. )
Paro!
Apenas respiro, como quem procura odores, ou cores. Tudo o mais é branco. Negro (?). Tanto Faz. É igual a monotonia das palavras que se transformam num som repetido, lento. Morto.
Fujo!
De mim (?)
Não sei. Não me vejo, neste nevoeiro, branco que me fere o sentir.
Olho o muro, (labirinto?) cheio de palavras. Todas as palavras. Empacotadas em papel pardo. Iguais. (Mutação de Kafka ?). As palavras iguais, são moscas. Zumbem um som de morte. Branco? Negro? Denso? Baço!
Confundo o muro com o horizonte! Estou perdido, no eu e nas palavras. Desconheço-me! Desencontro-te!
Respiro. Ainda. Na lentidão de quem se perde no labirinto de si!
Até as asas são de palavras de papel. Iguais a todas as asas de papel, desenhadas na ilusão de voarem na imaginação.
Passeio na silhueta do sol. Na intensidade do vazio que cega, sem sombras, sem Negros. Vazio! De palavras.
Só o novo se sente, tudo o resto é impulso, é respirar!
Vou!
Mais uma vez,
decido de vez!
Vou na incerteza de encontrar a palavra que voa, sem papel, no sentir, longe da imaginação!
Ah isto de ser lagarta a enrolar-se em teia de aranha, é cousa para que não nasci!
Vou, para o longe de mim.
Agora!
Já!
(antes que me encasule…)


Não sei quando volto. Se volto. Pouco importa. Não há porta, nem janela.

Adeus, almaro…


Desde que nasci, que ando curioso de saber como se escreve a Palavra FIM.
Afinal tem três letras, e um ponto. O ponto é maior que a palavra, porque esse é FINAL!


Será esta a sensação da morte??? Livre de mim??????

That Old Devil

Chegado a casa, no fim de um dia sem história, em cima da minha mesa de estudos, estava um embrulho, pacatamente pousado, como quem espera um afecto ou um afago.
Adivinhava-lhe o conteúdo, por isso olhei-o com ternura, expectativa e emoção.
Ali pousado na serenidade de um tempo que parou, estava o fruto de uma experiência de amizade.
Antes de o abrir, como quem precisa de um cigarro, coloquei em som de fundo um cd. Dessa "caixinha de musica" ( afinal tudo começa com uma caixinha...) evoluiu uma voz serena, que “melodiava” afectos. Foi essa voz, não da Billie Holiday, mas de uma outra mulher inconformada que lançou os laços de uma aventura escrita “That old devil“.
Recordo o carinho e a emoção, como fomos cada um de nós, lendo e relendo cada capitulo desta nossa aventura.
Lembro com angustia o desaparecimento da mãe de todo este envolvimento;
Lembro o sorriso que me fugiu quando dois anos depois, inconformada ainda, reapareceu a voz e a mulher que num determinado momento das nossas vidas foi nossa maestro;

Não é certamente uma obra literária, pois o que nos uniu, não foi necessariamente a escrita, foi o facto de não nos conhecermos e apesar disso nos sentirmos amigos de cada um que deixou a sua história escondida na história do “old devil”.
Hoje os tempos são outros. O almaro que participou nesta aventura morreu, cansado de sombras, cansado de correr atrás das suas cores. Outros que participaram na história há muito que se esconderam ou noutras personagens ou em personagem nenhuma.
Fica para a nossa própria história, este pequeno livro, fecundado por um amor estranho, sem nome, que nos uniu a todos num determinado instante das nossas vidas…
Um beijo sem tamanho para ti Inconformada, que tiveste a magia de seres inteira nesta aventura…

1 de abril de 2007

Escrevo nas areias da água, com a intensidade da corrente. Escrevo nas águas entre limos e os reflexos do céu( verdes, azuis e castanhos, são as cores do que escrevo), Nas areias, como se gritasse vazios…
O sentido do que escrevo, está no Mar…

à procura de saidas
(vale do Sorraia - Março 2007)

31 de março de 2007

quando (te) oiço, (os) sussurros

Por vezes ( poucas…talvez…) lembro-me de ti. Não dos olhos, tão pouco do sorriso. Das palavras! que dizias no silêncio do sol, como poesias (pétalas de borboletas?). Lembro-me dos passos que dava a ouvi-las no vento ( búzios da floresta?). Por vezes( poucas…talvez…), sento-me na estrada a desenhar-te com a cor das estrelas, outras fecho os olhos e reconto todas as histórias que me contaste e que se perderam nos verdes das árvores.
Hoje vi-te. No reflexo dos cristais de chuva….

