16 de junho de 2008

(des).existir

Desenho-te , na harmonia de uma dança , como se fosses uma borboleta-de-sons,
Desenho-te, sem lápis, sem cor, no vazio de mim…
(Só assim existes, entre o olhar e o sentir, como folha de Outono a cair…)

15 de junho de 2008

duvidas

A paisagem que invento é tão diferente daquela que me entra nos olhos e no entanto ando entre uma e outra sem saber em qual delas a cor é autentica.

11 de junho de 2008

no desenho de uma rosa

Desenhei uma Rosa, como quem respira ventos do mar
( que sentes tu quando os respiras?
Eu?
Eu sonho…
É sentir , o sonho? )

Parecia uma pomba-de-picasso,
Mas a minha,
dançava e ria,
dançava e ria
(até fugir do papel em mil acrobacias…),

desenhei uma Rosa,
quase nuvem,
quase céu,
que voava
(quase gaivota)

e ria,
ria…
Desenhei-a de uma só vez numa só linha…linda!

9 de junho de 2008

ecos?

Que solidão é esta que me entretêm a ouvir.te, a ti que te escondes em mim? que me leva a passear.te de mão dada na praia e ouvir os ecos dos teus sorrisos, em névoas de horizontes?

Que solidão é esta que me impele a agarrar a noite e pintá.la com as cores que me segredas aos olhos, cores que nunca vi?

Que solidão é esta de me ter esquecido de mim?

Ah, como eu gostava que os espíritos da memória me sussurrassem tudo o que eu sou, tintim por tintim…

(Se eu fosse futuro queria tanto ser Raízes!!!!)

8 de junho de 2008

oiço.te

Antes de terminar o amanhecer, Oiço.te, deixo.te falar, da mesma forma que consinto que a minha sombra me siga, alheia ao meu olhar.
A sombra não sente e tu és indiferente ao destino, Sei que me olhas desconfiado, Sei que não me acreditas, simplesmente porque tu és a ilusão-do-vento-que-se-recusa-a-sonhar…sei que sou apenas o que resta da sombra e que a sombra é o que sobra do sentir , A cor, essa tenho.a guardada no Ver e alimenta.me a esperança de ser mais
(autentico?)
do que me vejo no sonho.
Oiço.te antes que a manhã se desvaneça no mar para não me enganar nos futuros…

6 de junho de 2008

não resisti

des.encontros

De vez em vez espreitas-me
( interrogas-me?)
como se fosse eu a criança, mas escusas de te rir assim
(que nem mil-meninos-a-brincar-à-cabra-cega),
Escusas de correr atrás de mim, como sombra-colorida-do-saltimbanco-arlequim, Eu estou aqui e tu aí, nada de confusões, não me impinjas o tempo que não vivi, não te coles a mim, Podes ficar aí, a olhar-me que não me assustas, podes mesmo ficar aí para sempre a assobiar que nem um pastor-de-primaveras, eu vou agarrar num seixo redondo e fazê-lo saltar no rio como se soprasse a saudade de Ver o reflexo dos teus olhos, Vou por aí sem vontade de voltar, a rir, a rir de mim, não das brincadeiras que perdi, não dos sorrisos que escondi, Agora tudo é meu, Podes ficar aí, Sim podes adormecer ou lançar o pião, sonhar ou sujares-te todo no chão, podes até montares o cavalo de madeira e ires também Tu por aí, leva tudo, tudo, mas não me empurres assim!

4 de junho de 2008

no retomar dos passos

Retomo o Tempo, como quem olha sem fuga o instante.

O instante ( momento em que o presente devora o futuro) é uma “partícula-do-tempo” que é simultânea em qualquer ponto do Universo…
Dois instantes consecutivos de tempo é que diferem, ao ponto de se tornarem únicos…


Imagina-te um ponto!

Um ponto é sempre centro, e nele ( rodando) consegues Ver tudo! Mas sempre que rodas só alcanças um instante de cada vez…
Se saíres do centro, consegues Ver todos os instantes, num só! De uma só Vez!
No entanto, levaste o ponto contigo ( perdeste o Centro!)…

É nessa deslocação de pontos, de instantes e de acasos que constróis o teu caminho…

in "apontamentos para um manual da serenidade" ou como devemos estar sempre disponiveis para nos diluirmos na harmonia de sermos em simultaneo, infinitamente grandes e pequenos, sem nunca perdermos o UM que nos une os instantes...