polemógrafo do eu

Caidos no chão ( como gotas de chuva), estão os fragmentos de um homem-fantasma sem sombras. Estilhaços de pólen-de-um-olhar-em-sépias que se apressou a esconder-se nos reflexos da luz.
Caído na terra.
( semente?)

barreiras visíveis
ou
a invisibilidade de um labirinto
ou
um horizonte que nos atropela
( vale do sorraia-março 2007)

30 de março de 2007

viajo incógnito. de mim. como quem muda de pele e leva o olhar. percorro um vazio,
como quem sonha...

Os sinais de um retrato

A cor: a cor-vermelho-sol representa os dois estados de alma que o protagonista encarna e tem o mimetismo do ciclo da vida. São cores da manhã e cores do ocaso. A manhã representa o novo, o caminho, a descoberta; o ocaso, o fim da etapa, o cansaço, a relexão sobre o visto, o sentido, o desenhado.
O chapéu: a dualidade entre o antigo, as raízes, o passado, a memória, e o transportar dessas raízes para o sentir, para o poema do existir, desenhado no negro de Chaplin ( homem ou personagem?).
Os olhos: os olhos não o são. São olhar. São o alimento da personagem ( essência do existir, uma espécie de sol interior que aquece mas não cega. Podiam nem seque ser visíveis, porque o olhar só o é (visível e inteiro) para o próprio
O colarinho largo: é o menino em fato d’homem, é a liberdade de poder sempre crescer, até ao limite da vida ( porque tudo tem o limite do UM).
O laço: é o poema, sem versos. Podia ser uma borboleta, ou uma papolila, mas isso obrigava a muitas cores, assim fica a incógnita e a liberdade de se imaginar as cores de cada um, para a poesia de mil e um sentidos.
o sorriso: discreto, quase um beijo, representa a serenidade com que ele olha o eu, e o tudo.Esconde a irrequietude que lhe vive para além do olhar.
Finalmente o nome: (há retrato sem nome?) Jeremias ( Jeremiah no original ), porque nasceu assim, desenho e personagem de banda desenhada, anti-heroi como convém, rebelde e livre, personagem de papel em cores directas, aguarelas, quase sempre. Podia ser outro, Corto Maltese, mas isso era uma responsabilidade acima das suas próprias capacidades....

26 de março de 2007

Nos passos que fundo na terra, oiço sussurros que me olham ( divertidos?)

Tenho no jardim arvore estranha ( sonhadora?).
dá frutos em forma de pássaro e é bizarra no falar ( não assobia escondida no vento, como todas as outras que falam,
gesticula com cores que esconde nos verdes e nas sombras...)

23 de março de 2007

Hoje ando a passear os pássaros,,,andam por aí sem trela a saborear o sol e os azuis ( divertidos-de-amar) ,
Ah, como é difícil segui-los no voar, entre as asas de uma andorinha…

22 de março de 2007

receituario para um esboço de sorriso

Pequei em sete folhas caídas ( sete!
com veias de rios secos. dormiam no chão, mortas de cansaço e de verdes
). triturei-as em pó (poeira d’arvore…
plátanos? castanheiros
?).
juntei água e moldei tudo, com vermelhos, amarelos e azuis (transparentes
de vazios), depois,,,depois larguei o molde no voar ( pássaro de mim,
colibri-do-mar
)

19 de março de 2007

abro a porta de uma noite, como quem desenha um eclipse

Canso-me de escrever o escuro ( na noite da alma), pinceladas ( sórdidas) de mim, como quem se estilhaça no eu, à procura de um fim…
Ah,
esta mania de levar nos passos a alma, vai acabar no abismo-profundo-do-silêncio, pendurado na solidão de um sonho que se perdeu dos azuis voláteis…

14 de março de 2007

Sentei-me na terra, escura de sombras e de espantalhos, resguardado na luz que escapa dos orifícios dos botões,

(olhos em madrepérola-púrpura alinhavados na estopa que lhe dá a face, com cordas de harpa)

Esqueço. (Tudo). Na memória-dos-sorrisos, como quem cheira o vento e parte ( sem sentir o perigo
do desnorte)
no sentido das estrelas que embalam ( num abraço
de morte)
os pássaros que esvoaçam nas vestes ( amarelo-trigo) de um palhaço de olhos tristes. Esqueço,,,tudo…e vou descobrir os cristais que desenham as lágrimas...