( rodar = circular = viver)

28 de abril de 2008

nos (a)braços do tempo


No desenho não há arte,
( a arte está no tempo)

a linha esconde a ansiedade do sentir
e é ele
( tempo)

que a desenrola no papel e na cor…
O desenho, é assim
( nos meus olhos de hoje)

uma lágrima que se esculpiu em poema
e fugiu
(ao poeta)

para ele se libertar da cor que lhe estrangula o respirar e o ver...
( dor?)
Essa fuga,
essa lágrima,
esse desenho,
é construído nas linhas do tempo,
( abismo?)
pois só ele sabe transformar o caminho em cor…
tudo o que se vê no desenho,
mesmo que incolor,
é puro sentir
( amor?)

20 de abril de 2008

sem tela

Nos braços-sombra
( de uma árvore-anjo)
desenho,
( sem tela)
uma linha comprida
( sem centro)
paralela…
( entre mim e ela)
Em cada um dos pontos
( passos? estrelas?)

vai um barco-á-vela…

Adormeço
( quase menino, quase índio)
empoleirado,
divertido,
na linha ténue que me separa do sonho de dormitar nos braços dela…

Subo com o vento
( gaivota?)
ao ramo mais alto
( sem volta)

e salto…
( é arvore-anjo que importa se caio …)
voo,
na linha que desenho
(paralela)
entre mim e o deserto…

Lá no longe, está ela
( índia? cigana? )
a colorir o quadro sem tela…

15 de abril de 2008

por dentro

Procura te no abismo, Deambula no nada e lá redescobre o equilíbrio !

In “ apontamentos para um manual da serenidade", ou como, quando confrontados com o abismo, somos levados pelos ventos-da-alma, a reinventar o horizonte-do-olhar

13 de abril de 2008

re-escrever

disperso,
cada letra
( uma a uma)
para reinventar a palavra
disseco o som-da-morte-à-espera-do-sol-e-da-semente
e desenho
raízes…
oiço cada uma
( palavra)

árvore invertida a desfazer-se no rio,
( rio-me)

a névoa grita-me, a crepitar palavras-palhaço
( aflita)

e pinto-me
( de novo...)

12 de abril de 2008

o esquiço da tristeza

Fecho os olhos à procura de luz,
(vasculho o vazio,
a bruma,
a névoa…)
numa viagem ao mais autentico que tem o interior de uma lágrima
(chovem aguarelas, do esquiço profundo de mim…)

…é assim a tristeza…
(sussurra o eco de Ti)

8 de abril de 2008

preencher vazios

Percorro-me com a lentidão dos passos e dos olhos, e vejo cada um de mim,
fragmentos inteiros de cor...
Reflexos brancos,
Vazios…

É o sorriso
(de me saber cada um)
que me desenha a sombra…

1 de abril de 2008

de que lado do corpo?

Descansei os olhos e o corpo,
como quem se senta ao lado do sonho,
sem conversa nem olhar,
até sentir a seiva da sombra a tingia-se do meu sangue, No fim

( no mar?),
espreitei,
como quem desenha

( só para si)
a “alma-do-corpo”*
e procura o verbo amar…

_________________________________________________

*“Alma-do-corpo”, foi-me dito

( escrito)
por zabel,

(ao canto de um livro),
é diferente do "corpo-da-alma", mas eu ando confuso entre os lados do corpo em que coloque a alma e nem a arvore me disse, nem a sombra me sussurrou, porque anda por aí a minha alma, sem lado reservado no corpo?…terá ficado nas raízes da árvore? No horizonte do sonho?

27 de março de 2008

o salto

Distrai-me! Acordei com os olhos-do-amanhã…
( logo eu,
que ando sempre perdido no tempo e nas desmemorias,
a saltitar qual acrobata em fio de cetim)
Surpreso, dei comigo a viver o que não me pertencia, mas a nuvem que me levou,
luzia,
( azuis-de-mim)

Se a não seguisse, perdia-me…

Ah, como é bom sentir-me no quadro,
pintado de Arlequim!

Decidi! Fico aqui!
( nem perto , nem longe,,,,Aqui! Sem Hoje!)

24 de março de 2008

ilha ( moçambique)

O som da memória,,,canta-me

( histórias?
Ao longe…violinos-de-chopim…)
fragmentos,
pequenas estrelas,
filamentos de prata,
preta,
branca,

Em terras-do-indico…

Há um mar à janela,
(Oiço?
De longe…flautas de pan…)

e velas
(Açafrão, caril?)
na Estrela do sul,
( ilha?)

AZUL!

19 de março de 2008

no desenho do tempo

O vento, é o meu silêncio a acordar-me
e eu,
vou com ele, libertino a navegar,
( devagar…)
entre o eco…
( o eco, sou eu a falar?
É a minha memória a desenhar?
É o reflexo de uma bailarina cigana que passou por aí sem me olhar nem sorrir, a luzir numa lágrima de árvore que se despenteia ao luar?)