13 de março de 2007

corro no vento de um sonho que se desenha em sépias, na desventura de reinventar a fronteira do abismo

e colori-lo nas sombras do abutre que paira suavemente belo nos silêncios do existir

Queria sentir ( na exaustão de mim) a intensidade do escuro, Mergulhar para além do negro e deixar-me deslizar ( qual rio) no eu que se transmuta na noite que proíbe a luz e o cio!

12 de março de 2007

as palavras choram em soluços, sem cor nem vontade. Pedaços de um nada que se engasgam na voz

as palavras,
têm silêncios de revolta.
as palavras,
estão presas em labirintos de aranha.
as palavras,
perdem-se submissas na multidão que lhes sangra os sentidos.
as palavras,
marulham como ondas num mar de vazios.
as palavras,
são terra arada num sol de sementes.
as palavras,
vão em passos perdidos do Um, em novelos de horizontes…

9 de março de 2007

Há abismos que nos empurram para a vertigem do renascer com a dor de quem suicida o olhar

Cavo ( fundo), com uma enxada que me pesa nos braços, a escuridão de uma cor envergonhada, como quem sepulta uma semente abandonada de destinos…

6 de março de 2007

5 de março de 2007

Desenho com os passos que os olhos levam, a calçada que sobe ao Chiado, onde me perco no labirinto de mim, entre livros e memórias...

Subo, lento a calçada da cidade ( em retrato a preto e branco, granulado, com reflexos a Sol),
Arrasto comigo as pedras de calcário e, subo lento, envergonhado,
cego de gente que caminha a meu lado( em silêncios áridos, calcados),
vou lento de olhar vendado, nas asas da memória que voa entra as asas de uma pomba-gaivota... Com os olhos de basalto subo, ao alto a calçada, abraçado ao vento…

2 de março de 2007

...(III)

Procuro, na cidade, um espaço de luz e gaivotas. Escolho nos passos a sombra, o silêncio, para sentir o movimento, na pele...
(respiro,
como se mergulhasse na fantasia de existir)

1 de março de 2007

..(II)

Tacteio, cego
o teu rosto,
gravo a imagem,
pele com pele, Onda de vento que aquece um suspiro…

(Por vezes, só ás vezes, paro nas palavras, na escuridão do sentir para te deixar passar sem perfume e fico ( só ás vezes) a sonhar…
Por vezes estremeço, ou esqueço o que vi e volto a acordar ( recordar?) no olhar que já vivi,
Por vezes, só por vezes, esqueço-me de ti…)

28 de fevereiro de 2007

.(I)

Um ponto, Um só ponto e eu parava, mas há em mim uma revolta de existir, de dividir, em mil cores as sombras que me acordam, Estilhaços de pó, Um atrás do outro, São o meu caminho, moldado ao vento.
Um ponto, um só. Final…

23 de fevereiro de 2007

ZECA

Simplesmente, recordo-te,
mais que o cantar,
o olhar doce de um menino-revolução,
recordo a tua figura de homem calmo que incendeia o mundo, mais que o poema,
recordo o homem que sentia a morte e se deixava ir na corrente da vida, com o coração...

"pamparariripam-pamparariripam, vamos cantar as janeiras, por esses quintais a dentro vamos, ás raparigas solteiras, pamparariripam-pamparariripam, pampampam..."

recordo o batuque dos teus olhos calmos a abalarem os alicerces do mundo e da hipocrisia, dos homens-poder,
recordo o homem-menino, mais que o poeta, mais que o trovador,
recordo o homem que se passeava em camisa de pescador e que libertava a liberdade ao som de uma guitarra-tambor…
recordo,
simplesmente o Homem…

Um abraço sentido, do zé para o Zeca*, homerm-menino que olhava a morte com a doçura de um sorriso…

*a Zeca Afonso, vinte anos depois...

22 de fevereiro de 2007

Olhei uma palavra cheia de letras vazias, soprei-a e descobri uma pequena gota de um grito seco sem som, que corria, cega para o rio…guardei-a,

sem saber o que fazer dela...