Oiço-te,
( canta,,,? A memória do tempo?)
e pinto-te. Real
( como uma águia,,, A voar…)

16 de março de 2008

searas

ceifo, searas-de-sonhos,
decepo-os, disseco-os e ato-os,
em laçadas-de-sol…
(ilusão?)

incomodam-me
(vestidos de cores que me enfeitiçam e me sopram ventos-do-ali…)

ceifo-os
com foice-lágrima e mergulho-os em mim,
( de raiva)

só o índio-de-cabelo-azul,,, persiste,
só a gaivota,,,existe…
(a criança ri!)

e o cavalo?
e o cavalo?

( foge

em galope

op-op...

crina-de-porcelana,
branca,

sonho?

de madeira, veloz de
ventos...

op-op

alísios?)

e eu?
e eu?
papagaio de papel a voar…
ceifo, o cordel
seiva-de-mim
a vaguear…

10 de março de 2008

silêncios ao fundo, diluidos...( esquecidos?)

Mastigo o silêncio no palato-mortalha de mim,

oiço os caniços e o vento,
(como um marinheiro que procura a estrela, para lá do fim…)

escuto a guitarra-cigarra-que chora,
Cidade-véu que me atordoa e me engole sem fado...
( susurrando baixinho,
vai e-m-b-o-r-a . . .)

Homem alado, perdido na ilusão
de não ser Homem-multidão...

O silêncio rói
e o que sinto,
( trovão)
espraia-se diluído no infinito,
como um búzio esquecido
no eco de mim...

17 de fevereiro de 2008

desenho de um menino-a-chorar

Desenho um oásis de sangue,

Púrpura
Sem azuis-de-areia-que-arde-de febres-e-de-sedes…
Só o vento vive
bebo-lhe as lágrimas, repiro-lhe o mar,
e voo ,
raso na sombra,
à procura do que fugiu de mim a sangrar…

10 de fevereiro de 2008

palavras, soltas

Prego as palavras, ao céu
uma a uma
desordenadas
( como as estrelas)
não cintilam,
derretem
aos pingos
letra-a-letra

( o céu é uma árvore de palavras por escrever,
os sonhos, os seu ramos,
as estrelas , os olhos!)
fecho-me no quarto. só.
cada palavra que me foge, é um janela,
em cada uma
(estrela?)
há um mundo inteiro que me atropela e que se diverte a esculpir-me…
Sou estátua de palavras…


( segredadas ás estrelas que tocam violinos , guardadas nos búzios
que marulham nos reflexos da lua…)

sombras

Abracei-me à sombra da árvore,
a ouvir o tempo...
como se chovessem dentro dos olhos, gotas de silêncios…

9 de fevereiro de 2008

desenho?

Escrevo,
o teu seio
(sem desenho, traço ou cor…)

estilhaçado nos sentidos,
perdido na teia que tece o desejo,
( dor?)

é tudo o que me sobeja
do teu seio
que escrevo no silêncio de um beijo…

4 de fevereiro de 2008

Iludir a noite

Sento-me,
na solidão da tarde
a imaginar o sol..


Ambos,
Longe
A tarde e o sol…
Entre mim e o sol há uma noite...


( semente ?)

que canta
sem acordar,
entrelaçada no tempo e no vazio…

(Chovem voos de gaivotas de uma nuvem de cristais…)
Deixo-me gravar , pesado na areia
a imitar os dias que sonhei
a ouvir destinos-sem-ida ...

porque estou ali?

(Não sei! Tu, sabes? )
Estás a respirar o tempo,
embriagado no acreditar que vais,,, abraçado à vida!

31 de janeiro de 2008

Se voasse, não feria o mar

A morte é um eco a espreitar ao longe
( é a nossa própria voz a perder memórias, num gemido esquecido que nos
abraça os silêncios…)
Repete-se
escondido
a esvoaçar, deselegante nos vazios
( como o voo do morcego)
Por vezes vou com o eco de um navio-sem-velas-a-ferir-o-mar…
Se voasse,
podia ir, sem o ferir, sem o sangrar de sal,
como uma onda perfeita,
a espreguiçar-se de horizontes,
ao sol…

“quando morreres pede que te fechem os olhos, para te veres na vida, todo
por dentro”
Disse-me uma gaivota que se balouçava na onda e no vento…




(ou seria o eco?)

28 de janeiro de 2008

arvore de mim

Tenho esta mania
( louca?)
de me ouvir através das árvores

( O eco, da sombra?)
Só no embondeiro me sou autentico,

( mistura de terra e semente a abraçar o sol?)
Sou uma gota

( lágrima?)
Que bebe a terra em suor, com sedes de tempo, a crispar o fogo das memórias

( como um búzio perdido na areia a esconder os suspiros do mar…)

Oiço-te

(Árvore de luares ocultos?)

Eco…

( vultos?)

Oiço-me silêncios…

…têm sombra os sons do meu respirar….

24 de janeiro de 2008

uma primavera noctívaga, em tons de inverno

Amanheci pastor-de-estrelas-e-de-cores,
a ordenhar uma estrela.
Tinha a paleta vazia, enlutada de trevas-da-noite…
( no Inverno tudo é cinzento e as cores secam por chorar quimeras…)
Sonhei com uma noite de primavera , onde as cores se abraçavam em odores,
eu
pintava cada um deles, numa tela de flores…

chove-me a negritude da alma e eu ali,
pastor
a passear sibilos de andorinhas, numa noite escura sem cor...

20 de janeiro de 2008

escalada

subo a pulso-de-olhos
o fio, ténue da aranha que se estende ao fim-do-céu

pesa-me o olhar
e quebro o infinito
que se esvai do eu para o abismo


só o sol brilha, e reflecte-se na teia
( na vida?)
eu, caí da memória, como se voasse nas assas de uma gaivota-de-audouin,
longe de mim…




(A gaivota de Audouin é uma espécie confinada ao Mediterrâneo, que entrou nas palavras sem pedir licença, agarrou em mim e levou-me…)

19 de janeiro de 2008

esculpir um segredo

Tenho um mistério para esculpir, fugido para além da esfera armilar ,
Esconde-se aquém de mim,
Ali,
entre a nuvem e o luar

( só o vazio não tem sombra…
Sussurra-me o vento , entre o voar da gaivota...)
É esse o teu mistério? A tua quimera? o teu segredo?

O mistério que me foge do desenho, é o ponto por onde esquiço o caminho, entre o vazio e a sombra.
Um ponto,
só,
sem regra de oiro, sem matemática, sem nada.

( sou escultor do ar…

sussurro-me eu, que já não sei o que sou, perdido no ponto,
sem saber se cheguei, ou se parti...
)

Não é a fantasia tão só isso, uma escultura de ar?
Não é o pensamento ou o sonho, não mais do que isso, um esquiço de ar?
Não é a vida, mais do que sucessivos respirares?
Tenho um mistério para moldar, que me estilhaça o olhar …

11 de janeiro de 2008

(in) definições

Sei,
com a convicção de um instante,
(Como é efémero um instante, no entanto é com a soma deles que se constrói o eterno…)
Que mania a tua de te interromperes, de saltares de uma coisa para a outra…
Sei, com a convicção de um instante,

(Do instante, porque a verdade passa-nos a correr como que a fugir e quando a queremos fixar já lá vai longe… é doida a verdade… só quando se cansa a apanhamos…)

Desculpa…eu continuo…
Sei, hoje que
( assim é melhor, é neutro, não tem interrogações existenciais…)
isto está difícil…
Dizia eu,
... o que me distingue dos outros animais, não são as palavras, nem a fala, tão pouco o pensamento
( mesmo que desordenado e irrequieto),
mas a forma como transformo o olhar em sentir…

5 de janeiro de 2008

no desenho de um labirinto

Tenho o coração forrado de vazios, a jorrar cores no infinito,
como um labirinto que se espraia na foz de um rio, a fingir-se horizonte…
O coração queima em combustão lenta,
o tempo e quimeras,
em pingos de areia que desenham dunas e desertos...

3 de janeiro de 2008

cigana?

Deixa fluir o cabelo pelo teu corpo,
a desnudar-te,
a alma…

( estás tão bela assim!

Desenhada em sorriso púrpura nas sombras da minha noite… )

2 de janeiro de 2008


no silêncio da sombra
janeiro 2008
Posted by Picasa

palavras-lágrima

Escondo a angustia nas lágrimas que seco, no abafo dos ruídos da vida,
e olho ( ME)
( retrato-vazio-na-ausência-de-um-rio-de-desaguações-infantis)
Só o som existe
sem estética,
( imoral)
sem vento…
( que pena!)
que me liberte do sal!

22 de dezembro de 2007

desencontros numa esquina qualquer

Dei comigo, entre a esquina do horizonte, a correr sujo de sonhos e de tempo, como quem se desencontra com a sombra e se lembra de a colorir.