Aqueci uma lágrima em fogo de alma, encontrei-a gélida de morte, entre as asas de uma gaivota, guardei-a bem fechada na minha mão, a passear-se na linha da vida...

21 de fevereiro de 2007

voa no silêncio da musica, uma musa de asas-luz, zumbe segredos, cristais magoados, martelados nos montados.

o vento (visível)
falou-me nos olhos
e esvaziou-me de todos os passos ( que não dei…
sonho?
)
segredo que só eu sei
que não escrevi,
não desenhei ( cousa minha…
sonho?)

frágil,
sensível
vitral (invisível?)
estilhaços vagabundos,
palhaço-azul, com asas-de-bruma,
de um sonho ( impossível?)

20 de fevereiro de 2007

Insisto em ouvir o voar e fundir-me nas memórias que vou pintando devagar, sem desenho. Não é cousa de brincar…é caminho de existir...

Está um urso deitado ao sol em cinzentos nuvem…gosto de me passear em nuveares. Encontram-se todas as fantasias que os olhos desenham sem cor .
A imaginação só tem cor em reflexos, misturados nas sombras que nos falam em segredos (de memórias irrequietas).

19 de fevereiro de 2007

A musica da pele, mistura-se no odor da canela e do cachimbo-fumo, em azuis prata que inventam rumos…

Oiço os tambores que trovejam em gritos de alma,
Suspiros de sereia que se finge papoila de areia-coral,
desenhada num mural,
por um poeta-pintor que perdeu o olhar e a dor,
ao apaixonar-se, por essa flor sem corpo,
sem tons,
sem cor…
Oiço as lágrimas-da-pele, que escorrem da saliva da chuva,
nesta noite escura,
nos abismos sem sons
que os sorve,
num golo só,
o mar que a envolve…

16 de fevereiro de 2007

O sol cai muitas vezes longe do azul, grávido d’horizontes. Nesses dias a gaivota só tem poesia de cinzentos...

por vezes penso ( ou procuro?)
o que se afasta de mim nos caminhos, entre-vazios, caídos num abismo de sentires…

por vezes fujo ( ou procuro?)
sentidos, fingidos de ventos…

por vezes escavo ( ou procuro?)
a escultura de uma sombra que se perdeu, escrava de ti…

por vezes procuro
nas letras que faço, o eu que há em mim…

13 de fevereiro de 2007

assolou, em mim a estranha sensação de ter perdido o medo de cair, mas de o ter,( forte e incisivo) na vontade de me erguer...

Não sei
qual a verdade que se esconde na cal do labirinto que me sopra o vento,
se este céu que me rouba o ir,
se esta lágrima-de-chuva que me gela o sentir,
se esta andorinha que voa à procura de partir,
(Não sei porque insisto neste olhar vagabundo, como se fosse um desenho de criança por colorir…)
Ah, mas sei,
(sim sei)
o quanto vivo nesta ilusão de existir, seja qual for a verdade que descobrir…

12 de fevereiro de 2007

vezes há que partimos na incerteza de irmos, firmes, inteiros presos na magia de não sermos ninguém…

Não queria estar aqui, sentado a voar sem mim,
( resta-me um fio,
cousa leve,
tecido de seda, preso aos olhos do universo
)
mas estou, (aqui),
a varrer os fragmentos de pólen e das pétalas que partiram à deriva de mim…

8 de fevereiro de 2007

perdi o instante do tempo, ia distraído a pintar o céu de violetas. Tempestade do aqui, inteiro, sem mim…

O sol rasgou o céu e desfez-se em azuis, Só os pássaros o sentem, nos equilíbrios do vento
e as arvores, catedrais dos Deuses, fingem-se cristais, Sombras verdes a assobiar fantasias…
É assim o meu dia,
ser
na melancolia de me perder no instante que antecede o amanhecer…

7 de fevereiro de 2007

nos tempos em que sonhava ao amanhecer, ouvia os sons da alma em formas de lágrima, vezes havia, que se transformavam num violino doido,

dorido, sofrido que desenhava histórias a fingir, e eu ia, não fingindo, fugindo,,,vivê-las...