27 de novembro de 2007

O “sky line”* de um dialogo intimo

As nuvens dedilham o céu com gotas de chuva, Negras, a dissolverem-se em sombra
(Só a gaivota,
branca,
lembra azuis…)

Porque me olhas?
Porque me roubas o voar e cobiças o ir?

( porque me trás o vento as vozes da gaivota que fugiu de mim?)

Como pinto o odor da chuva na terra?


Fecho os olhos e bebo-a
( a gaivota?
a chuva?
a nuvem!)
em cálices de onda e espuma!




*Desculpem o palavrão, mas tenho passado algumas horas com arquitectos!!!!

25 de novembro de 2007

In( definições)

O que escrevo com palavras é desenho!
Um retrato do instante, do Momento que arrasta ( sem esforço ) as sombras e as cores do que sou!
( digo-o com a convicção de me rever tal qual
no que digo e no
que escrevo)…

.
.
.
.
.
.
Mas tenho duvida, porque não há desenho sem linha e linha implica fronteira, mesmo que não lhe alcance ( no toque ou na vista) o fim
e o que escrevo insiste em voar para lá do horizonte...
.
.
.
.
.
.
Desenho ou não, tudo o que escrevo desenha-se...
O que me foge no olhar não é senão desenho!
.
.
.
Vês o desenho?
.
.
.
Sentes a cor?
.
.
.
.
.
Eh tu aí? ….estás a sonhar?
( é sonho o desenho?
é Caminho?
Se o sentes é!)

18 de novembro de 2007

feitiços?

Olho-te

( persegue-me nos passos o que me vai nos olhos,,,não a palavra, mas o Ver, colado à pele e ao sentir…)
Olho-te,

( como quem imagina estórias e
vidas… )

menina

( não consigo, mesmo que mergulhe no escuro, senão ver-te menina, cabelos livres no medo de seres criança a sorrir fora das lágrimas, indiferente aos tempos que se cruzam entre caminhos...)
e não és outra que menina a brincar nos feitiços, a fugir deles, a perseguir um carrinho de linhas vivo, carrinho brinquedo-alado a saltitar vidas e a desenrolar-se de azuis

( era azul a linha que te costurava os sonhos)
a fugir pelos horizontes a perder de vista,
e tu

( agora?)
mulher-menina a fugir no fingir de medos…
Olho-te e vejo-te mulher, já não menina a respirar inquietudes e cumplicidades.
Tu e eu, autênticos um e outro, meninos, ambos a desenhar azuis, e o carrinho de linhas a fugir por ruas e de nós, como quem voa sozinho, agarrados ao que fomos e já não vemos...
( ou já não somos?)

17 de novembro de 2007

Sonham os pássaros?

Retomo a folha branca de papel de água. Usada de silêncios…
Olho-a em sorrisos lentos, como quem sopra pólenes coloridos.
Afago-a com sonhos-de-pássaro-adormecido-nos-ocasos-quentes…

( afagos de olhos, nos olhos…
já lhe imaginaram o brilho? Quantas cores se escondem num brilho de tal desvelo? Já deram conta que cada uma das cores que se escapa tem a medida e o peso exacto de um beijo? Pesa um beijo de olhos? Pesa?


Sentes?)…

sonham os pássaros?

(Ao fundo,
Fumos de Inverno, retratos vazios. Opacos…
No Fundo,
Homens voláteis, em cinzentos queimados…)

Respiro memórias, gaivotas

( feiticeiras?
Há um calor suave de verdades em tudo isto, como se a primavera se escondesse entre as folhas de Outono, a suspirar mistérios)

Desenho-te os gestos, como bailados de neves rubras

Têm cores , os gestos?

É incrível esta Tua capacidade de te esconderes permanentemente a espreitares para de lá do olhar, Só para me colorir e aquecer os sorrisos-de-memórias...

( é a recordação uma verdade?)

...como aquele desenho que te pintei com a cor das nuvens…lembras-te? Éramos nós dois.
Sós,
no cordel de um pião a desenhar destinos…lembras-te?

Retomo a folha branca, esquecida de pó…

(Sonham os pássaros? )

no ante-escuro
ponte-praça
Aveiro
Novembro 2007

16 de novembro de 2007

15 de novembro de 2007

13 de novembro de 2007

Segredos ( ecos? verdades?ou um dialogo com o só?)

Oiço-te no sonho,,,sombra alada e enlaço-me no vazio, ébrio de cor.

(saltimbanco, arlequim, quadro, desenho, parede, relógio, campânula de cristal, cavalo-branco, tapete....és tu Mestre?)