Oiço-te, Chopim, desde o longe da memória,
violinos-de-sol de um menino-endiabrado…
Oiço-te, no sonho da história,
(fantasia minha, de ontem, de hoje, do agora)
agarrado à crina de um cavalo alado…
Oiço-te, violino-monge,
de olhos alagados,
em silêncios calados…
Violino-cigano
( piano?)
enfeitiçado…
oiço-te, nos passos, dados
d’uma bailarina de pano
que dança
no acordar de uma criança…

5 de fevereiro de 2007

passeio no escuro a fantasia de ser o sol a brincar com aguarelas

Escondi a lua no olhar
e perdi-me no espelho,
a desenhar, (com o pólen,
fino
e colorido, das borboletas )
flores nocturnas ( cristais de prata)
numa noite sem estrelas....

1 de fevereiro de 2007

Por vezes perco-me quando encontro o mar. duvido tudo,,, só o som do búzio me sabe falar. Não diz, não cala, transforma-se em ar

Ah,,,fosse eu a raiva deste mar-animal
e
saberia de cor, a cor deste azul-sal
que se entranha,
estranho, no abismo que se fende
neste sonho, real
de ser nuvem-sangue,
que se passeia
cega
no areal…
( para que fique claro
e
não se duvidem das cores que pintam e dividem as palavras, o areal que se diz, está encoberto de sementes de girasol que alimentam o farol, de amarelos queimados pelas estrelas que dançam e velam lentos, quais bailarinas vestidas de lençóis, coloridas de ventos)…

31 de janeiro de 2007

Desenho em pó de giz o que o vento me diz, pigmentos em chama que se gravam na alma, incompletos, imperfeitos,,,vivos

Parei para te ver
(de fronte)
para te desenhar
(ao pormenor)...

Só me falta um traço
( num único esboço que faço)
e
cor…

Espero que a gaivota passe
e
pinto o perfume da fonte que nasce,
esculpida na alma d’uma flor…

Só me falta um passo
para dizer “amor”…

Coisa simples,
um pouco de terra,
um beijo semente
sete lágrimas ( uma de cada cor,
sem dor)
e
sol
suave, quase ternura…

Simples
esta escultura
gravada em pedra pura...

Só me falta um traço
e
cor…


:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

o Palhaço de D. Quixote foi à China e ficou de olhos em bico

29 de janeiro de 2007

Entras de noite, sem sombras, negra, escura de perfumes suaves, a abraçar-me a ilusão com se colorisses a solidão do sonho

por vezes, à noite,
no silêncios dos pássaros
vejo-te
( em passos lentos)
e
oiço-te os olhos ( de
alabastros-negro)
a cantarem,
saudade
em sussurros baços
e
beijo-te
como se fosses
verdade.

24 de janeiro de 2007

Dias lentos, que se entre laçam na pele cavando interiores,,,cavernas sem fuga

agarrei no eu, com todo o cuidado

coloquei-o de fronte
e
fitei-o…

andei por ali, ao redor, de cima para baixo
e
em sentidos contrários,

ao lado…

estava estragado…

(fundo)

e, eu, ali, a olhá-lo,,, desfocado…

( subterrâneo,,,cutâneo, defecado de mim…)

...

( defunto?)

22 de janeiro de 2007

os olhos pensam, quando cegos, desenham quando secos, só depois choram…

Transporto nos olhos uma guitarra de silêncios…



Vazios



(Cigarra nocturna,
que ara a terra ao
som de búzios,
na sombra da lua,

que erra nos rios,
cobertos de hera.)




Transporto nos olhos uma lágrima da guerra…

19 de janeiro de 2007

agarrar o dia, com dedos pinça, quase afecto, carícia e pintá-lo com pincel d’agua abraçado pelo sopro leve das asas do vento,

é brincadeira minha quando o dia nasce perdido na névoa…

acordei em dia, pintado de pedaços,
(destroços,
insangues
langues,
mornos,
distantes
),
peguei nele. embrulhei-o em papel (de Natal).
guardei-o. pendurado no nevoeiro que apareceu,
matreiro, a colorir o papel…
aguarela?
pastel?
amarelo-real, castanho-mel!

o dia voltou,,, (na noite a seguir)…

eu?
não quis ir…

preso no pólen
a desenhar borboletas
(quase cor, a girar em carrossel, sem girafas de papel)

fiquei,
estanque,
a ouvir as asas, em movimentos de pincel…
( já ouviram o que dizem as asas a voar d’uma borboleta, desenhada no pó do pólen de um nevoeiro, sorrateiro de brisas lazulis? já?
oiçam com olhar gigante! parece sereia a cantar saudades do amante, sopro de vento navegante,
reflexo,
lágrima de diamante…
)

18 de janeiro de 2007

Jogava pedras, esculpidas para o céu, e imaginava-as nuvens, quando chovia punha-me a adivinhar em cada gota, qual a minha pedra colorida

o céu iluminou-se (de noite) com pingos de luz a derreterem-se em sonhos…
descobri um, perdido,
gasto,
(era meu)
já antigo,
lembro (eu)
de o atirar para o céu
era,
(ainda)
menino,
sonho traquino que brincava divertido com um amor-pequenino…
encontrei-o,
esbatido,
pó colorido
de um sonho
(já)
vivido…

17 de janeiro de 2007

tudo o que sou está do lado de fora, em formas de tudo, Pesa o-que-o-olhar-desenha e voa com o sentir…

dentro de mim não há nada, (som cego),
oco,
eco?
sonho?
o que tenho está,
na pena-d’asa-de-uma-cotovia, (no-olhar-que-pensa)
e
cai,
quase leve,
suspensa,
no dia.

15 de janeiro de 2007

14 de janeiro de 2007

encontrei, num dia em que passeava distraído, um céu vaidoso, que se vestia todos os dias a condizer...

(irreverente, dei comigo a pregar-lhe partidas a ver se o apanhava distraído ...)

desenhei em papel incolor, uma árvore,
azul,
partitura de chopin,
em tons de piano
e
de pain...

por ali fiquei
em sentido
a aguardar
( não sei se a ouvir se a ver) o nascer do céu, curioso de lhe sentir a cor, que trazia vestido…

10 de janeiro de 2007

A guitarra toca. Toca-me em som de sombras-de-aço. Quente de lágrimas de cansaço-dedilhado, sem espaço.

tenho sede (de ser)
guitarra que grita
e
agarra,
o amanhecer...

tenho sede (de ser)
trovoada (tambor alado),
cigarra,
adereço de palhaço-calado...

sede,
demente de ser,
(só)
semente,
laço sem nó
e
nascer,
pássaro-de-pó,
inacabado…

8 de janeiro de 2007

soubera eu falar de ti, e não desta cousa presente em mim, e as letras eram perfume, e o poema era lume, soubera eu olhar para ti …

olho o céu ( sem azuis)
negro de abismos
e
imagino uma flor
( gota de sangue, espinho de dor)
rasgo as raízes de mim, pedaços sem nome (escuro)
ventos de noite (sons de coiote,
poço sem muro)
risco a noite
(cinzelada, com traços fundos)
carris ( paralelos, sem fim)…
olho o céu ( sem azuis)
e
pinto, esculpidas no vento,,, aguarelas ( despidas de mim)…
falasse eu de ti
e
o
abismo
era chão,
com perfumes de alecrim…
olho o céu
( azul)
de verão
(profundo),
botão
de rosa sem jardim, (brava)
gravada nas ondas,
inacabada
gaivota tatuada em nuvens de cetim…

5 de janeiro de 2007

olho o espelho estilhaçado, ali, além, pedaços de estanho, palhaço estranho de mim

Sou,
Jardineiro de sonhos,
pintor de bancos,
brancos,
sujos de mim,
( nuvem acre,
palhaço manco,
vestido de Arlequim)…
Sou,
Saltimbanco,
vagabundo de sargaços,
cavalo andante,
feirante
andarilho do ali…
Sou
Ventos contrários,
pedaço de ti,
migrante,
aqui!

2 de janeiro de 2007

tempestades num céu que se olha pintado de ventos

respiro a liberdade de estar aqui,
preso em ti
a colorir sonhos errantes,
(rios sem mar, nem nascentes,
águas transparentes,
sem amante)
sozinho,
nesta fantasia
de navegar na tempestade de mim...

1 de janeiro de 2007

começa aqui, neste ponto ou em qualquer outro. o que conta é o instante

o desenho do horizonte não tem fim. começa aqui
e
foge,,,libertino,
ondulado em searas-do-ali…
ah,
fosse outra a luz que voa,,,além, a brincar em mim
e
o horizonte não era assim,
era gigante no sentir,
em tons de sonhos-de-arlequim...