Oiço-te menino,a chamar por mim,
( em memória?
Não! Tu estás aí, eu é que longe.
Quem anda no longe anda perdido no aqui)
e tu, ouves-me? Sentes-me? Oiço-te no sonho e pinto-te em cores de sol e jasmim … estátua afinal. Forma real da ilusão de mim.


Ao fundo , no escuro o quadro e o Mestre, que o desenha , eu ao fim no escuro, invento, quase no desequilíbrio para de lá da lua,
o vento.
Tudo o resto não existe.
Só me resta o caminho, e o deslaço de ser tudo isto,


(eco dos passos! )


Oiço-te,




Ao longe, na praia salpicada de búzios,


o farol a imitar as noites,



a andorinha-gaivota a pintar o horizonte,
oiço-te,





Só o eco persiste... (Afinal não somos mais que os passos que fogem do passado iludidos nos sonhos e dos sons que nos habitam a alma…)

9 de novembro de 2007

duvidas, ou novamente a procura? ( ou o acaso?)

Enquanto as noites se alongam na inquietude, e os olhos se adensam de duvidas, umas tornam-se mais difusas, quase verdades, e outras endoidecem-nos num bailado intermitente, quase desfocando o limiar da angustia, perseguindo-nos e incitando-nos a uma permanente procura, como peixe que faltando-lhe o ar na agua, o procura nos céus.

Não é estranha, para mim a pergunta final, aquela que nos daria o sentido de existirmos, aquela que nos iluminaria sobre a nossa missão, a nossa função neste embaralhado de labirintos e de destinos ( aos quais eu insisto em chamar de acasos).

Numa das minhas caminhadas entre silêncios e chaparros, entre cigarras e papoilas, lá para os lados do Sorraia,
( como se fosse importante o ponto, a cruz da latitude e longitude do lugar…) ,
dei com os olhos numa colmeia, pendurada e escondida num enrugado sobreiro.
Detive-me, não de admiração, mas porque no ponto de fuga, avistei um povoado no longe.

Na linha que unia a colmeia e a casa, uma recta e na recta a duvida!

O que nos leva, a nós humanos a considerar uma colmeia um elemento natural e uma aldeia, ou uma casa um elemento estranho à Natureza?
Porque é que uma represa de castores surge no nosso imaginário como parte natural de um sistema e uma barragem se torna tão incisiva na alteração do meio?
Em que difere efectivamente um ninho de cegonha de uma das nossas casas?
Se não duvidamos nós , humanos de sermos produto de uma evolução natural das espécies, porque consideramos então que o produto da nossa inteligência é cousa artificial? ( porque nos sentimos superiores ao Natural?)
Não há (hoje) duvidas que a espécie humana alterou o sistema e que nós humanidade produzimos alterações que afectam o equilíbrio , Como também não temos duvidas que a Natureza procura inevitávelmente o equilibrio.

O que me pergunto é: a que equilíbrio nos vai levar a Natureza, após este desequilíbrio provocado por um dos seus elementos ?
Terá a extinção dos Dinossauros sido provocada pela sua supremacia?
Não terá sido a supremacia natural dessa espécie que provocou o desequilíbrio? ( ou o acaso?)
Não terá sido a procura desse equilíbrio que originou as condições que possibilitaram o aparecimento do Homem? ( ou o acaso?)
O que originará este próximo equilíbrio?
Serão estes desequilíbrios programados?
Produzindo a supremacia de uma espécie, um desequilíbrio, será que qualquer supremacia provoca a sua proporia extinção? ( a História Humana está recheada de sucessivos impérios….decadentes)
Terá afinal a nossa inteligência um fim comum que culminará na nossa própria extinção?
Teremos de facto Livre-arbítrio, ou a nossa função encontra-se perfeitamente definida, programada e direccionada para a extinção de forma a provocar o equilíbrio, ou o desequilíbrio?
Será esse o nosso desígnio colectivo? Ou o nosso desígnio colectivo é atingirmos a nossa não-supermacia , condição única de sobrevivência?

Sento-me, debaixo da sombra do sobreiro e sinto que naquele instante todo o meu caminho me leva ali, única e exclusivamente para ouvir o vento…( ou o acaso?)

7 de novembro de 2007

procuro

Procuro rotinas, pequenos gestos perdidos, odores, cores, sombras, recantos,
( abismos?)
Procuro no escuro, os passos, os ecos, os afectos, os recatos, os poléns,
( memórias?)
Procuro como quem voa nos alísios, Búzios
( sempre eles,
a marulhar, suspiros).

Só,
num turbilhão de acasos,
vou ,
inseguro, inquieto por travessas, travesso,
por ali.

É este o desenho dos laços que me atam no desacato de mim.
Livre?
Sim !
(Parti de Ti, linha sem começo nem fim...)
Procuro o espaço, o ponto, O centro, dos passos,
sem compasso,

sem norte…









Há liberdade sem passos? Sem morte?


(Procuro rotinas,


à sorte…

e vou,

por aí….)

29 de outubro de 2007









ecos celtas
Grupo de Gaiteiros - Popularis
Feira Mediaval de S. Silvestre
Coimbra
Outubro 2007





23 de outubro de 2007

desencontros

O pior dos desencontros, é encarar o nosso eu, fragmentado em estilhaços de imagens sem sentido,
a viver,
não na memória
mas nos gestos ( sem mim)…
Passeio-me a sonambular, sem sol nem sombra, por aí…
Fantasma?
(Esponja que me suga as cores,,,e lastra os passos,
Irreal…)

Isto de me sentir espantalho de mim, é loucura a pingar quadros de Dali…







ah,
soubesse eu sair de dentro de mim…e não seria este mar sem sal



( vórtice?

fim?)

15 de outubro de 2007

brisas, (ou buzios a segredar caminhos?...destinos? indistintos?)

O horizonte ondulou-se de brisa …

Eu ,
ali ,
no centro de nada,
cristal de sal a vaguear de olhos…

(homem ou gaivota? )








Vento!

( seja o que for, navego entre horizontes, mergulhado em mim…)

9 de outubro de 2007

simples, como todas

Desenhei uma cruz, ( a Cruz-do-Homem)
simples ( como todas)
Só,
uma cruz, sem homem, sem nada…





( não há vida inteira que caiba
no contar das lágrimas que se escondem no desenho de uma cruz,
e no entanto bastam dois traços para Ser um ponto,
perdido,
no nada…)

7 de outubro de 2007


...eles não sabem, nem sonham...(II)
saltimbancos de Ceira
Feira medieval de São Silvestre
Coimbra
Outubro 2007

"eles não sabem nem sonham..."
saltimbancos de Ceira
Feira Medieval de S. Silvestre
Coimbra
Outubro de 2007

a espera do sonho
Jograis - feira medieval
( saltimbancos de Ceira)
São Silvestre
Coimbra
Outubro 2007

retrato

Uma pedra que voa,









( retrato do eu, iludido-de-liberdade,,, Ela não está na pedra que atrai-o-chão e a queda, está no olhar de criança que a leva,,, embrulhada em verdade...)

28 de setembro de 2007

Serenidades, sem memória

Sei, ( com a convicção de me saber um ponto ínfimo escondido numa infinita folha de papel,
branca)
que andei por aí misturado na terra;
Que vagueei pelo longe, dissolvido no sal de uma onda de mar;
Que voei, preso nas penas de uma gaivota,
mas,
agora,
no hoje que me atropela o ir
estou aqui sentado, sem memória de mim,
a pensar….





( saber com convicção é pura imaginação)

24 de setembro de 2007

outras cores,,,no céu

Hoje, o céu não tinha estrelas mas búzios-encantados a olhar,
( daqueles que cantam cousas outras para além do mar)
Na noite,
fingiam sons de embalar,
(eram as ondas a chorar...)






já lhe imaginaram a cor?

23 de setembro de 2007

quedas

caiu uma folha,
(morta?),,,colorida,
semente-lágrima
de vida.
reza em vão
marulhos de uma oração,
de um ciclo que não finda…
caiu uma folha,
mão-arado,
sangrada por chuva-dorida,
caiu uma folha
sozinha,,,no chão…

17 de setembro de 2007

o desenho da imaginação

Desenhar uma estrela
( nossa)
é cousa solene…
(Importante, diria! Caso alguém me ouvisse)
escolher o pedaço do céu para a colocar é tarefa dos Deuses, por isso desenho-a na imaginação
( aquele espaço ora nítido ora sombrio que nos habita entre os olhos e a fantasia )
e todos os dias tenho uma estrela nova, seja qual for o lado do céu que me olha

5 de setembro de 2007

limites

No limite ( no nosso ? no do universo? ) há sempre uma porta que se abre…nem que seja para olhar…

In “ apontamentos para um manual da serenidade ( sem autor)” , ou como mesmo depois do ultimo passo, há sempre caminho…

3 de setembro de 2007

na sombra da minha árvore

Sentei-me a teu lado. A sentir-te. Ouvi-te a seiva a passear-se na sombra do vento. Abraçaste-me entre suspiros. Querias viajar, disseste-me. Ofereceste-me uma das tuas folhas e levei-a como se te transportasse inteira. Nunca te conheci criança, mas lembro-me das tardes de sol em que nos riamos os dois, como se o mundo só existisse para nós. Hoje senti-te cansada de angústias. Amanhã conto-te a viagem. Vou levar-te a ver o Mar, onde não há sombras. Vais gostar. Acredita. Lá os pássaros são brancos e o vento é salgado e nós ouvimos o sonho para de lá dos búzios…

29 de agosto de 2007

as cores do fim do dia

Hoje , ( no fim do dia) o céu diluiu-se num violeta escuro de tempestade. ( e o sol a sorri-se, escondido a misturar as cores , divertido…)

linhas de fuga

Gosto de desenhar o horizonte (fetiche meu!).
Quando o desenho (ou pinto) aproximo-me do Universo e oiço-o… ( é como olhar o céu, mas dentro do sonho… como se ele, sonho se escondesse do lado de lá, a fugir-me do Eu-inteiro!)

27 de agosto de 2007

ainda o acaso

O estado puro não pode coexistir com a esterilidade, estado puro implica harmonia, equilíbrio, estabilidade… Na esterilidade, ( como no vazio) o acaso torna-se improvável e sem ele nada se move…
In "apontamentos para um manual da serenidade" ( sem autor ), ou como os nossos passos devem procurar o equilíbrio na liberdade e para que esta seja pura, deve-se pintar de Universo…

22 de agosto de 2007

21 de agosto de 2007

o fascínio dos acasos

Acordei, crédulo que as palavras têm vida própria. Entram em nós ( na inquietude?) e tomam formas endiabradas sem pedirem licença.
Aparecem e desaparecem num jogo de escondidas em que o prémio é o horizonte-da-memória...
Assim não fosse e eu lembrar-me-ia de todas.
Por vezes mostram-se, passeiam na alma e depois desaparecem...não há esforço nem vontade que as acorde e as traga de volta.
Hoje surgiram-me ( do nada?) umas que andavam por aí em salpicos, a insinuarem-se até que se desenrolaram na desinquietação das sombras de uma verdade...

...o acaso é o sorriso de Deus e a essência da vida...o teu corpo é noventa por cento água e a tua vida noventa por cento de acasos...

17 de agosto de 2007

uma a uma

Percorro a curva do rio, com a lentidão dos olhos. Respiro-o. Sinto-lhe as cores. Uma a uma. Azuis. Todas.
Vagabundo-me, no longe ( é longe o passado?). As memórias são as minhas cores. Azuis. Todas...

16 de agosto de 2007

uma cávena ( vazia?) de palavras...

Fugiram-me as palavras ( ou as memórias?) aterrorizadas de serem “sentires vagabundos” melancólicos e mal tratados. Esvaziaram-se de sons, desavindas comigo ( ou eu com elas?). Zangadas ou não, mergulhei no poço, (descalço e nu de negritudes) e repesquei-as uma a uma, num puzzle desconexo, (retrato fiel do meu desencontro com o vazio e a vida) e soprei-lhes sussurros de perdão por inauditos mal tratos. Disseram-me depois ( à noite, entre estrelas e nuvens) que as não maltratei a elas mas a mim, porque isto de andar sempre vazio e sem rumo era coisa de louco ( ou de cobarde?), qual marinheiro de agua doce que se inventa em tempestades e aventuras que só o poeta sabe desenhar como reais.
Acordei ( ou dessonhei?) com a disposição clara de voltar ao convívio com as palavras e o desenho, (forma egoísta de não permitir a passagem o tempo e de me embriagar com o vento ou o mar e sentir-me, eu, igual a mim, num reflexo sem espelhos...)
O desencontro ( ou a paragem?) não me favoreceu, pois o tempo passou e eu não! Desperdício puro de uma lágrima que me era destinada para a vida e que deixei fluir sem lhe sentir cor, nem de saciar as sedes.
Disse-me o mestre que é preciso acordar vazio em cada amanhecer, para que o tempo caiba por inteiro no dia que nos calhou para descobrir e de nos maravilharmos em permanecia em consequência de irmos de OLHOS, mas o vazio que me entrou, sem a companhia suave das palavras que se sopram irrequietas foi outro, mais negro, mais pesado e usado de angústia.
Este que se me colou hoje no acordar, era esse outro vazio que o mestre nos disse em murmurejo sábio e sorriso matreiro, como quem diz uma verdade que só pode ser ser desnudada por cada um...
Fui á procura da minha, por isso voltei ao caminho e ás palavras que são quem o desenha...

7 de agosto de 2007